Climatinê: O Espetacular Homem Aranha por R2D2

Ou como Sam Raimi e Tobey Maguire estão morrendo de inveja.

SPOILERS ABAIXO.

                                          
O Espetacular Homem Aranha é desde o seu lançamento, polêmico. Existem fãs estrilando por causa do filme e existem aqueles que o classificam como Espetacular, mesmo! Faço parte do segundo pelotão. São várias as razões pra acharmos esse o melhor filme do "amigão da vizinhança" já feito. A começar pelo elenco escolhido pelo competente Marc Webb. Esqueçam Tobey Maguire. Por mais laureado com indicações ao Oscar que seja, o "ex" Aranha perdeu a mão da atuação ao longo da franquia.  Andrew Garfield personifica com exatidão o herói das Hq's. Seja pelo biotipo, pela cara de nerd palerma ou pela boa dose de química que rolou entre ele e Emma Stone. Para ela, alias, um parágrafo. Ao escolher recontar a história do início, Webb opta por Gwen Stacy no lugar de Mary Jane. E acerta em cheio. Primeiro ao deixar de lado a personalidade fraca, sem sal, indecisa da jovem namorada de Peter. A contraparte cinematográfica é independente, meio rebelde, pró ativa. Lembra até uma certa ruiva inesquecível. De todo modo faz-se justiça com uma personagem importantíssima na mitologia aracnídea, dando a ela a primazia que é sua por direito. Com Martin Sheen a escolha é mais que acertada, é perfeita. Ele é Tio Ben,e pronto. O único senão da escolha é sem dúvida Sally Field. Seus anos como Nora Walker de Brothers and Sisters a deixou com atuação viciada.Podemos ver o mesmo festival de caras e bocas tão usuais na série da Universal.Rhys Ifans, o doutor Curt Connors/Lagarto também tem atuação digna de elogio.

                                                        "Nos quadrinhos você não era assim saidinha..."


O filme começa com um episódio que deixa qualquer fã das antigas dos quadrinhos aracnídeos desconfiados. O nebuloso desaparecimento dos pais de Peter Parker. Agentes secretos? Espiões? Cientistas? Terroristas? Tanto a versão tradicional do herói quanto a Ultimate tentaram resolver sem sucesso essa equação. Alias,é uma equação que faz com que Peter conheça seu futuro inimigo, o doutor Curt Connors. Ao encontrar antigas anotações do pai, Peter vai (impelido por Tio Ben) em busca do antigo amigo dele, que trabalha, vejam só, na Oscorp, de Norman Osborn ( já dando um gancho para o próximo filme, talvez). Lá acaba descobrindo que sua colega de sala, e alvo de paixão platônica, Gwen Stacy, é a chefe dos super estagiários do obcecado doutor( forçado,eu sei. Gwen nunca foi genial). É nesse ambiente, em meio a troca de olhares bobos, que Peter é picado pela aranha. No metrô já manifesta seus poderes pela primeira vez. Em meio a tudo isso, Webb aposta no desenvolvimento das relações de Peter. Seja com Flash Thompson ( agora sim, loiro e atleta, como nas Hq's) seja com seu tio Ben, seu "bom pai". Embora busque informações sobre seu pai biológico ( quem não faria isso no lugar dele?) Peter sabe que aquele homem o criou. É ele que ele deseja ter como referência. Sua morte, atualizada, mas ainda assim impactante, leva Peter a perceber que estava perdendo a oportunidade de "fazer o bem".Talvez por isso sua relação com Connors também seja para substituir o que perdeu com 6 anos e agora, adolescente. Mas é nos altos e baixos com seu "sogro", o Capitão Stacy ( Denis Leary,de atuação coerente) que Peter se encontra. No confronto de ideias, na promessa que ele "adorará não cumprir" e certamente na culpa que ele guardará por sua morte.Culpa,Culpa. A motivação maior de Peter Parker é e sempre foi a culpa. Deixou o assassino de Tio Ben fugir, deixou o Capitão Stacy sozinho com o Lagarto,ajudou a criar o Lagarto...Culpa, responsabilidade e poder. O tripé do ideário do personagem mais popular das hq's. 

                                                                                               Ele assusta
                                                               
De volta ao filme,a relação com Gwen funciona. Seja nas horas em que ele entra na sala, depois dela, e ambos trocam olhares, ou fogem dessa troca, seja pelas conversas, primeiro tão formais e depois tão cheias de clichês que fazem tanto sentido para os corações apaixonados ("adoro beijar você".Só não disse "Sou teu" pra ela, porque sabemos que ele é de Mary Jane.) O único senão é ela saber a identidade secreta. Alias é impressionante, esse filme bate recordes de vezes em que Peter tira a máscara do Aranha. Mais que isso, quase todos os personagens descobrem que Peter é o Aranha. Até Tia May. Bola fora dos roteiristas.
O uniforme, diferente das expectativas iniciais, funciona. Parece bastante real e verossímil. Os lançadores de teia, idem. A personalidade engraçada está presente também.Se não é perfeito, reinicia a franquia ( mesmo com a antiga trilogia tão viva na mente dos fãs) com honestidade e sem se imaginar maior que é. Vale destacar também os efeitos em 3D. Desde as cenas em primeira pessoa, até as noturnas tudo funciona com enorme correção. O Espetacular Homem Aranha mostra respeito pelos fãs antigos sem se esquecer dos novatos e essa parece ser a combinação ideal. Vimos uma amostra interessante do que a marvel guarda para o seu maior herói. É daqueles filmes que devem sim ser vistos no cinema. A nova geração vai amar. A antiga também. E Sam Raimi vai acabar descobrindo o caminho que deveria ter tomado. Vida longa ao Aranha na grande tela.

                                                                     Pode sorrir Andrew Garfield,você mandou muito bem.