Peter Parker foi abandonado pelos pais com os tios quando era pequeno. Cresceu como um adolescente marginalizado que sofria bullying no colégio, especialmente de Flash Thompson. Arredio, Peter se interessa e desperta o interesse de sua colega, linda, inteligente, meiga, adjetivos ad infinitum Gwen Stacy. Porém, mesmo tendo um modelo de caráter e ética em seu Tio Ben, Peter tem uma enorme carência de uma figura paterna e isso dificulta a construção da sua própria identidade. Ao descobrir numa velha mala do pai estranhas anotações e uma fotografia dele com o Dr. Curt Connors, Peter vai até a mega-corporação Oscorp onde o Dr. Connors trabalha para Norman Osborn, e lá acaba encontrando seu destino através da picada de uma aranha geneticamente modificada. Porém, a morte trágica de seu Tio Ben o fará repensar esse destino.
Existem muitas coisas que eu tenho em comum com Peter Parker. Eu também era isolado no colégio. Também era pobre. Também sofria bullying. Também era nerd. Também me apaixonei perdidamente por uma colega loirinha linda e inteligente cujo pai era policial. Também perdi um tio que eu amava muito. Claro, nem tudo é exatamente igual. Não sou órfão, não sou norte-americano, nem fui picado por uma aranha que me deu super poderes, além de ter sido reprovado em física e química. Mas como quase todo fã do Homem-Aranha, vez ou outra me peguei pensando como teria sido a minha vida se isso tivesse acontecido. Por isso todo mundo diz que Peter Parker é um pouco todos nós.
Esse reboot foi desnecessário não porque a origem do Homem-Aranha não merecesse ser contada de novo, mas porque era muito cedo pra isso. Diferente de todos os outros reboots (Batman 007, Star Trek, Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo) a diferença de tempo de uma franquia pra outra é muito pequena pro público. Talvez a única excessão seja o Hulk, que dividiu opiniões. É o mesmo caso desse aqui agora. Lembro que quando cheguei da sessão e dei uma espiada no facebook pra ver se mais alguém tinha acabado de assistir, vi o Renver falando que amou e o Mallandrox falando que odiou. E, acreditem, é só dar uma olhada nos fóruns dos fãs do personagem que a discussão tá nesse nível mesmo, bem divida em arroubos de paixão e rejeição.
Basicamente O Espetacular Homem-Aranha é uma mistura do Ultimate Spider-Man do Brian Michael Bendis/Mark Bagley com a fase inicial de Stan Lee/Steve Ditko na revista Amazing Spider-Man e alguns elementos da fase seguinte Stan Lee/John Romita. Falo mais disso mais a frente. Não vou vestir a carapuça do "Virou moda falar mal dos filmes do Sam Raimi. Antes era só elogios"... Nunca me enquadrei nessa categoria. Eu sempre defendi que o primeiro é bom, o segundo é mais ou menos e o terceiro ruim... mas também não TÃO ruim. Acho que um filme, seja de super-herói ou não, tem muito mais significado do que ficar naquela ladainha de que o 2 é bom porque tem um vilão bem desenvolvido e o 3 é uma merda porque tem um monte de vilão jogado mimimimimimi. Acho que acima de tudo um filme tem que cativar você. E só o primeiro filme do Sam Raimi me cativou. Nenhum dos dois lados vai dar o braço a torcer, mas tem coisas que o Sam Raimi fez melhor e coisas que o Marc Webb fez melhor. Mas, no geral, Espetacular Homem-Aranha é sim um bom filme. E me cativou.
Especialmente na parte dramática, os relacionamentos entre os personagens e como a personalidade e o caráter de Peter Parker são esculpidos ao longo da trama. Eu comprei a idéia dos pais do Peter. É algo que Stan Lee só tratou uma vez numa história clássica de 1968 quando o Caveira Vermelha revelava que eles foram espiões e que no Universo Ultimate foi retrabalhado pra fazer de Richard Parker um cientista. Tudo indica que Marc Webb queria seguir este caminho mostrando Richard como o criador da aranha que picou Peter e que isso não seria um acidente. Rolaram até boatos de que o protagonista seria produto de uma experiência genética do pai como o Hulk do Ang Lee. Verdade ou não, esta trama foi retrabalhada na edição final, segurando esse segredo pra uma futura continuação. Mas numa boa, TANTO FAZ se o pai dele criou ou não a aranha que o picou, CONTANTO que a picada que lhe deu os poderes PERMANEÇA SENDO UM ACIDENTE. Se os produtores conseguirem compreender isso já terão meio caminho andado.
O que realmente me interessou nessa versão foi ela ter usado uma idéia implícita (mas não inexistente) da HQ clássica pra ressaltar que o herói sempre se sentiu deslocado por ser "filho dos tios". Webb deu chance a Andrew Garfield de brilhar nesses momentos, como quando janta na casa da numerosa família de Gwen Stacy. Sim, além do Capitão Stacy - que aqui começa odiando o Aranha para só depois reconhecer seu valor ficando mais próximo ao original da HQ - a loirinha ganhou mãe e irmãos. Mas isso é usado de uma forma a retratar o quanto Peter se sente estranho dentro do seio de uma família tradicional, especialmente após o assassinato do tio. Nesta versão ele não assimila a mensagem de Poder e Responsabilidade dada pelo Tio Ben logo que esse morre. O roteiro segue um encadeamento lógico dos fatos fazendo com que cada evento (saber porque os pais o abandonaram, a picada da Aranha, as brigas na escola, o romance com Gwen, a morte do Tio Ben, uma conversa com o Capitão Stacy e a cena do menino na ponte) pouco a pouco abram os olhos de Peter para o seu lugar no mundo ao seu redor e o amadureçam.
Aí é o ponto chave da história. Este foi o único filme que eu vi que conta a história de Peter Parker COM PETER PARKER NELA. Existe uma diferença crucial entre aparência e essência. Tobey Maguire parecia com ele no figurino, na origem... mas JAMAIS interpretou Peter Parker. ELE INTERPRETAVA O CLARK KENT! O filho adotivo bondoso e tímido que de uniforme virava um super-herói e conquistava a garota de seus sonhos a qual a princípio se apaixonava pelo destemido combatente do mal e nem notava sua retraída identidade secreta. O Peter de Andrew Garfield pode até parecer com o Peter da Linha Ultimate no visual moderninho, mas quem acompanha a Linha Ultimate vai notar uma série de atitudes que não se encaixam no personagem de Garfield. Isto porque sua personalidade, seu temperamento, sua oscilação de humor, seu isolamento, aquele sentimento de inadequação de quem volta e meia explode de saco cheio do mundo, que não tem paciência quando é incompreendido, que se sente injustiçado porque falou na hora errada a coisa certa... ESSE É O PETER PARKER DO STAN LEE/STEVE DITKO!
Que é um garoto tão inteligente quanto antipático, que por querer ser bom - como numa cena com o Flash logo no começo - torna-se um chato ao olhos de QUASE todo mundo, que por não conseguir satisfazer seu espírito inquieto torna-se um rapaz de pavio curto. Justamente por isso ele é tão humano. Peter Parker jamais foi uma vítima. Ele reagia, algumas vezes de forma desproporcional. Quem o imagina como vítima nunca conheceu o personagem da HQ original de Lee e Ditko ou está sendo muito auto-indulgente com seu próprio passado nerd. Aliás, nessas horas ninguém lembra que o visual do herói mudou ao longo de décadas. O do John Romita, considerada a versão mais clássica, usava até corrente de ouro na faculdade. Nem por isso era menos humano e de fácil identificação. Assim como este Peter que anda de skate e capuz também não é. Inclusive as manobras no skate são utilizadas para enfatizar (bem) de onde vieram futuras manobras com as teias.
E Andrew Garfield abraçou esse lado humano cheio de conflitos de peito aberto. Todas as vezes que Peter tem que reviver o trauma de perder a figura paterna ele chora, não porque é um chorão, mas porque pisaram no calo dele. Onde realmente dói. Garfield, em cada uma das três vezes que isso ocorre, transmite uma emoção genuína em cena. Nessas e outras cenas me identifiquei muito mais com ele que com o Peter de Maguire. Porque, ao contrário do seu antecessor, ele muitas vezes faz a coisa errada mesmo que queira fazer o certo. Mais ainda. Não só me enxerguei nele. Enxerguei qualquer cara comum que poderia passar por mim na rua trazendo dentro de si uma vida pessoal com tantos problemas que ninguém sequer poderia imaginar. Ou carregando interiormente tanta culpa quanto um ser humano possa aguentar carregar. E nada define mais Peter Parker do que isso: culpa. Foi exatamente a mesma sensação que tive ao pegar pela primeira vez uma história do Homem-Aranha do Stan Lee pra ler. Talvez isso não torne este um filme melhor ou pior... mas é muito gratificante.
O ruim é quando Espetacular esbarra em situações já mostradas em Homem-Aranha 1, literalmente até. Vários momentos com o Tio Ben e a Tia May principalmente são quase iguais. Isso acaba fazendo com que o filme pareça muito mais um remake que um reboot. E nesse caso o original é melhor. Martin Sheen e Sally Field são grandes atores, dão conta do recado direitinho, mas o filme original foi superior por ser mais atento a detalhes como a carreira pré-heróica do protagonista e ser mais fiel ao quadrinho clássico. Ainda assim fiquei feliz que a história de Richard Parker não empobreceu a relação Peter/Tio Ben. Acho que foi bem o contrário até. Aqui nós entendemos mais como foram as dificuldades dos velhinhos na criação do sobrinho, os personagens ainda valem a pena e você ainda sente muito a perda do Tio Ben. Só deveriam ter explorado mais e de um de jeito mais criativo essa dinâmica para não ficar tão parecido. A descoberta dos poderes de Aranha também é bem melhor no filme do Raimi, não que as cenas do Webb sejam ruins, só não são tão bem feitas. A parte do desenvolvimento do uniforme e dos lançadores de teia é bacana, porém muito rápida sim e isso desagrada. Infelizmente essa fase da construção física do herói não rende momentos tão inspirados quanto no Batman Begins, por exemplo, mas não atrapalha o enredo de forma alguma.
Já a protagonista feminina é infinitamente superior a Mary Jane de Kirsten Durnst. Aliás, aquela nunca foi a Mary Jane, nem a Gwen, nem a Liz, nem a Betty. Era uma mistura das quatro personagens com a Mary Jane da Linha Ultimate. Resultado: não era ninguém. Desculpem pelo que vou falar, mas apesar da excelente caracterização visual a trilogia Homem-Aranha de Sam Raimi era protagonizada por um casal de estranhos. Aquele podia ser o universo do aracnídeo, mas aqueles não eram ele e nem a sua namorada. Era uma "mocinha em apuros" criada pro herói se apaixonar desde a infância como num filme da sessão da tarde. Era algo completamente descaracterizado das HQs e ninguém reclamou na época. Por outro lado, Emma Stone é a própria Gwen Stacy do John Romita. Ela é útil a narrativa da aventura e passa a quilômetros do clichê da donzela em perigo. Achei suficientemente crível para uma obra do gênero a forma como ela é introduzida tanto no colégio do herói quanto como filha do Capitão de polícia e também como estagiária chefe da Oscorp.
A frase "Você tá me seguindo?" foi hilário e um jeito do filme descontrair consigo mesmo. Absurdo era o Harry Osborn e o Dr. Octopus querendo trabalhar num aparelho de fusão nuclear num apartamento no meio de Manhattan e todo mundo assistindo sem usar proteção nenhuma. O amor que nasce entre Gwen e Peter é certamente o ponto alto da história. Já deu pra notar pra quem viu os trailers que ele revela a identidade secreta pra ela, lembrando mais uma vez o Ultimate de Bendis. Mas acreditem, não é o Ultimate. Tanto que a cena da revelação é completamente diferente e soa bem claro como um desabafo, não como uma conversa de de menininho mimado como na história do Bendis. Eu também comprei essa idéia, como mais um passo na formação de um cara imaturo em busca de saber quem é. É tão natural a atitude deles como casal, os dois se completam tão bem em cena que isso funciona dentro da história. Não é a toa que o Andrew e a Emma realmente começaram a namorar na vida real. Sobra química ali e o filme cresce com eles juntos.
O vilão também não ficou perfeito, mas na minha opinião não comprometeu. Rhys Ifans é um excelente ator e deu uma visão particularmente interessante pro Dr. Connors, conseguindo criar um personagem totalmente diferente do que costuma fazer. Vale lembrar que o Connors do Sam Raimi, ainda que parecido, nunca foi o Connors dos gibis. O ator Dylan Baker estava interpretando o Professor Miles Warren, que era quem sempre estranhava as ausências do Peter na faculdade. Ainda assim o personagem atual sai devendo prejudicado pela edição fraca do longa-metragem e suas refilmagens. Seu filho, Billy Connors (interpretado pelo ator mirim Miles Elliot) foi limado da versão final. Já o visual e o plano do Lagarto é EXATAMENTE IGUAL AOS QUADRINHOS CLÁSSICOS e, pra minha própria surpresa, foi algo que conseguiu fazer sentido mesmo no cinema. Pena que as cenas de Ifans falando com seu outro eu são iguais as de Norman Osborn no longa-metragem de Sam Raimi e também saem perdendo nesse quesito. Até porque Osborn, o grande vilão da vida do Homem-Aranha, é apenas citado aqui, mas nos próprios diálogos deixa-se antever que ele será determinante pro futuro da saga.
Por outro lado, Denis Leary, embora seja um Capitão Stacy mais jovem e é bastante privilegiado pelo roteiro e junto de Garfield, Stone e Sheen é um dos melhores em cena. Consegue ser expressivo, engraçado e triste quando tem que ser, além de passar o senso de correção moral na medida exata da sua contraparte das HQs. Ele é outro que começa bem na linha da versão Ultimate, mas terminará lembrando também a versão Lee/Romita. Nem se compara com a figuração de luxo que James Cromwell fez em Homem-Aranha 3. Inclusive ver a polícia de Nova York contra o Homem-Aranha foi outro elemento pra agradar qualquer fã que se preze por ser bastante fiel aos quadrinhos, diferente da Trilogia anterior. Nela, mesmo com toda propaganda negativa do Jameson inexplicavelmente o herói era uma unanimidade e pra mim isso tirava grande parte do brilho do personagem original da HQ. Flash Tompson (John Manganiello) é outro que ficou muito melhor nessa versão. Detestava o que Sam Raimi fez com ele. Dessa vez tiveram a sensibilidade de sacar que Flash não é um babacão narcisista. É apenas um moleque egoísta e completamente sem noção, mas que lá no fundo tem acima de tudo um bom coração. Exatamente como Stan Lee imaginou. Falando no Stan, a participação especial do velhinho já vale o ingresso. É a melhor e mais engraçado ao lado da cena dele no segundo Quarteto Fantástico.
As cenas de ação me agradaram mais do que esperava. As brigas com o Lagarto são boas, e valorizam a fotografia do longa-metragem, especialmente nas sequências no esgoto e na escola lembrando demais os gibis clássicos. E SIM! O Homem-Aranha faz piadas! E também é muito gratificante ver uma pessoa do seu lado no cinema que não lê HQs rindo das piadas do herói no meio da luta. Outra decisão acertadíssima do novo filme: menos CGI e mais dublês em ação. É uma das coisas que eu citei que Webb se saiu melhor que Raimi, não só porque a tecnologia evoluiu, mas porque em algumas coisas não há nada que substitua o trabalho humano. Muitos reclamarão sobre a cena das gruas, que é forçada e desnecessária. Mas ainda assim por ser o resultado da vontade de um único personagem, é bem menos forçada e desnecessária que as pessoas da ponte atirando latinhas de cerveja no Duende Verde ou as pessoas do trem servindo de escudo humano pra proteger o Aranha do Octopus.
O Espetacular Homem-Aranha não é um ótimo filme. Como eu falei a reedição de cenas prejudicou o andamento da narrativa. Depois da sequência da ponte o ritmo do filme fica estranho. Mesmo assim eles conseguem se reencontrar no final. Todavia, existem uma série de soluções fáceis demais pra várias dificuldades encontradas pelo personagem e momentos completamente desnecessários como a estúpida cena do Peter entortando a trave do gol com um arremesso na frente de todos. No entanto as tão comentadas cenas do protagonista perdendo a máscara não me incomodaram. Foram momentos muito específicos e bem contextualizados na trama - um por força do dever e dois outros por força física alheia a sua vontade - e nem um pouco forçados porque estão ali pra ajudar a desenrolar a história. Em Homem-Aranha 2, por exemplo, bastava apenas o Harry ter tirado a máscara dele pra ajudar a desenvolver a trama.
Marc Webb também incomoda por deixar pontas soltas pra continuação. Isso é ruim no sentido de que fica parecendo o primeiro capítulo de uma série teen nos moldes de Harry Potter, Percy Jackson etc. Só que Peter Parker não é um nem outro, e nem que eles quisessem seria igual. Sei disso porque não me identifico com esses, mas sim com o Homem-Aranha, ou melhor, Peter Parker que é um super-herói atemporal. Existe um momento no fim envolvendo o Tio Ben que me emocionou e que acredito que também foi a forma que optaram pra mostrar ao público que no geral Espetacular Homem-Aranha é um filme que não tem a pretensão de retratar Peter se tornando agora tudo aquilo que nós sabemos que ele será só no futuro. Existe um caminho a ser percorrido ainda.
“Um professor certa vez me disse que há apenas dez histórias no mundo. Mas para mim existe apenas uma única história: quem sou eu?”E as vezes o caminho é melhor do que a chegada. Espero pro próximo o Duende Verde clássico, que se afastem da versão Ultimate e da possibilidade de Peter ser fruto da experiência do pai e, definitivamente, que façam um filme ainda melhor. Marc Webb tem muito a provar ainda. E eu acredito nesse caminho. Fica claro ao espectador mais atento que Peter não foi atrás do passado de Richard Parker pra achar o pai morto e sim para encontrar a si mesmo. E numa coisa Espetacular Homem-Aranha acertou. Porque me fez reencontrar Peter Parker.
NOTA: 8,3.
5 comentários:
Sensacional. Matou a pau, Corto.
Excelente texto, Corto.
Obrigado. :)
o melhor texto ate agora sobre o aranha , palavras que eu queria usar e nao encontrava
Corto, acompanho o Aranha desde a década de 80 nas revistas da Ebal, parei de ler a revista na década de 90 com a saga do clone e voltei a ler em 2004 parei novamente com a saga da Gwen puta e pelo visto não voltarei a ler tão cedo. E em nenhuma dessas ocasiões vi o Peter Parker do filme, um babaca, irritadinho, gago e sem o respeito aos tios.
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