quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Climatinê: Grandes Astros Superman por Corto

por
Corto de Malta

Uma das maiores histórias já contadas com o Homem de Aço ganha uma adaptação digna, mas sem o brilho da HQ.

Baseado na história em quadrinhos de Grant Morrison e Frank Quitely, Grandes Astros Superman mostra o Homem do Amanhã impedindo mais uma vez que seu arquinimigo Lex Luthor mande o Planeta Terra pras cucuias.

Eis que no processo o Superman é contaminado por excessiva radiação solar e descobre que está às portas da morte. A partir daí ele começa uma série de tarefas pra resolver e contas a ajustar antes de morrer... o que inclui sua relação com seu grande amor, Lois Lane.


Quando a DC deu carta branca ao Morrison nessa série ele praticamente pegou todas as idéias que sempre quis executar com o Superman e condensou tudo numa história de despedida do personagem. Por isso Grandes Astros Superman é tão ou até mais cheia de referências a mitologia do Super do que a clássica O Que Aconteceu com o Homem de Aço? de Alan Moore e Curt Swan, outra trama que também enfoca os últimos dias do Último Filho de Kripton.

O ponto negativo dessa adaptação fica exatamente pro material original que não coube no longa metragem animado. Claro que existe um limite de tempo e eles procuraram se manter na essência... mas pelo menos pra mim algumas partes da HQ que ficaram de lado compõem essa essência. Tanto é que os dois momentos mais celebrados pelo fãs do quadrinho ficaram de fora do filme: a melancólica trama envolvendo Zibarro (a cópia imperfeita do imperfeito Bizarro, ou seja, a cópia perfeita do Superman) e a já clássica cena do Homem de Aço impedindo o suicídio de uma jovem - que J. M. Straczynski "homenageou" na sua passagem posterior pelo personagem.


Ao contrário de muita gente eu não acho ruim o Superman ser tão poderoso. Não necessariamente ruim. Nas mãos de pessoas talentosas e competentes como Morrison e Quitely esse "defeito" do personagem torna-se um deleite pro leitor, que veêm os seus limites sendo testados várias vezes gerando momentos muito criativos como na queda de braço do Superman contra Sansão e Atlas.

A razão disso dar tão certo aqui não é nenhum grande segredo. Como já falei na minha crítica ao filme O Homem de Aço, não é difícil se lidar com o personagem quando se tem noção de escala. Por exemplo, por mais poderoso que seja o Superman de Morrison o próprio Sol o está matando. Diferente do que ocorreu no final da maxi-série Mundos em Guerra, onde Jeph Loeb aumentava ainda mais os poderes do Superman ao fazê-lo mergulhar no Sol.


Essa conscientização sobre escala chega ao nível da genialidade exatamente na trama do Zibarro no Mundo Bizarro, que foi limada da adaptação. Por outro lado, a animação manteve o aspecto humano e dramático das relações de Clark Kent/Superman. Na conclusão da trama dos astronautas kriptonianos o autor nos dá uma verdadeira amostra de porque Kal-El merece de fato a alcunha de Super-Homem.

No entanto, os momentos mais intensos ficam reservados a relação do herói com as duas pessoas que definiram sua vida: Lois Lane e Lex Luthor. Morrison preferiu optar por retratar um mundo onde Lois ainda não sabia a identidade secreta do Homem de Aço.


A partir do momento da descoberta, porém, ela fica ao lado protagonista durante toda a sua jornada... e e até além disso, como é revelado na última cena.

Mas é na relação com Luthor que mais uma vez a imaginação de Morrison mostra sua força. Do envenenamento premeditado do herói pelo vilão, passando por uma sequência espetacular com Clark e Lex dentro da penitenciária durante um motim até o epílogo quando Luthor finalmente desfruta dos poderes de seu arquiinimigo somente para se arrepender por isso a seguir Grandes Astros Superman é um tributo a essa grande rivalidade.



Tanto que simbolicamente ao final cabe a Luthor perpetuar a memória do Superman... afinal, um não pode viver sem o outro... Talvez até pudesse, mas com certeza não teria a mesma graça.


5 comentários:

Renver disse...

Excelente animação de uma excelente história... que um dia eu gostari de ver adaptada pro cinema em live action.

clichê disse...

Comprei o dvd e cara como é bom ! Me senti igual uma criança assistindo .

Renver disse...

Engraçado que boas histórias do Superman não precisam ter lutas mirabolantes e porradaria desenfreada. Ele particamente quase não dá um soco em ninguém (exceto o Solaris).

rodrigoleosilva disse...

Porra Corto! Sempre na vanguarda. 20 anos de curso. A animação é fevereiro de 2011. Não é à toa que fez parte do MdM.

Renver disse...

Dois momentos bons quee eu senti falta na animação foi da despedida dele com o pai humano e a quando Joel dá dica pro Superman (no subconsciente do Clarck) de como parar o Solaris.

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