segunda-feira, 27 de junho de 2011

Climatinê: Kung Fu Panda 2

por
Toon Link

Nunca fui com a cara de uma continuação para Kung Fu Panda, isto porque adoro o primeiro filme e o considero a melhor coisa já feita pela DreamWorks até hoje (com Shrek 1 e Como Treinar o Seu Dragão logo atrás), isso por determinados motivos, primeiro porque filme terminou amarradinho e segundo, porque não achava que existiam grandes motivos para continuar trabalhando o personagem de Po.

Mas felizmente, embora não seja um filme tão bom quanto o original, Kung Fu Panda 2 é uma continuação respeitável por saber usar os elementos de ligação certos com o filme original e saber onde se concentrar em contar novas histórias e não ser só uma mera repetição de elementos do 1° filme.




Em Kung Fu Panda 2 os guerreiros precisam se unir contra uma ameaça do passado que retornou para dominar toda a China, ao mesmo tempo que Po quer descobrir um segredo que fará com que ele domine a técnica da paz inteiror dominada pelo mesre Shifu


Em certos momentos eu cheguei a me impressionar com a forma como as novas tramas foram se estabelecendo, algo que chegou a me lembrar a relação entre Toy Story 1 e 2. partindo do fato que em toy story 1 o detalhe do contraste entre o material do boneco Woody (assim como sua referência cultural, ser um cowboy, contra um brinquedo futurista e etc..) que era fonte de algumas piadinhas, no segundo filme toma todo o plano e quase move toda a história.

Eu senti essa relação com a questão do pai de Po ser uma ave, coisa que no primeiro filme não incomodou ninguem e, muito pelo contrário, se tornou uma excelente e inspirada piada do tipo não muito cultuada em tempos de "Shrekização" da comédia (que por sua vez, embora o termo faça sentido, não é um demérito ao 1° filme do Ogro), e até tinha certa lógica pra mim dentro do universo do filme, e por causa disso este segundo filme brincar com a "incoerência" do fato de Po nunca achar estranho ser filho de uma ave deixa a coisa mais legal, o típico caso de algo que se salva quando 'se zoa', e que nesta continuação resolveram tocar nesse detalhe e usar uma simples ideia do filme original numa coisa muito maior nesta continuação, um acerto, sem dúvidas.

Isso me lembra do quanto eu retruquei com a ideia de toy story 3 mostrar o que aconteceria com os brinquedos quando Andy cresce-se. aquela ideia já tinha passado pela minha cabeça totalmente no brilhante final de toy story 2 e eu já sabia que Woody faria o prometido ("mesmo que Andy nos abandone, SEMPRE teremos um ao outro"), mas mesmo assim o 3° filme serviu para passar mais idéias, sem que elas briguem com o filme anterior, e foi gratificante ver que Kung Fu Panda funcionou assim, ao contrário por exemplo de Madagascar 2 que soa como uma gigante contradição aos personagens como eles eram no filme original.


Partindo disso Kung Fu Panda 2 imenda mais uma história simples, mas novamente com motivaçoes sinceras.




Falar da parte técnica da série é chover no molhado, a China de KFP é o melhor universo criado pelo estúdio de Shrek até hoje, de um trabalho de design de produção fantástico e com uma coerência artistica-cultural(se é que isso existe) admirável.

O filme assim como o original possui momentos de animação 2D para representar um estado narrativo no qual a história não se deenrola na maioria do tempo (um sonho, lembrança ou representação de uma lenda) e assim como no original a animação é soberba e inclusive diferente do estilo do primeiro filme, o que faz os créditos serem um novo show de arte gráfica, dessa vez de forma diferente.


Talvez pela mudança na direção as cenas de ação deste não sejam, tão impressionantes quanto a do primeiro filme, alias, de certa forma até são, as coreografias continuam sensacionais, mais a relação entre câmera-edição é diferente, e um trabalho 'menos bom' pra mim e que aproxima de certa forma o filme a um blockbuster comum nas cenas de ação, embora elas não deixem de ser boas, mas não espetaculares quanto as do filme original.


Outro acerto é o filme se assumir como algo diferente do original, certas gags exageradas, principalmente de metalinguagem, foram bem vindas e deram um vigor à mais para o filme. E como eu elogiei na minha resenha do original, continuo achando mó legal as brincadeiras com o esteriótipo do fanboy, representado por Po, principalmente na cena em que ele encontra os outros 2 personagens na cadeia ou quando é algemado.




Vale lembrar que o filme tem seus grandes momentos emocionantes, embora nenhum deles chegue perto do mestre tartaruga "encontrando a paz" no primeiro filme, que me fez chorar como um ninja silencioso.


Outra coisa que vale menção é como o filme tem sensibilidade ao tratar certos temas e torná-los acessiveis ao publico infantil sem tirar o seu peso e torná-los banais, isso esta presente em todo o desenvolvimento do vilão, que não deve nada a Tai Lung do filme original, basta ver que embora esteja em seu destino causar mal e ser derrotado é demonstrado por detalhes o peso de suas ações e seu poder de escolha.

Ah, é impossível não achar mó barato, a relação entre a arma de fogo(ou "formas inapropriadas de manipular a pólvora") e a "morte do kung fu", mais um exemplo de ótimo paralelo e do quanto o universo do filme sabe dialogar bem com a bagagem cultural do expectador.




No geral, Kung FU Panda 2 é um trabalho competente, um exemplo de como uma continuação deve ser do ponto de vista de ser um filme que não é, e nem pretende ser, superior ao original, mas que ainda assim é uma maneira bem feita e respeitosa de dar ao publico novas oportunidades de ver os personagens que tanto gostam em novas aventuras. isso pra não dizer, claro, que os produtores vão fazer as continuações de qualquer jeito e sendo elas de uma qualidade como a deste filme, nem dá pra reclamar, afinal não dá pra se ver sempre um Toy Story 2 por aí.



Nota: 7
(sim, eu sou rigoroso, confirme em novas resenhas)

Um comentário:

Renver disse...

Sei lá eu pelo menos não acho Toy Store 2 melhor que o 1 (perde por pouco), mas o 3 é o melhor de todos pra mim!!!!!!

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