Para a nerdaiada, o filme tinha tanto potencial quanto o Chris Evans num papel sério. Mas o público americano parece não ter se importado com isso e o alavancou para o 1º lugar nas bilheterias. Afinal, quem tinha razão?
Situando... Besouro quem?
Ao contrário do filme, vamos para uma rápida situação, ok? Você, se vive na Terra, já deve ter ouvido a frase Besouro-Verde-seriado-em-que-Bruce-Lee-era-o-motorista-Kato (mas que ninguém se lembra o nome do ator que fazia o Besouro).
"The Green Hornet" (ou "O Besouro Verde" no Brasil) realmente ficou mais conhecido pelo seriado de 1966 que passou aqui no Brasil pela TV Tupi (e mais recentemente pelo canal pago TCM) e era dublado pela AIC São Paulo. Este seriado tinha algumas curiosidades, como o fato de o Besouro Verde e Kato aparecerem em alguns episódios do famigerado seriado do Batman de Adam West, e até uma luta entre Kato e Robin que acabou empatada, convenientemente (se fosse o Batman, com preparo, ganhava).
O Besouro Verde foi criado por George Trandle, o mesmo criador do Lone Ranger (no Brasil, Cavaleiro Solitário ou ainda o Zorro do Tonto). Isso explica o fato de Britt ser sobrinho neto do Cavaleiro Solitário. Teve sua estreia em 1936 em programas de rádio. Mas apareceu em outras mídias como seriados, filmes, HQs. Mas vamos logo ao filme de 2011.
A história
No filme, James Reid (Tom Wilkinson) é dono do jornal “O Sentinela Diário”. É um homem bastante íntegro, mas muitas vezes severo demais, principalmente com seu pequeno filho Britt. Este parece ser um garoto problema, sempre se metendo em confusões na escola, um pouco para chamar a atenção de seu pai e um pouco para tentar compensar a perda recente da mãe.
20 anos se passam e Britt é um Tony Stark da vida: mulherengo, milionário e só quer saber de uma boa festa. Mas tudo muda quando James morre e o riquinho tem que lidar com seu jornal e todo o seu império. Mas para isso vai contar com a ajuda do mecânico de seu pai, o chinês Kato. Mas logo iremos descobrir que Kato não é apenas um mecânico.
Temos também o chefão do crime, Chaikovsky Chudnofsky (Christoph Waltz, o caçador de judeus em "Bastardos Inglórios" ) e completando o elenco Cameron Diaz como a secretária Lenore Case. Vale citar duas participações especiais, digamos assim. Provavelmente você, nerd novinho, não deve conhecer, mas Edward James Olmos (de Blade Runner, Miami Vice, etc) faz Mike Axford, um dos jornalistas mais experientes do Sentinela Diário. Já Edward Furlong, de “Exterminador do Futuro 2” faz uma rápida aparição também como um empregado de Chudnofsky.
Crítica
Todos sabiam que seria um filme arriscado. O próprio seriado do Besouro Verde não fez muito sucesso na década de 60, então o que poderia torná-lo atrativo nos dias atuais? A resposta? Juntar um ator de comédias (Seth Rogen), artes marciais e um grande vilão (Christoph Waltz). Mas como todos sabemos, nem sempre bons elementos resultam numa boa ligação química.
Vamos começar por Chudnofsky, o vilão. Claro que Christoph Waltz gela os nossos ossos desde “Bastardos Inglórios”. E sua primeira cena no filme é bem legal e no mesmo estilo (atente para o James “Harry Osborn” Franco). Você fica colado na cadeira esperando o final da cena. Tudo bem, o desfecho é legalzinho, não tão bom quanto “Bastardos” (nem todo mundo pode ser Tarantino). Mas... é só... Chudnofsky aparece pouco no resto da trama, e sempre com as mesmas falas superficiais. Realmente uma pena o desperdício de personagem e do ator. Quem acaba sendo a voz da razão é seu ajudante Popeye, que tem até algumas falas legais, mas nada mais que isso.
Nem o "trabuco duplo" do vilão salvou o filme |
Sobre Britt (Seth Rogen), o Besouro... É claro, todos esperávamos que ele fosse um completo inútil, babaca e mimado no começo do filme. E as comparações com um filme do “Homem de Ferro”seriam inevitáveis. E aí até acho que teria uma vantagem, pois Britt poderia apanhar que nem um cachorro sem dono, o que geraria bons momentos de comédia física (o que não é o meu caso, mas tem quem goste). Mas não acaba acontecendo isso, Britt não evolui no filme. É praticamente um Chandler Bing, soltando piadinhas e aproveitando a vida. O gostoso é ver um personagem praticamente inútil descobrir que tem alguma utilidade de algum jeito (tal como Po, em “Kung Fu Panda”). Sem contar apanhando para virar um herói, claro.
Kato (Jay Chou) é quem acaba sendo a grande atração do filme. Pelas lutas, pelas modificações no carro, o Black Beauty, e assim deixando Seth Rogen meio que avulso no filme. Sendo assim, até nisso o filme peca um pouco. Se Kato deveria roubar a cena, então que o fizessem sem timidez. Kato é um gênio da mecânica e cria ótimos aparatos. Mas se Britt é um inútil, deveria ganhar vários “gadgets”, a là 007, por que não? Mas Seth Rogen não parece nem um pouco a vontade no papel.
Eu entendo que basear a relação entre Britt e Kato é bem mais legal do que lutar contra vilões poderosos. Devemos levar em conta também que o Besouro Verde não possui nenhum poder, e convenhamos, um dos uniformes mais chatos dos heróis, perdendo até mesmo para o Spirit, então não dava para fazer muita coisa. Mas isso faz com que o filme, que tem 110 minutos, acabe perdendo o ritmo com esse “discutir relação” dos personagens. Começa legalzinho, vai ficando enfadonho, e lá pelo final acaba voltando a ficar legal. O pior é que essa enrolação na metade do filme é bem desnecessária.
Pelo menos devemos agradecer o fato de não partirem para as piadinhas escatológicas ou sexuais. Ponto positivo. Nada mais constrangedor do que piadinhas com flatulência, órgãos genitais, etc. A violência era até bem controlada até o final do filme, quando sabe-se lá porque quiseram fazer algo mais violento. Desnecessário e meio incoerente.
A ação é legalzinha... mas não tem nada demais. |
Cameron Diaz aparece pouco. Como se esperava, acaba sendo o interesse romântico de Britt, mas tem mais a função de um computador no filme, sempre dizendo estatísticas e dados históricos. Participa pouco e tem certas atitudes estranhas.
Talvez por Michael Gondry ser um diretor de filmes mais “cabeça”, como “Sonhando acordado”, “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” e “Rebobine, por favor” não tenha se sentido muito a vontade com um filme de ação. Muitos nerds que odeiam o Zack Snyder não vão gostar nada de ver a ação em câmera lenta. Mas como eu já me entreguei, não achei a ação de “300” tão ruim, nem neste também. Mas não que isso signifique que seja boa também, vamos deixar claro.
O filme não serve como comédia, nem como drama, nem mesmo como ação. Kato tem algumas cenas bem legais de luta e de ação com o Black Beauty (que deve ter quebrado todos os recordes de indestrutibilidade da história do cinema) mas segurar o filme sozinho é muito difícil. Imaginei que o filme ia partir mais para o estilo "Homem de Ferro", e deveria fazer isso sem um pingo de vergonha mesmo, mas não foi o que aconteceu.
Parece que os nerds tinham razão mesmo.
3 comentários:
Vou esperar chegar aos cinemas pra ver... Como não espero muita coisa talvez eu goste.
O filme não serve como comédia, nem como drama, nem mesmo como ação.
...e não serve pra eu gastar o meu cada vez mais escasso e suado dinehirinho!
Eu curti, por causa do Cato e do Black Beauty.
Verei no cinema por causa disso.
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