Godzilla + Gundam + Evangelion + Independence Day = Círculo de Fogo.
Círculo de Fogo é uma grande homenagem do cineasta Guillermo Del Toro não somente a dois estilos de histórias, os kaijus e os mechas (respectivamente tramas com monstros gigantes e robôs gigantes), mas a toda a mitologia que os envolve.
Na história do longa metragem várias criaturas monstruosas emergem de uma fenda no fundo do Oceano Pacífico conhecida como Círculo de Fogo. Esses monstros são batizados de Kaijus (monstros em japonês) e para enfrentar sua ameaça são criados Jaegers (caçadores em alemão) robôs gigantes controlados mentalmente por dois pilotos através de um elo mental.
Tudo parece começar ir bem e caçar essas criaturas torna-se rotina, porém após uma delas atacar e destruir um dos Jaegers, as autoridades percebem que eles estão aprendendo como lidar com as armas humanas.
Mais algum tempo se passa, barreiras igualmente ineficazes são construídas na costa para substituir os Jaegers e o chefe militar Stacker Pentecost (Idris Elba) recruta Raleigh Becket (Charlie Hunnam), o piloto que foi derrotado e perdeu o irmão naquele ataque para um último plano de vencer os Kaijus. Mas para isso ele precisa vencer seus medos e os medos de sua nova parceira, Mako Mori (Rinko Kikuchi).
Geralmente as reações a essa filme são de profundo desprezo ou de grande empolgação e eu não consigo me posicionar nem a um lado nem a outro. Porque, se por um lado conheço bem a mitologia que ele referencia para não subestimar o ponto de vista do diretor, por outro lado é algo com que mantenho contato até hoje, portanto não sobra muito espaço pra arroubos nostálgicos. Não se pode sentir falta de algo que você não perdeu.
Na verdade, a sensação que eu tenho é que Del Toro fez um fanfilm com a grana de Hollywood e ficou inegavelmente muito bom, ao menos do ponto de vista estético. Tanto monstros como os robôs são tão facilmente distinguíveis que é quase impossível não fazer uma associação comparativa com toda a poluição visual dos Transformers de Michael Bay. A questão é que como a trama é despretensiosa, o roteiro sofre demais com isso, especialmente quanto a trama do elo mental, que ficou completamente superficial.
Eles compõe exatamente o que se espera para aqueles personagens, por isso que a melhor atuação acaba sendo a da personagem que é mais complexa, a Mako. Mas ela é a exceção, não a regra.
Fica claro que o cineasta não quer criar nada novo, apenas que se divertir (e divertir o público) com algo que já existe, transportar os telespectadores pra um universo mais natural ao oriente que ao ocidente. E essa é a verdadeira força de Círculo de Fogo: sua história repleta de ecos sobre a mitologia que envolve os monstros e robôs gigantes, como a cena em que Raleigh e Mako recorrem a uma arma muito especial para vencer um dos Kaijus.
Estão lá, além do prólogo citado, os monstros que surgem do oceano pacífico e a barreira criada na costa, como no Godzilla original, o elo mental com os robôs como em Evangelion, o elo mental com extratrerrestres e o plano final iguais a Independence Day - que nem oriental é, mas tá valendo -, os cientistas excêntricos como em quase toda história de ficção científica e até mesmo o ator fetiche do Del Toro, Ron Perlman, o sujeito indigesto do mundo. Se procurar bem você acha até referências ao Godzilla norte-americano.
Enfim, se o objetivo do cineasta foi divertir transportando o público do blockbuster comum pra uma realidade diferente, mas muito criativa, conseguiu com êxito.
Leia também a crítica do Macgaren.
Um comentário:
E adoreui esse filme e reveria ele tranquilo num Imax!!!
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