quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Batman - O Super-Herói da Mente IV - A Sombra de um Mito

por
Corto de Malta

"Você me completa"
Parte I




Friederich Nietzsche dizia:

"Aquele que luta contra monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."
Ainda em Batman Begins, Alfred previne Bruce Wayne de seus gestos grandiosos como Batman estarem passando da conta quando a TV o mostra passando com o Batmóvel por cima dos carros da polícia. De fato Batman afetou não apenas a natureza interna de Bruce, mas a natureza ao redor. E natureza busca equilíbrio.

De acordo com Carl Jung a Sombra é "a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser." Quanto mais Batman se distanciou de sua Persona Bruce Wayne mais ele entraria em contato com a sua Sombra. Acontece que Batman é muito mais do que uma pessoa normal. É um Mito. E quanto maior um objeto, maior será será a projeção de sua Sombra.



No começo do filme Batman - O Cavaleiro das Trevas vemos que o Ego do Herói projetou-se por toda a Gotham City. Pequenos crimes são intimidados pela simples visão do Bat-Sinal. E os grandes crimes cometidos pela máfia local começam a apresentar uma derrocada, graças também ao plano do personagem de inspirar os outros.

O novo promotor público Harvey Dent - e também atual noivo de Rachel Dawes - simboliza os novos ares que Gotham respira na sua cruzada contra o crime organizado, unido a James Gordon e Batman. O trio tenta dar um golpe definitivo no negócios do crime organizado capturando Lau, o tesoureiro da máfia.



Por outro lado, existem pessoas que decidem fazer Justiça com as próprias mãos vestindo fantasias de Batman, mas sem o mesmo treinamento, equipamento ou apego a regra do Batman de não matar. Em meio a isso tudo um novo criminoso surge se autointitulando o Coringa. Sua primeira aparição revela muito sobre ele. Rouba um banco da máfia, fazendo com que seus próprios capangas se matem, debocha do conceito de "honra" entre criminosos dito pelo gerente e, ao tirar sua máscara de palhaço usada durante o assalto, nós vemos que ele tem um rosto de Palhaço. Ou seja, o Coringa é sua própria Máscara.

No único instante em que vemos o ator Heath Ledger sem a maquiagem branca de palhaço durante o longa metragem ele está disfarçado de policial, ou seja, está mascarado. Para sintetizar melhor, seria correto afirmar que o Batman é um playboy tanto quanto o Coringa é um policial.



A seguir ele vai ousadamente fazer um acordo com a própria máfia e usar o dinheiro e recursos deles para matar o Batman. Então armará planos mirabolantes executando os falsos Batmen diante das câmeras para forçar Batman a revelar sua verdadeira identidade, enquanto parte para executar cidadãos ilustres de Gotham como juízes, comissários de polícia, além de tentar pegar Harvey Dent.

Mais tarde, na cena do Interrogatório quando Batman e Coringa, dois personagens icônicos, estão finalmente sentados frente a frente, o Morcego pergunta por que ele quer matá-lo. O Palhaço ri e diz algo que deixa o Herói desconcertado:




"Eu não, eu não quero te matar! O que eu faria sem você? Voltaria a roubar a máfia? Não, não, não! Não. Você ... você ... me completa."
Neste instante Batman percebe que está encarando a sua própria Sombra, gerada não pelo Inconsciente Individual, mas pelo Inconsciente Coletivo.


Mas de onde ela surgiu?





Parte II

Para entender o que Christopher Nolan quis expressar, voltemos ao que foi determinado no primeiro capítulo: um Personagem pode ser composto de diferentes Identidades. A Identidade Bruce Wayne verdadeiro tornou-se a Identidade Batman e usa a Identidade Bruce Wayne Playboy como disfarce de quem ele realmente é. O Coringa só tem a Identidade Coringa. Mas obviamente ele não foi sempre assim. Ao ser preso na delegacia do Comissário Gordon é dito que ele raspou as digitais. Isto não ocorreu pra que não soubessem que ele. E e sim porque ele não é mais aquela pessoa.

Para efeitos práticos vamos chamar esta Identidade abortada de X. Não podemos saber quem X foi exatamente porque o Coringa não é uma fonte confiável, tanto que ele sempre inventa uma história diferente para explicar a origem das cicatrizes que tem na boca. Mas ao vermos onde ele chegou e notarmos que deliberadamente pretende ser um espelho do Batman podemos tirar certas conclusões.



Quando Mark Chapman era jovem ele idolatrava John Lennon, embora jamais tivesse conseguido enxergar John Lennon como ser humano. Ele mesmo admitiu que o cantor para ele era como um ser ''bidimensional''. Chapman era uma pessoa com distúrbios psicológicos que, limitado por eles, estaria bem baixo na Pirâmide de Maslow. Então ele começou a perseguir celebridades para ser fotografado ao lado delas, preenchendo momentaneamente o vazio que sentia. Lennon era talvez a maior celebridade da época e atirar nele foi uma forma de chamar atenção para si.

Algo semelhante ocorrera anos antes quando Robert Ford atirou pelas costas em Jesse James. Ele não o traiu e matou apenas pelo dinheiro da recompensa, mas por inveja. Por desejar ser ele, o foragido mais famoso do Velho Oeste. Era assim que o Cidadão X se sentia com relação a Batman, como um fã que almeja ser igual ao ídolo e é possível que ele estivesse no Narrows quando as pessoas de lá, afetadas pelo Gás do Espantalho, enxergaram Batman como uma criatura alada, um ser extraordinário. É claro que um ídolo incomum terá um fã incomum.



Fica claro também que o Coringa é um tipo de Niilista, uma corrente ideológica que nega todos os valores da sociedade, sejam eles políticos, religiosos, morais etc. Também é a negação de um sentido para a vida. Isto fica claro em diversos momentos, especificamente quando ele está no hospital com Harvey Dent e tenta convencê-lo do absurdo de seguir regras e ter planos, aplicando uma visão anárquica do mundo.



Nolan declarou:

"Eu acho que realmente vilões ameaçadores são aqueles que têm uma ideologia coerente por trás do que eles estão dizendo. O desafio na aplicação para com o Coringa era termos parte da ideologia como sendo anarquia e também termos uma falta de ideologia que fizesse um sentido. Mas é muito específica a falta de preocupação com uma ideologia e por isso torna-se, paradoxalmente, uma ideologia em si."



Outra similaridade que me ocorre é com o filme O Demônio das Onze Horas (Pierrot le Fou) de Jean-Luc Godard. Conta a história de um professor entediado com sua vida medíocre burguesa, que do dia para a noite decide fugir com a babá de seu filho, passando a ter grandes aventuras, ora cometendo crimes, ora vivendo de forma apaixonadamente anárquica. O interessante é que a mulher sempre o chama de Pierrot e no final do filme o personagem pinta o rosto de azul, tal com o Coringa pinta o rosto de branco. Identifiquei também em O Cavaleiro das Trevas ecos de Rocco Papaleo.

O filme de Ettore Scola apresenta um personagem oposto ao de Godard. Nele o protagonista é um trabalhador humilde e otimista cujo sonho é justamente ter uma vida burguesa, alimentando ilusões de se casar com uma modelo de quem se torna vizinho e levar o tipo de vida do qual o outro fugira. Ambos os personagens estão no limite e tem impulsos homicidas e suicidas. No caso de Rocco Papaleo não o identifico com o Coringa, ou mesmo com o Batman. Mas com o verdadeiro Bruce Wayne.

O que Bruce almeja é fazer Harvey Dent tomar o lugar do Batman combatendo o crime organizado na cidade e passar a ocupar seu lugar no coração de Rachel, aposentando a capa e a máscara e resgatando sua vida normal de antes do assassinato dos pais. Rachel é uma representação inconsciente desta vida perdida. Nolan pode até não visto nenhum dos dois filmes, mas seguramente trilhou os mesmos caminhos criativos que Godard e Scola em algum momento.



Parte III

Encontramos assim Batman em seu plano para voltar a ser Bruce, enquanto o Coringa inspirado por ele, seguiu na contramão e abandonou completamente X. E ele precisa que o Batman continue sendo Batman. Reparem que em nenhum momento de Batman - O Cavaleiro das Trevas Bruce Wayne e o Coringa se encontram. Quando o Coringa chega na festa da cobertura de Wayne, ele sai e retorna como o Batman.

Mas é óbvio que o Coringa sabe que ele tem outra identidade debaixo da máscara. Seu plano consiste em fazer com que Batman abandone seu lado ordinário e abrace sua natureza extraordinária, pois é o único a quem ele enxerga como igual, sendo a Identidade de Bruce apenas uma parte descartável. É sintomático que o único instante em que o Coringa expressa genuína indignação é durante o Interrogatório quando Batman começa a falar como um policial. O Palhaço aponta para a outra sala onde as autoridades estão e diz:


"Não fale como um deles. Você não é. Mesmo que você quisesse. [...] Você vai ver, seus costumes, seu código, é tudo uma piada de mau gosto. Caem ao primeiro sinal de problemas. Eles só são tão bons quanto o mundo permite que eles sejam. Eu vou te mostrar. Quando tudo vier abaixo, essas ... essas pessoas civilizadas, elas vão comer umas as outras."

Mas o que leva o Coringa a estas discriminações sobre a Sociedade?




Em seu livro Assim Falou Zaratustra (ou Assim Falava Zaratustra), Nietzsche desenvolveu a teoria do Übermensch, que em alemão significa Além Homem, ou Super-Homem. Ela influenciou inclusive o personagem homônimo dos Quadrinhos, que por sua vez influenciou todos os outros super-heróis que vieram depois dele. Nietzche pregava uma doutrina que era uma evolução do niilismo. Após a negação dos valores da sociedade, estes deveriam ser substituídos por outros.

Através da Transvaloração de Todos os Valores o indivíduo deveria alcançar um novo estágio da evolutivo negando a utopia derivada do Mundo das Ideias de Platão e colocando a Si Mesmo em primeiro lugar num processo de auto afirmação do poder e da vontade do indivíduo. O filósofo declarou abertamente que "Deus estava morto" e que seu espaço seria ocupado por aqueles que ascendessem como super-homens, seres superiores física e intelectualmente aos demais, que tonariam-se o modelo a ser seguido pela Humanidade.




O contraste ao Übermensch seria o Unmensch, o Último Homem que, diferente do primeiro, não era individualista e mantinha a mentalidade ser parte de um rebanho, visando a felicidade e o fim da injustiça, mas que estacionou em algum ponto tornando-se medíocre. Batman seria esse Último Homem e o Coringa seria o Além Homem (Super-Homem) numa visão superficial. No entanto, o mais provável é que o Coringa enxergaria a Identidade Batman também como o Super-Homem e a sua identidade secreta que o prendia à vida banal como o Último Homem. 

É por isso que logo após Batman deixar a delegacia, quando outro policial interage com o Coringa este policial é facilmente dominado fora de cena. Nolan ilustrou aqui como o Coringa enxergava Batman no mesmo nível qui ele e como via ambos superiores as outras pessoas. O próprio Palhaço  estabeleceu isso quando disse ao Morcego:

"Você mudou as regras... pra sempre."



Quando Bruce evoluiu e tornou-se Batman, abriu caminho para que outros como ele fizessem o mesmo e assim X tornou-se o Coringa. Nietzche definiu:


"O homem se acha no meio de sua rota, entre animal e super-homem, e celebra seu caminho para a noite como a mais alta esperança; pois é o caminho para uma nova manhã. Então aquele que declina abençoará a si mesmo por ser um que passa para lá; e o Sol do seu conhecimento permanecerá no meio dia. Mortos estão todos os deuses: agora queremos que viva o super-homem."

É por isso que o Coringa diz ao Batman:

"Veja, eu não sou um monstro. Eu só estou mais avançado."


Para provar isso a sua principal arma foi usar a hipocrisia da sociedade, ou como ele falou, virar os planos deles contra eles mesmos. Por isso que quando o Coringa revela ao Batman que seus homens sequestraram Harvey Dent e Rachel Dawes, o Palhaço inverte os endereços de onde eles estavam amarrados a bombas. A partir do momento que ele notou que o Batman estava interessado romanticamente em Rachel após o Morcego se atirar do prédio pra salvá-la, ele a enxergou como uma fraqueza que impediria o rival de evoluir, pois estava sendo hipócrita ao ajudar Harvey enquanto secretamente desejava tomar a mulher dele.

Por outro lado, se o Batman tivesse agido como Batman pensaria que a vida do promotor era mais importante que a de sua amada para a maioria das pessoas e acabaria sendo "recompensado" por sua atitude encontrando-a. Fica claro então que quem matou Rachel não foi o Coringa. Foi Bruce Wayne. 




Por sinal, é nessa hora que o Coringa chega a sua Experiência de Pico no filme ao fugir da delegacia. Com Lau recapturado e, sabendo que enganou Batman e a polícia, ele põe a cabeça pra fora do carro ao sabor do vento.

Esta visão de mundo também é empregada na relação do vilão com outros personagens. Ele usa o  poder de mafiosos como Sal Maroni para poder fazer frente ao Batman, que é patrocinado pela fortuna de Bruce Wayne, mas os despreza dizendo que a cidade merecia uma classe melhor de criminosos e daria isso a ela. Faz o mesmo com os policiais corruptos. Os ameaça e mata para depois usar a influência dos mafiosos sobre eles e obrigá-los a sequestrar Rachel e Harvey, para por fim lançar o Duas Caras, a versão evoluída de Harvey Dent, como força vingativa para cima deles. Aliás, o Duas Caras é a obra-prima do Coringa.




Parte IV

Contra a vontade de Nietzche, sua doutrina foi incorporada ao longo da história por pessoas que careciam fortemente de empatia com o outro: psicopatas. O exemplo mais dramático ocorreu com o regime nazista, onde Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda da Alemanha durante o Regime Nazista, transformou a teoria do Super-Homem numa campanha massiva para fazer a raça ariana acreditar que era superior as demais. Este também é o caso do Coringa. 

Se o tomarmos mais uma vez como reflexo do Batman compreenderemos que, a exemplo de Bruce em Batman Begins, o personagem atingiu seu Self (Coringa) anulando completamente seu Ego (X). Jung preveniu este tipo de acontecimento psíquico:


"O Self só tem significação funcional quando pode agir como uma compensação de uma consciência do Ego. Se o Ego se dissolve por identificação com o Self, resulta numa espécie de vago Super-Homem dotado de um Eu inchado, em detrimento do Self."



A ideia do Coringa é que conceitos morais de Bem e Mal não se aplicam aos intelectualmente superiores. O Batman não concorda com isso, mas é impossível negar que o Coringa estabelece um possível caminho que ele poderia seguir caso se deixasse levar pela loucura, assim com a Sombra é tudo aquilo que o Ego poderia fazer sem freios ou amarras. Jung definiu que:


"A Sombra personifica o que o indivíduo recusa conhecer ou admitir e que, no entanto, sempre se impõe a ele, direta ou indiretamente, tais como os traços inferiores do caráter ou outras tendências incompatíveis."



Tudo aquilo que o Coringa praticou o Batman também poderia ter feito e sua recusa em admitir que poderia fazê-lo, ainda que decidisse não o fazer, atrapalhou seu amadurecimento daquela situação. Um exemplo mais extremo que comprova essa teoria ocorre com o Duas Caras no terceiro ato do longa metragem, quando ele abandona sua Identidade heroica e idealista de Harvey Dent e assume a Identidade de um assassino sádico como o Coringa.

Vale ressaltar que no final de Batman Begins Gordon já havia prevenido Batman da ameaça do Coringa e repetiu o aviso no início de Batman - O Cavaleiro das Trevas. Batman ignorou, mais preocupado em derrotar o crime organizado e tornar Harvey seu substituto legalizado em Gotham. Assim deu tempo para o Coringa acumular recursos e apoio logístico para concretizar suas intenções. Jung indica que é desta forma que nos comportamos com a Sombra, fazendo com que ela cresça cada vez mais:

"Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino."



Você pode ler outra análise da psicologia analítica de Jung no filme clicando aqui.

Parte V

Mais tarde, quando Rachel morre, Bruce lamentou isso e de, certa forma numa confissão de culpa, deixou escapar a razão de não ter sido mais atento:

"Eu queria inspirar o Bem... não a loucura e a morte."

Já o Coringa nunca teve este problema. Pelo contrário, ele reconhece o tempo todo a importância do Batman em sua vida. Ainda que possa soar contraditório, a sua grande vantagem sobre o Herói durante a trama reside no fato de que ele sempre esteve disposto a admitir que precisava dele. Como Jung aconselhava fazer, ele reverenciava a Sombra e admitia sua importância na integração da sua Psique. Sim, o Batman também seria a Sombra do Coringa.



Seguindo esse raciocínio, nota-se que o Coringa tem uma grande preocupação com o Status Quo do Batman. Isso o impede de matá-lo. E quando sua ameaça de fazer o personagem revelar sua identidade secreta é atendido e Coleman Reese vai a um programa de TV revelar que descobriu que Bruce Wayne é o rosto por trás da Máscara, o Coringa rapidamente "muda de ideia" e ameaça explodir um hospital se os cidadãos de Gotham não matarem Reese para que ele não fale. Só que o Palhaço não mudou de ideia. Era um blefe. Isso porque o Vilão jamais esperou que alguém realmente soubesse a identidade secreta do Herói. 

Essa sensação de que o Coringa funciona como um Espelho do Batman pode ser assimilada em inúmeros detalhes de O Cavaleiro das Trevas como quando o Palhaço queima a sua parte do dinheiro de sua parceria provisória com a máfia. Bruce fez o mesmo no filme anterior ao queimar seu dinheiro e seus pertences e trocar de casaco com um mendigo, quando iniciou sua jornada pelo mundo para encontrar Batman.


Nota-se também que as paredes da sala de interrogatório da delegacia são cheias de espelhos. Para falar a verdade o Espelho é um Símbolo muito forte tanto na trilogia como em toda a filmografia de Nolan e falaremos muito deste aspecto ainda no filme seguinte.

Outro simbolismo do Espelho que encontramos em O Cavaleiro das Trevas são as inversões que o Coringa faz, como trocar os endereços de Rachel e Harvey e trocar as roupas dos Médicos (Reféns) com as dos Palhaços (Capangas), lembrando uma das características dos reflexos é inverter as posições do que está sendo refletido.

Após sua experiência no primeiro caso, Batman percebe que seu arquinimigo faria algo parecido novamente e impede que o Comissário Gordon entre com seu homens, tendo ele mesmo depois que lutar tanto contra os capangas do vilão quanto contra os homens da SWAT, para salvá-los e para impedir que matem os reféns.



"Com o Coringa nunca é simples."

Neste ponto Batman finalmente alcançou o Coringa intelectualmente e conseguiu se colocar no lugar dele, aceitando assim sua Sombra. Após o último enfrentamento entre os dois, o Cavaleiro das Trevas atira o Palhaço do alto do prédio, mas consegue pegá-lo com sua corda e puxá-lo de volta. Vemos então um outro Espelho invertido: o Coringa pendurado de cabeça para baixo do ponto de vista do Batman. Nolan ainda coloca a câmera de cabeça pra baixo para salientar a ambiguidade da sequência: qual dos dois realmente enxerga o mundo ao contrário?

Além disso esta cena - a última do Coringa no filme - é uma referência a uma outra carta. Não a Carta de Baralho do Coringa e sim a carta do Tarô de Marselha chamada de O Enforcado, que representa a figura de um homem de cabeça pra baixo pendurado pelo pé, exatamente igual a situação que o Palhaço se encontrava naquele instante. Esta carta significa abnegação, aceitação do destino, culpas e arrependimentos, castigo justo, sacrifício e expiação. Representa que o indivíduo deve reconhecer e aceitar um erro que não evitou e também fazer as pazes com Si Mesmo. A princípio isto pode não dizer muito sobre o Coringa, mas sem dúvida diz muito sobre o Batman e sua trajetória em O Cavaleiro das Trevas.





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