sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Climatinê: Planeta dos Macacos - O Confronto

por
Corto de Malta

Quando evoluir nem sempre significa melhorar.

10 anos após o vírus mostrado no fim de Planeta dos Macacos - A Origem ter se espalhado rapidamente, grande parte da Humanidade é dizimada e a civilização não existe mais como a conhecemos. Enquanto isso César (Andy Serkis) e seu grupo não param de evoluir como comunidade no bosque onde se ocultaram.



É quando um grupo de sobreviventes liderados por Malcolm (Jason Clark) chega a arruinada São Francisco. É quando pela primeira vez humanos tomam ciência da existência de macacos racionais e falantes. Não bastasse isso, Malcolm deve convencer um relutante Cesar a permitir que os homens usem a represa do território dos símios para gerar energia elétrica, mas rompantes de ódio de ambos os lados - tanto de humanos quanto de macacos - acabam levando ao Confronto do título em português.

Esse segundo longa metragem do reboot da franquia, agora com Matt Reeves na direção, é bem diferente do anterior. E essa mudança traz um lado bom e um ruim.

O lado bom é como a jornada emocional de Cesar atravessa completa um círculo completo na metade final deste filme. Se no primeiro ele vivia entre os homens e cada vez mais se decepcionou com eles para passar a lutar pelos primatas, aqui o roteiro vai pouco a pouco nos conduzindo ao caminho contrário.


Isto ocorre quanto mais ele e o público percebem que os macacos evoluídos tem os mesmos defeitos que os humanos tinham. Mágoa, inveja, falsidade, desejo de poder. Sentimentos que Cesar pensava ter deixado pra trás quando criou sua colônia acabam o acompanhando e funcionando como uma importante metáfora de Matt Reeves contra o preconceito, especialmente aquele baseado em raças. Indo mais além, é também uma crítica política aos males causados pelo extremismo retratada através do personagem Koba.

Por outro lado, seu filme acaba sofrendo pelo formato episódico. Diferente do primeiro, onde tanto o vírus quanto a ascensão de Cesar eram eventos que levavam a uma escalada cada vez maior, aqui tudo se fecha tão perfeitamente em si mesmo que o gancho no final soa forçado. Tanto que os tais outros humanos nem sequer aparecem, são apenas citados pelo personagem de Gary Oldman.


Particularmente eu não vejo mais porque trazer o Cesar pra um novo filme (como mencionei, ele já completou um ciclo), mas parece ser a intenção dos produtores conduzir a narrativa da nova franquia até o ambiente mostrado no filme original de 1968, e do qual já tivemos um aperitivo na metade final de Planeta dos Macacos - O Confronto.

Só que ainda falta pelo menos mais um filme pra se chegar lá. É bem provável que a terceira parte dará mais um salto no tempo e só aí veremos como os Macacos escravizaram os Humanos, tornando-se a raça dominante perante eles ao mesmo tempo em que perderam a luta original de Cesar pela Liberdade, ao tornaram-se prisioneiros de um reflexo dos seus antigos senhores.






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