sexta-feira, 14 de março de 2014

Climatinê: Pompéia

por
Corto de Malta

Um gigantesco desastre natural responsável por uma das maiores tragédias da História da Humanidade já havia rendido um filme, Os Últimos Dias de Pompéia, e aqui ganha uma nova versão no Cinema pelas mãos de Paul W. S. Anderson.

Pompéia acompanha as aventuras de Milo (Kit Harington), um guerreiro Celta que tem sua família morta pelo Império Romano, vira escravo e, para sobreviver, torna-se um gladiador famoso com o passar dos anos.


Quando é enviado para lutar na cidade à beira do vulcão ele precisa salvar sua amada Cassia (Emily Browning), a bela filha de um comerciante rico que foi prometida ao corrupto Senador Romano Corvus (Kiefer Sutherland), o assassino de seus pais, contando com a ajuda de um gladiador rival Atticus (Adewale Akinnuoye-Agbaje) que se torna seu grande companheiro.

O que ninguém esperava era que a violenta erupção do Monte Vesúvio causasse a completa destruição da cidade de Pompeia. Agora Milo tem que lutar contra o tempo por vingança, por amor e por sua própria sobrevivência.


Sim, Pompeia tecnicamente é uma mistura de Gladiador com Titanic, só que numa escala muito maior. Isso poderia render um épico ainda maior do que esses dois filmes citados foram... mas não rende. É o melhor filme de Paul W. S. Anderson, mas fica aquém do que poderia ser caso ele explorasse mais os aspectos humanos da catástrofe histórica.

É necessário admitir que, mesmo com uma trama clichê, toda a primeira parte da trama é em geral bem costurada. Acompanhamos a saga de Milo desde criança na Britânia até sua viagem a fatídica Pompéia já adulto, onde conhece Cassia e Atticus e reencontra seu algoz, Corvus. Acompanhamos momentos interessantes envolvendo a política local e a eterna relação de tensão dos cidadãos de Pompéia com seus algozes romanos, assim como entre os gladiadores escravos e seus senhores.



Pouco a pouco, porém, o verdadeiro protagonista vai dando as caras no longa metragem: o vulcão do Monte Vesúvio. O herói é um dos poucos que percebe que algo fora da normalidade está pra acontecer, mas os demais não lhe dão ouvidos e quando é tarde demais todos se refugiam na crença de que aquele é um castigo dos deuses.

De fato Anderson parece querer dizer que Pompeia foi punida por sua relação de estagnação frente ao Império, por aceitar sua posição de "escrava". Isso fica claro no assédio de Corvus sobre Cassia e na (falta de) reação dos pais dela.


No entanto, esse aspecto fica bem deixado de lado conforme se desenrola a segunda parte da trama que trata dos efeitos devastadores da erupção. O roteiro, que até então vinha entregando grandes sequências de ação como a teatralização do Massacre do povo Celta se perde em situações risíveis e diálogos rasos. Os personagens em várias ocasiões parecem esquecer que estão diante de um cenário apocalíptico e encontram tempo para gestos absurdos, como párar para pegar água num poço, visitar os parentes mortos e até mesmo arrumar uma briga por causa de mulher...


 Salvam-se os efeitos especiais, tanto das chamas e cinzas do vulcão sobre a multidão como do maremoto ocasionado pela força da erupção. O desfecho da situação em que heróis e vilões se encontram pode não agradar todos, mas ao menos foi uma saída digna e corajosa, onde claramente o roteiro procura reencontra o rumo nos momentos finais.


Em termos de interpretação, os personagens de Sutherland e Browning são completamente clichês, enquanto Kit Harington se esforça mais em emprestar dignidade ao seu herói marcado por um trágico destino. Os pais de Cassia, vividos Jared Harris e Carrie Ann-Moss, se saem melhor enquanto tem destaque e definitivamente o Atticus de Adewale Akinnuoye-Agbaje é o melhor perosnagem do filme e sua relação com Milo a coisa mais verdadeira que vemos na tela.



Ainda assim fica a sensação que o diretor poderia ter aprofundado o tema, e que o resultado poderia ter sido muito melhor se ao menos Pompeia, o filme, conseguisse nos fazer torcer pelos seus personagens, dando mais representatividade para uma tragédia tão marcante como a que sucedeu sobre Pompeia, a cidade.


Um comentário:

msbbw39 disse...

Lembrando que Paul W.S. Anderson é mais lembrado por ser o responsável pela cine série Resident Evil. Bom texto.

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