Especial: Cadernos do Festival do Rio 2011 - Parte 1

Acompanhe com a galera do Clímax as sessões e alguns dos filmes mais interessantes do Festival do Rio, seguindo nossas anotações cinéfilas.

Bom, o Festival do Rio abriu na quinta, dia 06/10 com o longa-metragem A Pele Que Habito de Pedro Almodóvar, mas só consegui assistir a primeira sessão sexta. Tem muita coisa interessante acontecendo. Filmes novos do Almodóvar, Abel Ferrara, Takashi Miike, David Cronenberg e mais uma porrada de gente. Também existe a oportunidade de acesso a filmes de países que jamais viriam por aqui pelas vias normais das distribuidoras, além de Mostras muito legais dedicadas a obras de alguns cineastas em particular. A que mais me chamou a atenção é a do mestre do horror italiano Dario Argento, que está acontecendo no CCBB e vai seguir até depois do fim do Festival.

O próprio Dario esteve no Brasil e participou de palestras antes e após exibições especiais no ODEON, em Botafogo e no próprio CCBB. Sem dúvida o grande momento desse Festival pra mim foi tê-lo visto e falado pessoalmente com ele! Mas isso fica pras próximas partes do Especial.

Enquanto isso, vamos aos filmes que eu assisti no primeiro fim de semana, seguindo umas regrinhas básicas que estipulei pra esse especial. A principal é que cada texto de cada filme deve ter 10 linhas. Convidei mais redatores do Clímax pra participar, vamos descobrir depois quem topou ou não...



DIA 07/10 SEXTA

Giallo - Reféns do Medo (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB

 Em Milão, belas mulheres são sequestradas torturadas e mortas por um serial killer conhecido como Giallo (amarelo em italiano). A irmã de uma delas, Celine (Emmanuelle Seigner), recorre a ajuda do atormentado policial Enzo (Adrien Brody) para resgatá-la. Enquanto investigam o crime Enzo vai aos poucos revelando a Celine seu perturbador passado.
Giallo é por enquanto o filme mais recente de Dario Argento (ele está filmando Drácula 3D), produzido em 2009. Decepcionou muita gente que não compreendeu bem o filme. Apesar do nome ele não é um Giallo, o famoso gênero italiano que conta histórias de assassinos misteriosos de luvas negras. É uma história de serial killer moderna e nada brilhante cujos pontos mais interessantes são justamente as referências que faz aos giallos, seja na brincadeira com a identidade do assassino ou no flashback do protagonista. Tire isso e é só um filme nada original e com final forçado com maior cara de ter sido imposto pelos produtores.






Prelúdio Para Matar (Mostra Dario Argento)
CCBB

Uma obra-prima. Só assim mesmo pra definir Prelúdio Para Matar. Na trama muito bem arquitetada o pianista inglês que dá aulas na Itália Marcus Daly (Davis Hemmings) testemunha da rua o assassinato de uma médium (Macha Méruim) na janela de seu apartamento ao lado do amigo Carlo (que aparentemente estava bêbado demais para perceber o que ocorria). A mesma médium horas antes havia lido a mente de um assassino numa platéia lotada durante uma sessão e por isto se tornado sua vítima. Com ajuda da esperta repórter Gianna e tendo o assassino em seu encalço Marcus se embrenha cada vez mais no labiríntico mistério bolado por um Argento no auge da sua criatividade macabra.
O pianista fica obcecado por não conseguir lembrar de algo importante na cena do crime, o que rende um antológico diálogo com seu amigo Carlo (Gabriele Bravia). Outra grande sacada é a escalação de Hemmings para um papel tão parecido quanto diferente do que fizera em Blow Up - Depois Daquele Beijo.



DIA 09/10 DOMINGO

A Chave de Sarah (Panorama do Cinema Mundial)
Local: Cine São Luiz

A jornalista norte-americana Julia (Kristin Scott Thomas) descobre que o apartamento da família de seu marido francês pertenceu outrora a uma família judia que foi tirada de lá após a invasão nazista em Paris na Segunda Guerra, durante o episódio do Vel' d'Hiv, quando as próprias autoridades francesas reuniram milhares de judeus amontoados em condições sub-humanas num velódromo local. Logo, ela descobre os trágicos detalhes envolvendo as crianças da família, Sarah ( Mélusine Mayance) e seu irmão,o pequeno Michel (Paul Mercier), enquanto examina seu casamento e sua vida.
Estava na expectativa por essa adaptação e devo dizer que achei fraca. Parece só mais um filme sobre o Holocausto e não devia ser. Mudaram muita coisa do livro, em especial o fato dos pais de Sarah saberem do segredo da chave. Tornaram até sua mãe cúmplice tirando todo o caráter intimista do livro. A participação de Aidan Quinn como filho de Sarah salva, mas também perdeu-se a leitura das cartas dela.



Terror na Ópera (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB

 

Macbeth é uma peça amaldiçoada. Segundo dizem, suas montagens sempre acabam em tragédia. No Teatro Scala de Milão não é diferente. Após a Soprano Maria Cecova sofrer um estranho acidente e ser substituída pela jovem Betty, misteriosos assassinatos começam a ocorrer, tanto de funcionários e equipe do teatro e até mesmo de corvos usados no espetáculo. Para desespero de Betty o assassino mascarado revela um fetiche macabro que fez a fama do longa-metragem. Obcecado por ela, ele a amarra, amordaça e prende agulhas debaixo de seus olhos, obrigando-a assim a assistir cada assassinato.
Terror na Ópera é um dos grandes exercícios estilísticos de Argento, que só vacila em certas reações da protagonista, que demora a revelar ser alvo de um psicopata, além da falta de um esclarecimento sobre a história de sua mãe. Mas as grandes sacadas estão lá: a participação da garotinha, o boneco incendiado (forçado, mas genial), a troca de identidade do guarda com o assassino e a cena da vingança dos corvos!


Em breve, a segunda parte do Especial...