sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um Pixel de Prosa: Um Ano da Revista Vertigo/Panini, e daí?





O CLÍMAX orgulhosamente apresenta sua nova coluna, Um Pixel de Prosa, pelas hábeis mãos do Dr. House:



Olá, eu sou o Dr. House. Sob protestos, vaias da maioria dos leitores de blogs espalhados pelo Brasil, fui convidado por Corto Maltese para escrever algumas palavras para este blog. Aceitando o convite, pensei em como poderia começar…

Escrever uma coluna não seria uma boa idéia, pois limitar-me-ia a assuntos específicos e a uma periodicidade que não poderia manter. Decidi, então, escrever um texto semanal mais longo, analisando alguns aspectos daquilo que conheço desde meus 7 aninhos de idade.

Não, senhores, não se trata de Vicodin, mas de histórias em quadrinhos. Assim, sendo, semanalmente (espero), publicarei um pequeno texto sobre um tópico não-relacionado desse tema.

Espero que possamos discuti-lo com o afinco que merece os objetos amados…

Desde outubro de 2009, vemos que a revista Vertigo mudou de mãos. Sai a Pixel Editora, uma filial dentro da Ediouro, e passa às mãos da Panini.

Como tradicionalmente ocorre com material visto como alternativo no Brasil, a Vertigo da Pixel (chamada de Pixel Magazine), em seu final, apresentava o seguinte mix: Ex Machina – uma história alá Homem de Ferro com implicações políticas interessantes; Freqüência Global – que dispensa comentários; Constantine – o bom e velho John e suas prezepadas místicas; Y – O último homem – uma história cheia de potencial que ainda não engrenara de fato; DMZ – Terra de Ninguém – para mim, a cereja do bolo. Seu 21º número mostrava ao público brasileiro, senão o que havia de melhor, histórias com uma ótima qualidade artística, tanto nos desenhos quanto do ponto de vista narrativo.

Depois de quase um ano sem termos notícias, eis que surge nas bancas Vertigo#1 pelas mãos da Panini Comics. Algumas mudanças foram realizadas para, segundo o fórum, manter o ritmo das publicações da editora anterior.

A primeira edição apresenta o seguinte MIX: Lugar Nenhum – revista de conta a periferia do universo fantástico criado por Neil Gaiman, mas trata-se de uma revista escrita por outros autores; Constantine – o bom e velho John em uma saga escrita por Mike Carey que não é aquela que estava por terminar na Pixel Magazine;Sadman Apresenta: A Tessalíada – uma paródia à saga do herói, completamente dispensável; Escalpo – a saga de um índio do FBI que é usado para derrubar um cartel de drogas em plena reserva indígena; e Vikings – aclamada saga que narra histórias do período desses guerreiros.

A pergunta que ficou foi: onde estariam ZDM, Ex Machina e Frequência Global que eram publicadas na Pixel Magazine? Além disso, cadê o final da saga do Constantine publicada por lá? A editora decidiu lançar somente um preview na revista, anunciando que essas edições viriam sob a forma de encardenados (começados do zero) e com distribuição em livrarias, ou seja, em edições caras com acabamento profissional, enquanto que Vertigo#1 apresenta um acabamento de merda e o mesmo preço da Pixel Magazine

O engodo ainda não para por aí: na quarta edição, temos o final de Tessalíada, uma história completamente dispensável sobre uma maga que tem de percorrer as instâncias do herói para que possa enfrentar os inimigos que ela, desde o início da história, sabem quem são. Mas, o pior são os desenhos confusos da dupla Shawn McManus e Andrew Pepoy, que tornam a história mais parecida com um desenho animado antigo da Warner, o que não combina com a história em si. Além disso, em todas as edições temos um preview de algum lançamento da editora, o que retira páginas do leitor e mais páginas do que os simples comerciais que ainda existem nas edições. Vamos a uma relação desses previews:
  • Segunda edição – Fábulas
  • Terceira edição – Hellblazer – Congelado (a saga que a Pixel Magazine não pôde terminar de publicar) e Authority vs Lobo (mas o que isso tem de relação com universo Vertigo? NADA!)
  • Quarta eidção – Preacher – Salvação, e Batman vs. Deathblow (mais uma vez: isso é Vertigo onde? Na casa do menino que perdeu o pinto?)
  • Quinta edição – Os perdedores, e Sandman – Edição Definitiva Volume 01 (agora, sim!!!! Duas edições que podemos chamar de Vertigo)
  • Sexta edição – Loveless – Terra sem lei, e Transmetropolitan – De volta às ruas (mais uma vez: “Parabéns, Panini!”)
  • Sétima edição – Fábulas – Volume 5 (Hã?! Mas eles só deram o preview da primeira?!?!), Oceano, e Ex Machina – Marcha à Guerra (ok, Wildstorm não virá com deboche, ok?)
  • Oitava edição – Hellblazer – Highwater, pecados do passado, e 100 Balas – Inevitável Amanhã
  • Nona edição – Y – O último Homem: Um pequeno passo (ué? Só isso?)

Os previews somem a partir da décima edição, mas o estrago já foi realizado. As pessoas que compraram até a edição 9, na verdade compraram 8 revistas. Como cada preview consumia o espaço de 2 a 3 páginas por lançamento, os leitores pagaram 9 revistas e somente leram 8 mixes. Parabéns, Panini! Mais uma vez enganando os leitores com suas propagandas de reformulações, etc. etc. etc.

Na quinta edição, Tessalíada dá lugar para Casa dos Mistérios – ótima série ambientada no universo estranho de uma casa em que há um bar. Nesse bar, os consumidores pagam seus porres, contando histórias e ampliando ainda mais o caráter fantástico da saga, a única ressalva é que, por vezes, a história não consegue passar de uma inocente utilização de clichês literários (que não vou explicá-los aqui, mas posso fazê-lo nos comentários), tornando algumas edições tediosas ao extremo.

A revista segue de maneira irregular, pois a qualidade das histórias varia de maneira absurda – Tessalíada foi horrível; Escalpo, Hellblazer e Vikings são as melhores histórias; e Casa dos Mistérios e Lugar Nenhum mostram-se, até a quinta edição, fracas, fracas.

Na nona edição, chegamos a segunda saga de Vikings. No momento em que Lugar Nenhum e Casa dos Mistérios melhoram, Vikings piora. Esta saga poderia ter sido pulada para a do papai psicótico, muito melhor, apesar dos desenhos que ferem a proporção aclamada nas HQ’s americanas. A décima edição mostra uma nova mudança: sai Lugar Nenhum (que só contou a saga da Porta) e entra Vampiro Americano (idealizada por Stephen King, o idolatrado autor dessa nova geração de nerds, pois EMO NÃO É NERD!!!! Desculpem, foi o Vicodin…).




Ou seja, a tópica da Vertigo/Panini está no fato de nunca engrenar uma história ou continuar um mesmo título, mas continuemos a análise, pois, quem chegou até aqui merece ver o que acontece até a edição 12, certo? Vampiro Americano não apresenta uma, mas duas histórias – uma delas tem até argumento do Stephen (grande merdas… Vicodin de novo…). A décima segunda edição mostra uma nova saga dos Vikings. Agora temos um papi psicótico que perdeu suas terras para os Vikings e quer vingança. O rei manda um talhado, porém velho, guerreiro para rastreá-lo e matá-lo.

Dessa forma, temos uma interessante história se inciando, juntamente com Escalpo que pega fogo mantendo o clima de tensão e Hellblazer que mantém sua forma sombria e aterrorizante. Vampiro Americano passa, então, a ser o ponto fraco da edição, pois a tentativa de explicar a ascensão do primeiro Vampiro e a sua participação em plena forma na edição anterior tornam a história um tanto desorganizada. A décima segunda edição, completando o ciclo, mostra-se semelhante a anterior… E não apresenta nenhum final de saga, mas promessas para o ano de 2011.

Talvez, o maior problema da Vertigo/Panini seja realmente uma escolha comercial. Afastando ZDM e Y - O último homem do mix a Panini teve de se virar e rebolar com histórias por vezes questionáveis, por vezes sofríveis e com a falta de ética de ROUBAR dos leitores uma edição inteira com previews e explicações que estão na wikipedia ou mesmo no site da própria editora no Brasil.

Pergunto-me: quando será que a Disney vai começar a por a mão na massa e a Warner/DC a olhar com respeito o mercado brasileiro… Hum… A DC tá publicando algumas coisinhas de novo com a Abril, não é mesmo? Mas isso é papo para outro post…

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