sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Governo de Tóquio aprova lei que prevê Censura pesada a Animes e Mangás

por
Corto de Malta

Método de proteção juvenil saudável. É assim que o Governo Metropolitano de Tóquio está chamando uma polêmica lei que vai censurar o sexo e a violência nos mangás, as histórias em quadrinhos japonesas.

Segundo o site OtakuPT, alguns parâmetros da lei, que se extende também a animes e games, seriam:

- Proibir atos sexuais ou simulação dos mesmos que seriam ilegais na vida real (como pedofilia) ou incesto.
 Ou seja, a intenção é banir aquelas histórias de colegiais japonesas como objeto de desejo ou mesmo qualquer história de conteúdo mais adulto e polêmico e eliminar completamente o Hentai, a variante pornográfica de animes e mangás.

- Proibir atos que glorifiquem ou exagerem a violência de forma desnecessária.
 Isso afeta drasticamente várias histórias do gênero Shounen, todas aquelas aventuras de ação que são sucesso a anos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball etc. e também elimina completamente as histórias de terror explícito.
Como a lei não é específica nesse ponto (e em vários outros também) ficaria a critério do governo metropolitano de Tóquio decidir o que seria "exagero" ou "desnecessário".

- Aplicação sobre todos os conteúdos que sejam prejudiciais para o correto desenvolvimento da sexualidade dos jovens e o governo metropolitano de Tóquio terá poder unilateral para banir qualquer conteúdo onde o ato sexual ou sua simulação seja considerado corruptivo da ordem social.
Esta parte afeta diretamente o gênero Shoujo, histórias para meninas, como Sailor Moon e os mangás do CLAMP, além de banir totalmente o gênero Yaoi, histórias homossexuais entre homens. Esse é para mim o ponto mais polêmico da lei, porque aí já soa como um ataque aos direitos humanos.
Acontece que o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, é homofóbico e já declarou que homossexuais seriam seres geneticamente imperfeitos e criaturas deploráveis.

 A intenção dos políticos japoneses é desestimular prograssivamente a produção de tais conteúdos por parte das editoras, ora proibindo, ora taxando como prejudicial  certas publicações. Se a Editora publicar material que vá contra a lei seis vezes por ano, o governo de Tóquio terá poderes para expô-la a uma espécie de malhação pública.

O primeiro ministro japonês, Naoto Kan, se manifestou contra a lei dizendo que tão importante quanto o crescimento saudável das crianças era a transmissão das animações japonesas para o mundo. De nada adiantou. A lei foi aprovada pelo Comitê e pela Assembléia de Tóquio e entrará em vigor em julho de 2011.

As editoras e artistas já se mobilizaram contra boicotando o evento Tokyo International Anime Fair 2011, que é organizado pelo governo metropolitano de Tóquio. Mas o fato é que as consequências da censura provocada pela lei podem tomar uma proporção incontrolável, ainda que ela se restrinja a Tóquio.

É nessa cidade que estão concentrados o mercado de animes e mangás. É lá que ficam os grandes estúdios e editoras, assim como é nas emissoras de lá que são transmitidos as principais animações, as quais muitos acreditam que sairão do ar por não se enquadrarem nos pré-requisitos da lei. Essa situação afeta também, claro, outros países consumidores, mesmo os que só conseguem esse material pela internet.

Curiosamente, existe um detalhe da lei que diz "excluindo imagens da vida real". A intenção disso é aliviar a barra de seriados e filmes, pois assim facilitaria a aprovação dessa censura descarada, deixando claro que o objetivo concretamente é atacar os mangás e os animes.

Um comentário:

L disse...

Investir na educação ninguém quer né? Por isso que político tinha que estudar mais que médicos, engenheiros, advogados, fazer testes, etc.
Como um professor de história meu disse uma vez: tivesse o pai da Bela Adormecida ensinado ela a nunca tocar num tear, ele nao precisaria queimar todos os que existiam.

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