domingo, 19 de dezembro de 2010

Caderno do L: Review - O Santuário de Lorna Love (1976)

por
L

Em minha estreia, vou falar sobre um filme que dificilmente alguém com menos de 35 anos tenha visto. “Então por que vai falar dele?”, você se pergunta. Primeiro porque sites de jovens nerds existem às pencas. Ninguém se preocupa com os velhos nerds não? Segundo porque o tema suspense/terror vai ser um tanto recorrente de minha parte já que é um dos meus temas favoritos. 


Não tenho a pretensão de ser um Boca do Inferno, que já faz um trabalho muito bom e creio que eu não teria muito o que acrescentar, o que nos leva ao Terceiro, que é falar de coisas que quase ninguém fala e que pretendo usar como diferencial.
 Na verdade, O Santuário de Lorna Love (Death at Love House) tem um valor afetivo: sempre escutava meus irmãos falando sobre o filme, e do quanto tinham medo quando criança. Claro que fiquei com vontade de ver, mas é um filme bem raro de se achar (pela internet, diga-se de passagem... E por isso tive que pagar uns 20 reais a um vendedor para ver um filme com qualidade de VHS). Mas também vi outros relatos de pessoas que também ficaram marcadas por este filme, e por isso resolvi escrever.

Feito para a tv, estreou em 1976. Possui poucas informações pela internet, então tudo que irei escrever aqui vai mais no “achômetro” mesmo (aviso logo, não só nesta coluna que sou um tanto preguiçoso para pesquisar as coisas). Então chega de conversa e vamos para o filme.



História: (SPOILERS)

Joel Gregory Jr. (Robert Wagner, de Casal 20) e sua esposa Donna (a “Pantera” Kate Jackson) são jornalistas que pretendem escrever um livro sobre a mais famosa atriz de sua época, Lorna Love, morta em 1935. Para Joel é uma missão pessoal, já que seu pai viveu um grande amor com Lorna.
Para isso, hospedam-se na mansão Love, guiados por Oscar, um representante do estúdio que preserva a casa. A mansão é administrada pela governanta, Clara Josephs, que diz estar lá desde os tempos em que Joel e Lorna moravam juntos.
Na sala, vemos um hipnotizante quadro de Lorna (Marianna Hill, a esposa de Fredo em “O poderoso chefão – parte 2), pintada por Joel pai. Já em seus quartos, Donna vê algo estranho pela janela: uma mulher vestida de branco correndo em direção ao santuário. Chegando lá, Donna vê o corpo perfeitamente conservado de Lorna, mas nem sinal da mulher.
Mais a noite, no meio de uma tempestade, o casal é visitado por Conan Caroll (John Carradine), o diretor que diz ter ensinado tudo a Lorna, mas depois foi completamente destruído por ela (embora sem mencionar o que ela fez exatamente). Depois de falar sobre um curandeiro com uma capa preta com um bode nas costas, a qual exercia influência sobre Lorna, o diretor resolve ir embora sem motivo aparente, no meio da chuva.
Porém, ele não deixa a propriedade, apenas a casa, e se dirige ao santuário onde está o corpo de Lorna. Mas um vulto com a mesma capa do tal curandeiro o segue. Ao vê-lo, o diretor sofre um enfarte e morre de susto.
No outro dia, assustada, Donna encontra uma foto do casal sem a parte em que ela deveria estar, junto com uma adaga. Joel não dá importância, achando que Donna está sentimental pela gravidez, além do fato de estar mais interessado em tentar descobrir mais sobre o pai, com quem nunca chegou a ter uma relação.
O próximo passo é ir conhecer Denise, uma mulher que era a grande rival de Lorna no cinema, e que também a odiava (também sem dizer o motivo, embora possa ser por Lorna ter-lhe roubado Joel). Denise conta do Pai do Fogo Eterno (eita nominho de seita) e o quanto Lorna queria ser eternamente jovem.
Na mansão, enquanto Donna está no banho, a figura misteriosa abre o gás e tranca a porta. Joel enquanto isso está sonhando com seu pai e Lorna dançando. Por sorte, Joel chega a tempo e a salva.

Apesar do susto, no dia seguinte vão conversar com Marcella Geffenhart, a presidente do fã-clube de Lorna Love. É claro que Marcella é apenas elogios para Lorna, mas em sua casa Donna encontra uma adaga idêntica a que fora usada para cortar sua foto. A visita não dura muito, mas Donna diz ter certeza que foi Marcella quem ela tinha visto correndo com a roupa branca no outro dia. Porém Joel se mostra distante.

À noite, Donna vê de novo a mulher de roupas brancas correndo em direção ao santuário. Ela corre atrás, mas não a alcança. Ao voltar, encontra Joel no quarto que era de seu pai e Lorna, tendo alucinações e dizendo o nome de Lorna.

Na manhã seguinte, Donna resolve ir embora da casa, mas Joel fica. Num jantar com Oscar, Donna fica sabendo que após se separarem, Lorna fez um ritual com o Pai do Fogo Eterno para ter Joel de volta. A cerimônia envolvia fogo, mas algo deu errado, e Lorna foi seriamente queimada. Oscar conclui que o corpo no santuário deve estar perfeito devido a maquiagem, e sugere a Donna que volte à mansão para resgatar Joel, antes que seja tarde demais.

Ao voltar à mansão, Donna vê Marcella com as roupas brancas, e a segue até uma capela em que Lorna usava com o Pai do Fogo Eterno. Lá encontra a sua foto junto com a adaga. Também encontra Marcella, mas esta diz “não teve coragem de fazê-lo” (fazer o quê?). Olhando pela capela, Donna encontra a máscara da governanta Clara Josephs e conclui que ela na verdade é Lorna Love.

Correndo em direção à casa, ela encontra Joel deitado junto a Lorna, agora sim, desfigurada pelas queimaduras. Lorna foge, e Joel, fora de si, empurra Donna e vai atrás de Lorna.
Donna encontra Joel e Lorna no santuário. Com a esperança de ficar com Joel para sempre, Lorna incendeia o lugar. Porém, Donna consegue resgatar Joel e os dois escapam, e a estátua de cera assim como Lorna queimam.
No dia seguinte, Joel e Donna dizem que Lorna finalmente conseguiu o que queria: ser adorada para sempre.



Crítica:

Bom, devemos lembrar que “O Santuário de Lorna Love” é um filme feito para a televisão. Portanto, não espere nada muito revolucionário. Talvez possa-se dizer do fato que o diretor fez um filme de suspense praticamente sem violência alguma é algo bem raro. Apesar de uma tentativa, nenhum assassinato é cometido e não há uma gota de sangue.

Creio que o grande problema no filme é explicar muito pouco. Até que com uma certa dose de imaginação você pode preencher as lacunas, mas considerando que o filme tem apenas 71 minutos, gastar alguns minutinhos a mais não seria de todo mal. Os flashbacks que deveriam elucidar melhor a história ou a forte personalidade de Lorna são completamente desperdiçados.

O que Lorna fez de tão mal a seu ex-diretor? E à sua rival? Por que diabos Marcella saia correndo pela casa com uma roupa branca? O que ela não teve coragem de fazer? Qual o motivo de Lorna e Joel terem se separado? Por que duas vezes é dito que “Joel quebrou todos os espelhos antes de ir embora da casa”? Como Kate Jackson deduziu que quem corria pela casa era Marcella, tendo visto apenas uma vez e bem de longe? Visão biônica?

Claro, pode-se concluir que Lorna era tão ligada à sua beleza, que a influência do Pai do Fogo Eterno com a promessa de beleza eterna incomodava Joel. Numa briga, ele quebrou os espelhos e foi embora. E Lorna pediu para Marcella tentar enlouquecer Donna e depois mata-la.

O problema é que em nenhum momento dos flashbacks mostrou a preocupação obsessiva de Lorna com sua beleza. Mostrou-se apenas os bons momentos entre os dois. Uma briguinha viria bem a calhar.
 Também é difícil imaginar o que motivaria Lorna a viver mais de 40 anos sem as duas coisas que mais amava: sua beleza e Joel. Tudo isso na esperança que um dia o filho de seu amado viesse e eles pudessem ficar juntos. Isso sim que é planejar a longo prazo.

Alguns personagens são bem dispensáveis, talvez incluídos apenas para aumentar o número de suspeitos. E o de mortes, embora não seja isso que aconteça. Conan chegou na maior tempestade, ficou 5 minutos e depois tinha de ir embora. Denise também não acrescenta praticamente nada. Fica parecendo um jogral, em que cada personagem tem apenas uma frase que acrescente algo (e que no final não tem a menor importância).

Marianna Hill é até bonita, mas não consegue passar a dualidade de Lorna. O roteiro não ajuda, mas falta ar de mistério, de uma mulher intensa capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quer.
Apesar de criticar bastante os erros, o filme também tem seus acertos. Colocar o quadro quase todo o tempo é um deles. E em comparação com certos filmes recentes de terror adolescente, Lorna Love ganha fácil, inclusive do badalado “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”.



O que eu mudaria:

Ficar criticando é sempre muito fácil. Mas na hora de dar uma ideia ou uma sugestão ninguém aparece. Então nesta sessão vou tentar dizer o que tornaria o filme melhor, pelo menos para mim.

Especificamente, quanto a este filme, não tirem sarro no que vou dizer, mas acho que poderia se inspirar um pouco no episódio A mansão mal-assombrada, versão 2, do Chapolin Colorado. Claro que o orçamento é baixo, a história parte pra comédia e eu era uma criança quando vi. Mas algumas coisas poderiam ser aproveitadas.

Acabar logo de cara com o mistério da mulher de branco foi um grande erro. Algumas imagens dela de perto, rondando a janela da casa seria uma boa. Ainda que ninguém no filme a visse, causaria aquele suspense no público.
Um jardineiro caberia perfeitamente na história e colocaria um suspeito na trama, aumentando o clima de suspense.



Prós:

- Baseia-se mais no suspense psicológico do que físico.
- Kate Jackson é lindíssima e consegue carregar o filme sozinha.
- Por ser curto, pode até ser um bom programa em fim de noite.
- Pelo menos tem alguns sustos.



Contras:

- A imagem é muito ruim. E peguei duas versões diferentes, sendo uma supostamente de DVD.
- Robert Wagner e Kate Jackson não possuem uma química de um casal 20.
- Flashbacks completamente desnecessários.
- Uma Lorna Love que não consegue passar um ar de mistério. O quadro é melhor que ela.
- História muito corrida e com furos.
- Não conseguiu explorar sustos que seriam clichês, mas necessários.
- Não criou um clima de mistério do tipo “quem é o assassino”.
- Joel não dá sinais de tanta loucura como Jack, em “O iluminado”.
- Particularmente odeio todas as histórias em que pessoas se disfarçam



Nota:

Para dar notas aos filmes, vou escrever como se fosse o boletim dele, e tratar como um aluno. Vou usar mais ou menos o critério que era da minha faculdade:

De 0,0 a 3,9 – Reprovado direto – Destinado aos filmes em que praticamente nada se salva. Seria mais fácil pegar o filme e refaze-lo inteiro. Ou seja, bomba direto.

De 4,0 até 6,9 – Recuperação – Você pegou a essência, mas não soube desenvolvê-la. Seriam necessárias reformulações de cenas inteiras.

De 7,0 até 10,0 – Passou tranquilo – Pode ter alguns erros pontuais mas já é ótimo sem qualquer alteração.

Nota: 5,0. É... Passou vai... Fez substitutiva, exame, recuperação e eu ainda tem 0,1, na nota, mas passou.
Obs: Não se preocupem, meus próximos posts não devem ficar tão longos




5 comentários:

Corto de Malta disse...

Ah, eu adoro esses filmes trash. OS feitos pra Tv então já eram naturalmente trash.

JFelipe disse...

Bem que você podia mostrar um pouco de generosidade e postar a sua cópia no depositfiles hein ou no 4shared? Se fizer isso, me avise: jfspringsteen@gmail.com
Tenho uma cópia do filme, mas estou interessado mesmo é numa cópia legendada, coisa que não tenho.

Miula disse...

Eu gostei do filme. É simples, mas é melhor do que muita bagunça desajeitada de hoje em dia, onde tem muita ação e pouca história.

Corto Blog Maltese disse...

Sete anos depois, finalmente vi o filme. HAHAHAHAHA!!!
Sobre o elenco, a Sra. Phillips é interpretada pela Sylvia Sidney, grande estrela do cinema clássico. A história parece com Crepúsculo dos Deuses misturado com um filme clássico de terror.

Realmente, como diz o L, muitos personagens aparecendo e sumindo e muito poucas explicações. Afinal, o que era a seita do Pai do fogo Eterno? Ele morreu no incêndio que deixou Lorna desfigurada? Como Oscar nunca desconfiou de nada se ele chegou a conhecer Lorna no passado? Lorna planejou por 40 anos esperar que o filho de Joel crescesse e tinha que certeza que teria a mesma aparência do pai? Ou, por acaso, ela viu a foto dele no presente e aí pirou de vez tendo esse plano maluco? Como Donna e Joel não desconfiaram da governanta quando viram que alguém rasgou a foto deles que estava na gaveta? Quem era aquele outro diretor que substituiu Conan e apareceu no flashback do Joel? Joel estava sendo hipnotizado com as práticas de magia negra que o Pai do Fogo Eterno ensinou a Lorna? Marcella foi presa? Por que a Sra. Philips foi atrás do Conan naquela noite no Santuário?

Mas discordo sobre a Denise. Ela explicou muito bem que, mesmo antes de roubar o pai do Joel dela, Lorna já a havia sabotado no estúdio, depois a fez ser demitida e atrapalhou suas chances de ser contratada em outros estúdios. O Conan é que realmente morreu devendo explicações. A trama também não chega a surpreender, estava na cara quem estava por trás de tudo e que o motivo estava ligado ao fato de Joel ser fisicamente igual ao pai. Mas a reviravolta envolvendo a verdade sobre o cadáver no Santuário foi realmente bem bolada.

No geral, eu gostei do filme, tem uma boa atmosfera de mistério, só poderia ser mais bem executado como o L lembrou. Quem sabe não ganha um remake?

Renata disse...

Eu adoro este filme é temos uma piada interna na família com ele Kkk Kkk.

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