...pelo menos no mundo dos Quadrinhos.
O cineasta indiano-americano Ram Devineni decidiu contar em quadrinhos a história de uma jovem chamada Priya que, vítima de estupro, decie combater crimes de gênero na Índia com a ajuda da Deusa Parvati.
Nasceu assim a HQ Priya's Shakti.
O autor disse que se inspirou na comoção causada pelo caso da estudante de 23 anos, estuprada e morta por vários homens num ônibus em Nova Déli:
"Eu estava em Déli quando os protestos começaram e me envolvi em alguns deles. Eu conversei com um policial e ele disse uma coisa que me surpreendeu. Disse que garotas sérias não andam sozinhas à noite. A ideia começou desse jeito. Eu percebi que o estupro e a violência sexual na Índia eram culturais e que se sustentavam pelo patriarcalismo, pela misoginia e pela percepção popular".
Devineni se inspirou me uma série relatos para narrar a história de Priya, que é expulsa de casa pelo pai ao contar a violência que sofrera:
"Eu conversei com sobreviventes de ataques de gangues de estupradores e elas disseram que foram desencorajadas por familiares e pela comunidade a procurar justiça. Elas também foram ameaçadas pelos estupradores e suas famílias. Nem a polícia as levou à sério [...] Ela (Priya) é como todos os rapazes e moças que querem viver seus próprios sonhos. Mas esses sonhos foram destruídos após o estupro".
Na trama a protagonista é socorrida pelos deuses hindus Shiva e Parvati. Priya então retorna como super-heroína montada num tigre para vencer seus inimigos. Devineni optou por esses deuses pois 80% da população da Índia segue o hinduísmo. A HQ está disponível em hindi e em inglês na internet.
Ele também convocou artistas de rua e os responsáveis pelos cartazes de Bollywood para pintarem murais baseados em Priya's Shakti na favela Dharavi, em Mumbai, a maior da Ásia. Na Índia um estupro é comunicado a cada 21 minutos.
De acordo com a líder feminista Urvashi Butalia:
"Muitas das mudanças do mundo começaram como ideias. E essa é uma ideia interessante – não há muitas super heroínas".
FONTE: BBC.
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