Criado por uma dupla de artistas japoneses que assinavam unicamente como Fujiko Fujio (e que se consagrariam com o Doraemon), Super Dínamo narra a tumultuada vida do menino Mitsuo, que é escolhido pelo Super Homem (Birdman no original) para ser um super herói usando um kit dínamo, o qual era composto por:
Um capacete/máscara que lhe dá super força, uma capa para voar, um broche com a letra P (Paaman é o nome original do personagem em japonês) que serve de comunicador e tanque de oxigênio, e um robô-cópia para tomar seu lugar na vida civil, o qual tem a aparência de um manequim comum mas se torna uma réplica perfeita de Mitsuo quando ele lhe aperta o nariz.
Por sinal, o nariz da cópia permanece preto, sendo a única diferença entre eles.
O Super Homem por várias vezes exige que Mitsuo jamais revele sua identidade a ninguém senão ameaça puni-lo... desintegrando o garoto com uma pistola (essa parte era muito bizarra!). O mais curioso, no entanto, é que Super Dínamo, de herói individual, acaba se tornando uma equipe.
Juntam-se a Mitsuo primeiro o Bobby, um chimpanzé (!) que vira o Super Dínamo nº 2; depois a Parko, uma menina enigmática, que se torna o Super Dínamo nº 3; depois o Paryan, um menino gordinho que se transforma no Super Dínamo nº 4; e por fim Kōichi, um bebê (!) que vira o Super Dínamo nº 5... Cada qual recebe seu respectivo kit e robô cópia e combatem o crime e os malfeitores em meio à atrapalhadas aventuras.
O mangá se tornou um anime de sucesso nos anos 60 (produzido em preto&branco) que teve um remake colorido nos anos 80 - onde, por alguma razão, o Kōichi não aparecia - e ganhou dois longa metragens animados nos anos 2000. Eu conheci a animação original faz uns dois anos e... posso dizer que foi um dos melhores desenhos animados que eu já assisti. As confusões que Mitsuo arruma pra viver uma vida normal com sua família, seguir as ordens do Super Homem, estudar como um condenado e ainda salvar o mundo com seus colegas Dínamos são deliciosas de se assistir.
É flagrante que o personagem tornou-se popular tanto no Japão quanto no Brasil por traçar um retrato humanizado de um super-herói, coisa incomum na época (ele foi criado em 1967, apenas cinco anos depois do Homem-Aranha nos EUA).
No entanto, acredito que o maior mérito de Super Dínamo é que ele permanece atual em muitos fatores. Os roteiros são simples, porém engenhosos, e os personagens são muito cativantes. Mitsuo ainda é um garoto como qualquer outro de hoje em dia, com uma mãe exigente, um pai cansado, uma irmã chata, uma vizinhança fofoqueira, colegas de colégio que ou fazem bullying nele ou são completamente aficcionados por sua outra identidade... sem contar as vezes em que as DUAS identidades eram odiadas por alguma confusão em que ele se envolvia.
Além disso, também tinha seu lado Super convivendo com bandidos comuns e supervilões, um chefe furioso disposto acabar com sua vida (!) a cada passo errado, um robô cópia teimoso e temperamental e companheiros mais atrapalhados do que ele, exceto por Parko, a garota, cuja verdadeira identidade é Sumire, uma estrela de TV infantil.
Existem vários episódios da série animada original (exibidas nas TVs Tupi e Record nos anos 70) disponíveis no youtube por fãs que decidiram compartilhar uma história que marcou uma geração e merece ser conhecida por outras. O protagonista foi dublado por Glória Ladany e Sônia Moraes no Brasil.
Assista alguns episódios, inclusive o que eu considero o melhor de todos - Super Dínamo Se Demite! - onde (no melhor estilo da HQ Homem-Aranha Nunca Mais!) O Super Homem mostra que não era tão terrível e, de fato, não usaria aquela arma contra Mitsuo... e onde Super Dínamo aprende uma comovente lição sobre a essência de ser um herói.
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