quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Homem De Ferro Sofre Retcons no Cinema e nos Quadrinhos

por
Corto de Malta


Bagunçando a vida de Tony Stark e seu pior inimigo, em diferentes mídias.

Primeiramente a Marvel Studios vai lançar um curta metragem que virá junto do blu-ray de Thor - O Mundo Sombrio.

De acordo com o Latino Review, neste curta Ben Kingsley voltará ao seu papel em Homem de Ferro 3, ou seja, o ator Trevor Slattery que se faz passar pelo Mandarim, enquanto Guy Pearce deverá reprisar o papel de Aldrich Killian, o "verdadeiro" Mandarim, ou melhor, o verdadeiro vilão que usava a farsa do Mandarim como uma cortina de fumaça.



Eis que ambos se verão frente a frente com... o autêntico Mandarim. Este sim, o mesmo tradicional terrorista chinês dos quadrinhos dotado de poderes aparentemente mágicos e verdadeiro líder da organização criminosa 10 Anéis - citada em filmes anteriores da trilogia - que está furioso e quer se vingar da dupla de vilões por usarem seu nome e destruírem legado no longa metragem.

O roteirista do filme Drew Pearce não gostou nem um pouco dessa especulação e declaro que "ninguém vai se desculpar tão cedo pela reviravolta do Mandarim". Mas o fato é que o personagem de Kingsley retornará mesmo num curta metragem.


Parece claro que grande parte do público - seja ele contra ou a favor da mudança do personagem no Cinema - não está compreendendo a questão envolvendo o personagem e está achando que se trata de encaixar ou não um ser com poderes mágicos nos filmes estrelados por Robert Downey Jr. e com certeza não foi esse o problema.



O Mandarim tem a mesma dificuldade de todos os vilões do Homem de Ferro: todos eles tem em comum o fato de serem fruto da Guerra Fria. Em todos você encontra uma crítica ao Comunismo e aos países que seguiam essa forma de governo quando Stan Lee e Don Heck criaram Tony Stark nos anos 60, pois eram inimigos dos EUA.

O mundo não só mudou daquela época pra cá. Ele mudou muito. Apesar da China ainda ser declaradamente comunista ela é o o segundo maior mercado consumidor do mundo. Colocar um vilão chinês estereotipado provavelmente arrasaria com chances de Homem de Ferro 3 obter uma boa bilheteria por lá.

Mais que isso. É só lembrar que Batman - O Cavaleiro das Trevas foi proibido na China por causa da trama envolvendo Law, o tesoureiro da Máfia de Gotham, que fugia com o dinheiro sujo dos EUA e ia se esconder na sua terra natal. Isso explicaria também a crítica a esse mesmo estereótipo em Homem de Ferro 3.



Por isso é engraçado o Drew Pearce dizendo que ninguém vai se desculpar pelo personagem no filme já que a trama dele no cinema foi justamente um pedido de desculpa pro todos os anos de existência do personagem dos quadrinhos. Existência essa que conquistou inúmeros fãs - boa parte deles alheios a toda a questão política  econômica envolvendo EUA e China - e são esses mesmos fãs que estão reclamando agora.

E, por falar nos quadrinhos, outra decisão "criativa" vai virar a vida do herói de cabeça pra baixo. De acordo com o Judão em The Secret Origin of Tony Stark o herói começa a desconfiar que seu intelecto superior seria fruto de manipulações genéticas feitas por seu pai, o cientista Howard Stark, quando ele ainda estava no ventre de sua mãe.

Achou bizarro? Vai ficar mais. Na verdade Tony não era esse bebê. Porque ele é adotado!



E o verdadeiro filho do casal Stark que sofreu a experiência antes mesmo de nascer seria Arno Stark, que foi escondido do mundo e - pelo visto a experiência foi mal sucedida - se encontra preso a uma cama de hospital desde seu nascimento. Curiosamente, Arno Stark também é o nome do Homem de Ferro 2020.

O roteirista da saga, Kieron Gillen, disse:

“Este é um novo desafio para Stark, um desafio mais perto de seu lar do que seus conflitos normais, que geralmente envolvem gênios do crime, alienígenas ou monstrengos mecânicos. Quando você descobre algo sobre si mesmo, você acaba re-processando. Como você re-examina a sua vida? É um prisma totalmente novo.”


Axel Alonso - editor chefe da Marvel Comics - declarou que isso não deve mudar a forma de se enxergar Tony e sim é uma acrescenta mais perguntas sobre o personagem:

 “Quem são os verdadeiros pais de Tony? Ele vai querer conhecê-los? Como ele vai se sentir a respeito de Howard agora? Isso vai interferir na dinâmica entre pai e filho?”




Particularmente eu achei bem apelativo isso. Ao menos essa premissa me trouxe a mente dois momentos que eu não curti dos quadrinhos de super-heróis. A fase do Batman do Scott Snyder onde, em dado momento, o personagem também descobria que tinha um irmão louco que vivia escondido do mundo, Thomas Wayne Jr. . 

E outra me lembrança que vem a mente é a "The Crossing", considerada uma das piores histórias dos Vingadores de todos os tempos e inédita no Brasil, ela também seguia essa linha de o "Homem de Ferro não é quem parece" ao mostrá-lo controlado pelo vilão Kang e matando vários companheiros, que decidem viajar ao passado e trazer uma versão jovem de Tony para enfrentá-lo como um novo Homem de Ferro.

Espero realmente que The Secret Origin of Tony Stark não siga esses caminhos de gosto duvidoso.


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