Climatinê: Os Mercenários 2

"Nada supera um clássico."

Barney Ross e seus Mercenários estão em missão para salvar um milionário chinês, aonde acabam também salvando o desafeto/amigo/rival de Barney, Trench. Logo depois o Sr. Church surge para cobrar a dívida que o grupo tem com ele após toda a tremenda confusão que aprontaram na América do Sul, no primeiro filme. Eles então partem em uma perigosa missão aliados a agente chinesa Maggie enviada para buscar uma caixa com um conteúdo enigmático. Porém, em seu caminho estão o vilão Vilain (!) e o misterioso Booker... e agora tanto a honra dos mercenários quanto o destino do mundo estão em jogo.

Esta poderia ser a sinopse furreca de um filme de ação de quinta lançado direto pra DVD senão fossem o fato de que Barney é Sylvester Stallone, Trench é Arnold Schwazenegger, Church é Bruce Willys, a chinesa é uma gostosa, Vilain é Jean-Claude Van Damme, Booker é Chuck Norris e os mercenários são Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, o pai do Cris, um campeão de MMA e o namorado da Hanna Montana, que também é irmão do Thor... mas foda-se!



Após um primeiro filme um tanto abaixo da expectativa, mas ainda assim divertido e repleto de tiros, porrada, sangue e explosões - dizem que o píer de Mangaratiba não foi consertado até hoje - esta segunda grande reunião dos astros de ação dos anos 80 finalmente mostra a que veio. Aqui Stallone finalmente fez o que tinha planejado: reunir seus velhos amigos numa mesma história e criar um filme altamente referencial pra uma galera.

Daí grande parte da graça de Os Mercenários 2 provir de um prévio conhecimento dos filmes dos anos 80, das frases desses filmes, da vida pessoal dos astros e até de lendas que os cercam... algumas inclusive que viraram memes na internet. Sim! Você sabe do que eu to falando, mas não vou dar spoiler!



Talvez por todo esse contexto, um tanto surreal e metalinguístico, na minha opinião os momentos em que o filme tenta se levar a sério são ruins, ou pelo menos, não fazem muito sentido. Tipo, milhares de soldados anônimos sendo mortos a torto e a direito de forma cruel (e divertida), e você leva isso numa boa. Mas daí chega a ser risível quererem empurrar pra gente uma trama sobre a vingança por um soldado, não porque ele era um deles, e sim porque ele era muito mais bonzinho e virtuoso do que todos os demais que morreram ao longo da história. Ah, vá a merda!

Se tivessem investido mais na subtrama das mulheres guerrilheiras protegendo os filhos seria muito melhor... mas acho que não queriam que ficasse muito parecido com o enredo envolvendo a Giselle Itié em Mercenários 1.



Sobre o que interessa:

Sly é Sly. Com ou sem botox, ele ainda é o meu favorito - assim como de grande parte do público - e teve o mérito de concretizar o sonho de toda a criança sonhadora e consumidora dos anos 80. Acertadamente nesta continuação cedeu a cadeira de diretor a Simon West, que de fato conseguiu valorizar mais a ação e o roteiro do longa.
Schwarza, mais canastrão do que nunca, repete incansavelmente sua frase mais famosa o tempo todo, ao ponto de ser zuado por isso. Mas depois que ele some o público fica contando os minutos até que ele volte a história. A melhor e mais sincera fala do filme vem dele na cena final.
Bruce Willys, sarcástico como sempre, parece mudar de caráter inexplicavalmente no meio da história, mas foda-se! Vê-lo lado a lado dos outros Mercenários mandando bala é por demais icônico pra se importar com isso.
CHUCK NORRIS arrebenta! A melhor sequência do filme foi escrita pra ele e todos os seus momentos chegaram a fazer o público aplaudi-lo mais de uma vez na sessão onde eu estava.
Van Damme marca muito bem presença como vilão, seja no primeiro encontro com os Mercenários ou na luta final contra Sly.
Dolph Lundgren tem a vantagem de que dessa vez o papel foi escrito com ele em mente, daí algumas piadas engraçadíssimas envolvendo o fato de que o ator na vida real tem formação academica avançada.
Jason Statham sempre me passa a impressão de que foi escolhido por Stallone pra ser uma espécie de sucessor dele e mais uma vez ganha bastante destaque... e felizmente dessa vez não precisamos perder muito tempo com a piranha da namorada dele.
Scott Adkins está muito bem, em alguns momentos se destaca mais como vilão do que Van Damme.

Jet Li só faz uma participação especial no início pra dizer que estava lá, o que terminou sendo melhor do que se não tivesse aparecido. Talvez seja problemas de agenda pra reunir tanta gente, mas o desperdício do cara é um dos pontos fracos.
Terry Crews e Randy Couture são quase dois figurantes, afora um diálogo hilariante entre Crews e Schwarza na cena de abertura.
Liam Hemsworth e Yu Nan tem uma função mais importante até do que os acima citados, mas de verdade são tão dispensáveis quanto o nome da equipe no título original.



É isso, Os Mercenários 2 é uma trama de ação razoável, profundamente enriquecida quando vista por seu público alvo: a galera que cresceu com esses "super-heróis" nos anos 80 e 90 e que hoje infesta a internet com os Chuck Norris Facts como dinossauros nostálgicos. Pra ficar melhor só se André Filho, Newton da Matta e Darcy Pedrosa estivessem vivos pra se juntarem a Garcia Jr. - só os fortes entenderão.

Que o vindouro terceiro longa - espero que o último - seja uma elegia digna para os heróis e fãs de toda uma geração.

Vida Longa aos Mercenários!

Nota: 9,0.