sexta-feira, 19 de junho de 2015

Climatinê: Mad Max - Estrada da Fúria

por
Felippe Maromba


Insanidade!
Basicamente é a única coisa que posso dizer: insanidade transcrita em filme.
E eu adorei mesmo isso.


Temos visto um revival crescente na nossa sociedade, mais precisamente na cultura pop, buscando revisitar certos conceitos tanto estéticos quanto filosóficos de entretenimento das décadas passadas, temos olhado para trás buscando beber naqueles mesmas fontes de inspiração, mas dando uma roupagem atualizada para se adequar melhor os gostos da geração.
Infelizmente muito tem se perdido. Sendo honesto, a maioria das coisas transportadas para os dias de hoje não tem funcionado e por isso mesmo achei a esse novo Mad Max seria uma grande decepção.
Mas será q isso se confirmou? Vamos ver...



Desta vez Max tem sobrevivido em uma terra devastada pós-apocalíptica, resultado de uma guerra nuclear que destruiu a humanidade (como visto em Road Warrior de 82). Mundo destruído com pequenos grupos de humanos se espalhando pelo deserto em busca de refúgio e segurança, com a maioria dando vasão aos seus instintos mais básicos e animalisticos.

Fica bem claro a inabilidade da sociedade de se reconstruir como outrora, o que favorece o aparecimentos de déspotas como Immortan Joe, que governa com mão de ferro mantendo seus súditos saudáveis apenas o mínimo para não morrerem, enquanto ele mesmo se alimenta de leite materno extraído de escravas e possui cinco novas com as quais ele busca procriar e alcançar crianças saudáveis. Já q todos os seus súditos estão morrendo, provavelmente em decorrência da radiação de fundo existente, q gera tumores e deformações.

Nisso uma de suas imperatrizes, a chamada Imperatriz Furiosa (Theron) decide escapar de seu jugo e leva consigo as noivas, enquanto dirige uma das máquinas de combate em direção à sua terra natal paradisíaca, com muito verde e água potável.

Nesse ínterim, Max Rockatansky se envolve contra a vontade nessa fuga.
Basicamente está é a linha narrativa do filme.




O filme foi dirigido pelo legendário George Miller, o mesmo diretor dos antecessores Mad Max (1979), Mad Max 2 (1981) e Mad Max além da cúpula do trovão (1985). É interessante notar o resto da filmografia de Miller com As bruxas de Eastwick (1987), Babe o porquinho atrapalhado (1998) e uma das surpresas, ele tb dirigiu o Óleo de Lorenzo (1992). Analisando sua filmografia fica bem claro q a maioria dos filmes tem uma tendência grande a enfatizar o visual. Até mesmo em Babe que é um filme voltado ao público infantil percebemos esse preocupação grande com o visual do filme, com uma construção de um mundo visualmente interessante que prenda nossa atenção.

Essa fórmula (visual primoroso e roteiro mais simples) é repetida em Fury Road, com pouquissimo diálogo e muita ação. Quase a aproximação dos filmes mudos antigos com a narrativa visual sendo o mais importante, passando os sentimentos e emoções pelas ações ao invés de palavras.

Quando estava dirigindo o filme, foi pedido que a direção de arte fosse a mais colorida e bonita possível, até como uma forma de se destacar da idéia que permeia o imaginário popular do que seja um ambiente pós-apocalíptico, que geralmente possuem uma palheta de cores quebrada, apresentando algo mais "vivo" no ambiente de morte que impróprio Miller ajudou a criar,
Fury Road é ao mesmo tempo familiar aos que conhecem os filmes anteriores é algo novo, até um pouco aparte dos filmes anterior da franchise. Como está escrito em um dos pôsteres: "What a lovely day!"



A grande atração que temos são os carros criados e as ações e manobras com eles, e são exatamente o esperado. Na verdade o design dos carros são a grande atração, com sua decoração de crânios, espinhos e toda uma diferenciação das tribos pelos seus adereços.
Lança chamas, metralhadoras, malucos pulando pra outros carros usando hastes... Tudo que vc pode imaginar foi usado no filme, o que faz a visão da ação ser gratificante. E este foi o diferencial, Miller em momento algum se rende a efeitos por computador como a maioria dos diretores faz, o que vemos é a boa e velha escola de criação.

Claro q existem efeitos de pós produção, mas são usados de uma maneira não esperada, tornando o filme muito mais bonito, porque a construção do mundo não foi realizada dentro do computador, e sim, apenas teve alguns traços realçados, como um pintor faz em sua pintura. O cria faz o diferencial. Ele se preocupa na construção de cada ângulo, cada cena, a atmosfera. 
Falando em atmosfera, fica claro a relação entre carros e música heavy metal.  Bom e velho dos anos 80 fundidos no DNA do filme. Com um dos carros lembrando um palco móvel de guerra. Não consigo imaginar algumas heavy metal que isso. Com um guitarrista estimulando os perseguidores em sua perseguição, e está, claro, dura na extensão do filme, duas horas de perseguição ininterrupta.

E sendo honesto, eu não percebi essas duas horas passando, foi uma experiência fantástica que você precisa ter, pq ao contrário de certos filmes q a sequência de ação grande nos faz querer adiantar as cenas ou nós pegamos desviando olhar da tela, aqui somos mantidos presos querendo realmente ver todas as cenas.

E ver carros explodindo em cores vividas é delicioso.




Mas Tom Hardy é um bom Mad Max? Eu diria q sim, mas um pouco diferente. Que mais grunhe q fala, o q gera um maior mistério sobre o personagem, já retratado como louco e atormentado.
O que não é ruim.
Foi bom ver o personagem nos cinemas mais uma vez, e as críticas de que ele não é o principal na trama estão mais ou menos certas.

Na primeira parte do filme ele está seguindo a história da Furiosa, que é tb interessante e bem construída, o q me faz pensar ser o jeito certo de termos personagens femininas fortes e com presença, q tenha atitude.
Mas na segunda parte do filme q Max decide o rumo da história temos sim o filme q queríamos, com Max sendo o protagonista e tendo papel fundamental.

Na verdade, o único filme sobre Max é o primeiro, com sua vingança e seus motivos. Todos os outros são histórias em que ele se envolve e serve de salvador. Assim sendo, Fury Road se assemelha muito à Além da Cúpula do Trovão. Mas isso é um detalhe menor em um filme que merece ser visto.



Um comentário:

Unknown disse...

Muito boa resenha! Eu adorei o trabalho de Tom Hardy neste filme. Sempre acompanhei o seu trabalho, e quando soube que lançaria o filme, esperei com todo o meu ser a estréia. Quando eu vi o trailer adorei. Desfrutei muito deste filme pelo bom enredo e narrativa que tem. Outro dos filmes em sua filmografía que eu gostei no ano passado é Dunkirk o filme. Você viu? Eu recomendo. É super interessante além nos faz refletir sobre a guerra. É uma historia que vale a pena ver. Vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero. Além, tem pontos extras por ser uma historia real.

Postar um comentário

Todos os comentários e críticas são bem vindos desde que acompanhados do devido bom senso.