segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Climatinê: As Horas Finais

por
Felippe Maromba

Se você tivesse apenas poucas horas de vida pois o mundo chegou ao seu fim, o que faria? Pra onde iria? Com quem estaria? É sobre isso que este filme independente dialoga.



O filme tem início nos 10 minutos que se seguem de um evento de extinção global, com a queda de um meteoro gigante no atlântico norte que vai progressivamente erradicando toda vida no planeta em uma onda de destruição se alastrando por tudo. Nossa história se dá em Persh, Austrália, onde a onda de destruição demorará 12 horas para chegar. O personagem central da trama, James (Nathan Phillips) decide rumar para uma última festa rave onde estão seus amigos para passar os últimos momentos se drogando e buscando fugir do inevitável.

No meio do caminho ele acaba por salvar a pequena Rose (Angourie Ricede dois estupradores enquanto esperava seu pai que havia ido buscar gasolina para o carro, o que muda drasticamente seus planos. Rose quer se encontrar com o pai pra juntos passarem os momentos finais reunidos com o resto da família, James quer curtir sem pensar em nada afastado da família.


O que temos é um drama poderoso que se baseia na habilidade técnica do diretor Zak Hildtch em entender os anseios emocionais e psicológicos desta nova geração atual. Acabamos vivendo a vida o mais intensamente possível como se não houvesse fim, mas subitamente os personagens descobrem que terão um fim e não há escapatória.

É satisfatório ver a criação do ambiente desolador e hedonista sendo criado na ambientação, com um roteiro forte que compensa em muito as limitações de interpretação de alguns atores e seus personagens que vão as raias do caricato e forçado em alguns momentos.


Muito interessante ver a transformação do James pela tragédia que é saber que perderá a vida. Os questionamentos que vão surgindo o fazendo refletir sobre todas as suas escolhas de vida até agora e o forçando a seguir um novo caminho, tudo muito bem construído, ao mesmo tempo que o paralelo da relação dele com a pequena Rose dialoga sobre a paternidade, sobre o amadurecimento do homem frente a realidade de se tornar pai.

O medo que essa relação desperta, a vontade de se manter irresponsável confrontada com a necessidade de crescimento, de amadurecimento.



James representa a atual geração onde a adolescência vai até os 20 e poucos anos, onde o homem não sabe mais qual o seu lugar na sociedade ao mesmo tempo que Rose traz pensamentos sensatos, maduros e de responsabilidade, ela é visualmente a infância da qual ele não quer sair ao mesmo tempo que mostra o caminho para a vida adulta com seus anseios. Essa jornada o fará repensar seu relacionamento familiar e qual a sua real responsabilidade, o levando finalmente para a redenção.

A narração da última estação de rádio funcionando ajuda a construir o clima depressivo e fatalístico que todos experimentam, mas por fim nos fazendo compreender uma única coisa: "O que realmente importa no fim?"

Em suma, é um grande filme que merece uma chance, que venham mais filmes do diretor.

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