sexta-feira, 9 de maio de 2014

Climatinê: Capitão América 2 - O Soldado Invernal

por
Corto de Malta

Tem um escritor norte americano cujo nome me escapa agora que dizia: "Você não pode voltar pra casa."


SPOILER ABAIXO



Essa de certa forma é a situação em que se encontra Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans). Um homem fora de seu tempo, Steve tem que conviver com a sombra tortuosa de saber que todos os que conheceu e amou antes de ser congelado ou estão mortos ou estão quase, como seu melhor amigo Bucky Barnes (Sebastian Stan) e sua namorada Peggy Carter (Hayley Atwell, numa comovente participação especial).

Pra piorar, não é somente a vida pessoal do Capitão que está fora dos eixos. Os EUA que ele amava quando cresceu na Grande Depressão e pelo qual tanto lutou na Segunda Guerra Mundial não é mais o mesmo a muito tempo.


Após mais uma das missões da S.H.I.E.L.D. onde Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Natasha Romanoff, a Viúva Negra (Scarlett Johansson) parecem apenas querer manipulá-lo, o herói e Fury tem uma discussão sobre um novo projeto secreto envolvendo armamentos mortais da S.H.I.E.L.D. que Fury quer aprovar no Conselho da agência com ajuda de seu velho amigo Alexander Pierce (Robert Redford).

Porém, tudo que já era frágil começa a desmoronar ao redor deles quando uma misteriosa e implacável figura mascarada surge com atentados violentos: o Soldado Invernal. Alguém que vai forçar Steve a mergulhar em fantasmas de inimigos do passado que ele julgava esquecidos.


Os irmãos diretores Joe e AnthonyRusso entregam um dos melhores, senão o melhor, filme da Marvel Studios. E uma das grandes adaptações da Nona Arte para a Sétima Arte. A começar pela ação vertiginosa e pelas coreografias de combate mostrando o Capitão América contra múltiplos adversários de uma vez (a cena do elevador já é clássica) e contra o Soldado Invernal.

Talvez pelas sequências serem realmente tão bem feitas eles se empolgaram um pouco e exageraram na dose em certos pontos. Por exemplo, colocam diversas situações onde o herói testa sua invulnerabilidade do Soro do Super Soldado ao cair de grandes alturas, o que compromete a sensibilidade do público já que parte da imersão do clímax consistia em você acreditar que Steve poderia de fato morrer em uma queda.


Ainda assim a cena é a mais emocionante da trama e um dos grandes momentos da Marvel no Cinema.

Já os demais pontos positivos foram as diversas inserções de personagens importantes da Marvel, como Stan Wilson, o Falcão (Anthonie Mackie), Brock Rumblow, o futuro Ossos Cruzados (Frank Grillo), o próprio Soldado Invernal e Sharon, a Agente 13 (Emily VanCamp), cujo sobrenome nunca é revelado, ficando como uma surpresa para o próximo longa metragem. Juntam-se aos sempre carismáticos Viúva Negra, Nick Fury e Maria Hill (Cobin Smulders), sendo que cada um tem seu momento de brilhar.


 Porém, o grande trunfo de Capitão América 2 - O Soldado Invernal é sua história e o que ela significa.

Quando Os Vingadores foi lançado, o Pentágono soltou uma nota onde questionava a função da S.H.I.E.L.D. naquele universo, terminando por não apoiar a produção. A nota dizia: "Não conseguimos nos acertar com a irrealidade que é uma organização internacional e nosso papel nela. A quem a S.H.I.E.L.D. respondia? Nós trabalhamos para a S.H.I.E.L.D.? Chegamos neste impasse e decidimos não nos envolver mais."


Acredito que no fundo o Pentágono estava mais preocupado porque ele sabia exatamente o quê era a S.H.I.E.L.D.. É possível ver uma referência clara a isso na roupa da Agente 13 no final do filme, quando ela supostamente muda de agência.

Isso porque os Irmãos Russo fazem Steve descobrir o que tem ocorrido em seu país desde a Segunda Guerra e, através da fantasia, batem forte nos EUA do mundo real. Assim como a Hidra se infiltrou na S.H.I.E.L.D. durante anos, a OTAN, por exemplo, no começo também era formada por oficiais nazistas "prisioneiros de guerra", tal qual o Dr. Arnim Zola (Toby Jones), que eram subordinados a CIA. Leia mais sobre isso aqui.


Ver todas aquelas cenas dos aeroportaaviões disparando uns contra os outros torna impossível não remeter a todas as guerras ocorridas durante as últimas décadas "em nome da liberdade." O próprio fato de Robert Redford, ator politicamente engajado, estar no elenco da produção num papel chave é uma clara referência a isso.

Claro que mesmo não sabendo dos detalhes da geopolítica histórica do planeta, você pode curtir um baita thriller de ação e espionagem... ou pode aprender, assim como o Capitão América aprendeu, que o verdadeiro inimigo muitas vezes não está em uma ou outra pessoa, em uma ou outra ameaça, mas tal qual como a Hidra, possui cabeças invisíveis por toda parte.



Como fala uma agora envelhecida Peggy Carter:

"Você salvou o mundo e nós bagunçamos ele."





Um comentário:

Anônimo disse...

vdd

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