...e seu impacto em mim.
Eu sempre gostei de ler. Mesmo antes de, efetivamente saber ler, já andava com gibis pra cima e pra baixo. Como a grande maioria dos brasileiros,comecei com Turma da Mônica mas logo conheci Disney e “migrei” pro Mundo dos Patos (Do Rato, não). As revistas de Super heróis não me chamavam a atenção. Em meados de 93, 94 um tio meu que era porteiro em um prédio, me trouxe um monte de revistas que os garotos de lá iam jogar fora.
Entre Disney, Turma da Mônica e outras que não merecem ser lembradas (Moranguinho, Xuxa e similares) havia uma do Aranha (Tinha algumas da DC também mas desde aquela época já aprendi a não me misturar com gentalha) Depois de ler as aproveitáveis, como estava sem nada pra ler, peguei aquela do Aranha só pra ver qual era a da história. A revista não tinha capa mas era a edição 48 da Editora Abril.
A edição sem capa que mantenho até hoje. |
Na história, o Aranha enfrentava o vilão Gladiador. Logo de cara já gostei do que li. e resolvi ir procurar mais. Dias depois passei em uma banca de revistas usadas e encontrei um pacote com duas edições pelo preço de uma. Eram os números 87 e 88 e, posso dizer que foram essas revistas que realmente me capturaram e me fizeram dizer: “Ta aí! Fiquei fã desse personagem” E a partir dessas edições, comecei a expandir: Nessa mesma banca comprei mais revistas do Aranha e conforme outros personagens iam aparecendo nas histórias fui conhecendo o Universo Marvel como um todo. Só passei a comprar a revista do Aranha atual (na época) mensalmente uns três anos depois mas aí já estava fascinado e o resto é história.
Mas se você ainda está por aí, deve estar se perguntando: Mas o que raios essa história tem a ver com “A morte de Jean DeWolff?” É simples: Foi exatamente nas Homem-Aranha 87 e 88 que a história foi publicada na Abril.
O início dos anos 90 coincidiu com a época em que eu estava começando a gostar de Agatha Christie e acredito que esse seja um dos fatores que fizeram “A Morte de Jean Dewolff” me marcar: Nela temos um assassino misterioso que podia ser qualquer um. Além do que, pra um pequeno mancebo que estava acostumado com histórias Disney, o clima pesado da história era algo completamente diferente: Já na segunda página vemos,sem pudor, o “cadáver morto ” da pobre Jean e a violência só se mantinha nas diversas mortes cometidas pelo Devorador de Pecados ao longo da trama.
Outra coisa que vale citar é que o Devorador de Pecados não era um vilão com super poderes mas sim apenas um homem normal (doido, é verdade, mas ainda assim normal) e algo que passei a entender conforme ia conhecendo cada vez mais o Aranha é que uma das características do personagem era exatamente esse lado humano. Não precisamos de pactos com demônios, incluí-lo em uma versão caça-níquel dos Vingadores, trocas de corpo com vilões ou qualquer uma das inúmeras idiotices que os roteiristas imbecis fizeram com o personagem nos últimos dez anos para se construir uma boa história: Algo simples é sempre o que rende as mais memoráveis histórias, vide "O Garoto que Colecionava Homem-Aranha".
Algo que tornaria a história ainda melhor seria se eu já fosse leitor do Aranha de longa data na época em que li essa história porque eu sentiria bem mais a morte da Jean já que ela era uma personagem frequente nas histórias. E lembrando que estamos falando de uma época em que mortes nos quadrinhos chocavam e não apenas nos faziam perguntar: “volta quando?”.
SPOILERS ABAIXO
Para começar devo explicar quem foi Jean Dewolff.
Jean era uma capitã do departamento de polícia de Nova York e
uma “peça” rara pois era uma das poucas policiais que colaborava com o
Aranha e não o considerava uma Ameaça, resultando assim em uma amizade
extra oficial entre eles.
A história inicia na edição 107 da revista Estadunidense “Peter
Parker The Spectacular Spider-Man” e começa mostrando um pouco da Vida
da Capitã em duas páginas, uma rápida recapitulação mostra Jean desde
Criança sonhando em ser policial até sua efetiva entrada na polícia
para, logo em seguida, correr para a cena onde policiais encontram seu
corpo com um tiro no peito.
Ao saber da morte da amiga, o Aranha resolve sair em busca do
criminoso e acaba se aliando a Stan Carter, o policial encarregado pelas
investigações. Ambos juram colocar o assassino atrás das grades.
Nesse meio tempo o assassino faz uma nova vítima: um Juiz e por
pouco não mata também um amigo deste juiz, um certo advogado cego
chamado Matt Murdock.
Assim, o Demolidor também entra na caçada ao assassino e é neste
momento que o assassino combate o Aranha e se auto intitula O Devorador
de Pecados. Segundo o malucão, ele era impelido por forças divinas a eliminar
todos os pecadores deste mundo por isso matou a Capitã Dewolff: por
acha-la “mole demais” com os bandidos e o juiz por este ter libertado
dezenas de bandidos ao longo da carreira.
Após esse rápido confronto o Devorador escapa. E pouco depois, um Padre se torna a terceira vítima.
O Aranha vai, aos poucos se tornando obcecado em capturar o
assassino. Principalmente após descobrir que o que a capitã sentia por
ele não era apenas amizade. Depois de algumas investigações e com o
auxílio do “radar” do Demolidor (o herói cego pode reconhecer pessoas
pelos batimentos cardíacos) eles descobrem a verdadeira identidade do
assassino e mais: que o assassino já tem uma nova vítima em mente o
editor do Clarim Diário (do jornal, não do meu blog), J.J.Jameson. O
problema é que Jameson não está na cidade e na casa dele só estão sua
mulher, Marla e a secretária: Betty Leeds, a primeira namorada de Peter
Parker.
E se não fosse a interferência precisa dos dois heróis, as duas
teriam partido desta para uma melhor. (pelo menos até resolverem
trazê-las de volta em alguma mega saga mirabolante, mas isso é outra
história).
Completamente descontrolado, o Aranha parte para cima do Devorador, espancando-o até quase a morte, e o Demolidor precisa evitar que o amigo acabe matando o meliante. E o combate entre os dois heróis é inevitável. Mais do que isso eu não vou contar para evitar dar mais spoilers do que já soltei aí, mas basta saber que foi nesta história que o Demolidor e o Aranha ficaram sabendo das identidades secretas um do outro, o que resultou numa amizade duradoura entre os dois heróis.
POR QUE É ESPECIAL?
Como já disse, essa foi a primeira edição do Aranha que comprei em bancas, depois
de dias antes, ter lido minha primeira história com o herói. Mesmo que
eu só viesse a comprar mensalmente as revistas anos depois, ela acabou
me marcando.
Também é a história que mostra o Aranha mais perto de perder a
cabeça e matar um adversário. Sem piadinhas, sem remorso. Se o Demolidor
não interferisse, com certeza, o Devorador estaria morto.
Outra coisa que chama a atenção, é que o Devorador de Pecados não é
um vilão mega poderoso. É apenas um Serial Killer, normal sem super
poderes. Mostrando esse lado de “herói urbano” do Aranha, que sempre foi
forte.
E outra para mim, na época com 11 anos, acostumado a ler Disney e
Turma da Mônica, ver uma cena de morte explícita assim nos quadrinhos,
foi bem impactante...
Pena que atualmente, as mortes nos quadrinhos de heróis perderam
todo seu impacto, pois todos sabem que ninguém fica morto muito tempo.
Aproveitando o lançamento da versão em formato Americano ano passado pela Panini, resolvi voltar a ler a história. Na verdade eu poderia ficar falando sobre “A Morte de Jean DeWolff” pelo resto do dia mas vou me segurar e terminar apenas falando que, se algum dia você confiou em alguma das minhas indicações, ou se é um leitor mais novo e só conhece o Aranha pelas histórias atuais, pode (e deve) comprar a edição da Panini que está maravilhosa (Adoro formatinho mas formato americano é outra coisa) e peço que depois venha aqui neste post e me diga o que achou da revista. Quem sabe ela seja tão marcante pra você como foi pra mim.
Pra finalizar, veja a sinopse da história, segue o release oficial e boa leitura. Só lamento que a Panini não tenha optado pela capa dura nesta edição especial.
“Ele é o Devorador de Pecados, o homem que toma os pecados do mundo para si matando todo ímpio que vê — mas o assassino abarca mais do que pode quando tira a vida da capitã de polícia Jean DeWolff, uma amiga do Homem-Aranha! Como o herói pode perseguir um vilão que tem todos como alvo para onde quer que vá? Acompanhe o Escalador de Paredes em uma busca desenfreada culminando em um momento fundamental envolvendo o Homem-Aranha e o Demolidor, os dois maiores astros de Manhattan!”
Originalmente publicado em:
Peter Parker – The Spectacular Spider-Man 107 a 110 e 134 a 136
Detalhes da edição
Roteiro:Peter David
Desenhos:Rich Buckler
Formato americano (17 x 26)172 páginas
Capa Cartão
Lombada Quadrada
Papel LWC
Publicação Especial
Preço: R$ 21.90
Distribuição Nacional
3 comentários:
Eu acho essa história um pouco datada principalmente o segundo retorno do Devorador....Mas mesmo assim é uam excelente história. É poca que ainda faziam boas histórias do cabeça de teia.
A história é boa. E pertence a uma fase boa do aracnídeo. Só que nunca concordei em classifica-la como top.
Um épico dos quadrinhos que merece um filme com certeza
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