segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Climatinê: Poirot - Última Temporada - Parte 3 por Macgaren


Cai o Pano para Poirot.


Como dizem: Tudo tem um fim. Depois de quase 25 anos a série Agatha Christie’s Poirot chega ao final e como eu havia prometido, vamos aos comentários do episódio final mas antes, acho válido comentar um pouco sobre o livro.

E apesar de eu evitar isso sempre que possível, dessa vez  o post terá SPOILER da história. Leia por sua conta e risco.

Capa de uma das versões nacionais de Cai o Pano.

Durante os anos 40, a 2ª Guerra Mundial estava em pleno curso e Agatha Christie tinha medo de que, caso viesse a morrer, alguém pudesse continuar escrevendo histórias com seus personagens. Então ela escreveu “Cai o Pano” e “Um Crime Adormecido” que seriam os casos finais de seus personagens mais famosos: Hercule Poirot e Miss Marple. Os manuscritos ficaram trancados em um banco, no cofre particular da autora com ordens expressas de que deveriam ser publicados após sua morte.

O tempo passou e a Dama do Crime sobreviveu à Guerra. Em 1974,  já em idade avançada, ela percebeu que não conseguiria escrever mais nada e resolveu permitir a publicação dos livros e então, em Setembro de 1975 “Cai o Pano” chegava ás livrarias. Curiosamente, se a publicação demorasse mais alguns meses os planos originais seriam cumpridos já que Agatha Christie morreu em Janeiro de 1976.

O livro foi muito bem recebido pela crítica e pelos leitores pois, não só dava fim à carreira de Poirot de forma digna e até inesperada como ainda reunia o detetive com seu amigo Capitão Hastings, fato que não ocorria desde “Dumb Whitness (Poirot Perde uma Cliente)” de 1937 . Além de tudo, “Cai o Pano se passa em Styles, palco de “O Misterioso caso de Styles”, primeiro livro escrito pela Dama do Crime (e protagonizado por Poirot, claro).

O furor em cima do livro foi tanto que Hercule Poirot se tornou o primeiro personagem de ficção a ter o obituário publicado na primeira página do famosos jornal “The New York Times”.

O Obituário de Poirot

 Uma série de crimes famosos atrai a atenção de Poirot pois ele suspeita que uma mesma pessoa esteja por trás deles (apesar de todos os “culpados” terem sido pegos, julgados e enforcados como manda a lei). Poirot acaba seguindo para Styles, que agora foi transformada em um hotel pois acredita que o misterioso “Senhor X (Como o detetive apelida seu assassino misterioso) está entre os hóspedes. Como já está velho e inclusive preso a uma cadeira de rodas, Poirot chama seu velho amigo Capitão Hastings para ser seus olhos e pernas para tentar resolver esse que será seu último caso.

Agora vamos ao seriado:

Todos os envolvidos sabiam que se despedir do personagem seria um momento difícil. Por isso, quando ficou certo que os cinco último casos seriam adaptados, optaram por começar a filmar por esse episódio afinal, ainda haveriam mais 4 para serem filmados e não precisariam dizer adeus ao personagem de forma melancólica.

Como de costume, a produção da série mostra todo seu esmero na reprodução dos cenários e caracterização de personagens. Styles apesar de mais envelhecida continua grandiosa apesar da história se passar mais na construção vizinha à casa principal. Aqui cabe uma curiosidade: Apesar de ter sido o livro de estréia tanto da Agatha Christie quanto de Poirot, “O Misterioso Caso de Styles” não foi o primeiro episódio da série. Ele só foi mostrado em forma de Flashback na 3ª temporada exibida em 1990.

Poirot escreve aquela que seria sua última carta.

Achei a escolha de elenco excelente. Todos os atores estão muito bem: Desde os mais coadjuvantes cumprem seu papel com esmero. Hugh Fraser está bastante à vontade no seu Hastings. Nem parece que o ator não interpretava o personagem desde 2001 (Lembrem-se que “Cai o Pano” foi gravado antes de “Os Quatro Grandes”). A química entre ele e David Suchet continua perfeita.

E falando no Suchet. Sei que já o elogiei centenas de vezes aqui. Que ele nasceu pra interpretar o Poirot e tudo o mais mas… Não posso deixar de elogiá-lo ainda mais por sua interpretação em Cai o Pano. O ator passa toda a fragilidade que o Poirot precisa na história. A cena em que ele é carregado pelo seu “valete” para descer a escada… Nem sei como descrever. Ele nunca transpareceu tanto a característica de “Pequeno Belga” como nessa cena.

Cena de "Curtain"


No mais, o episódio segue sem problemas fecha de forma primorosa essa bela série.  Lá no começo disse que é difícil se despedir de algo que se gosta. Conheci o seriado em 1999 quando o Canal A&E Mundo exibiu “Morte nas Nuvens” em sua sessão “Bestsellers”.  Na ocasião nem sabia que era um seriado. Achava que era apenas um filme baseado no livro mas aos poucos outros episódios foram passando e, ao buscar mais informações é que fiquei sabendo da existência do seriado e a partir daquele momento viciei. Ficava ligado para ver quando outro episódio passaria desavisado na Tv. Fico triste por apenas duas temporadas da série terem saído no Brasil. Merecia mais.

No mais, apesar de uma certa tristeza pelo fim da série, fico feliz por, apesar das diversas trocas de produtoras e TVs, terem conseguido completá-la com o David Suchet ainda em vida. Podem vir outras adaptações no futuro mas, ao menos pra mim, David Suchet será sempre o Poirot definitivo. E ficam as lembranças dos momentos divertidos que a série proporcionou.

Gostaria de terminar parafraseando o próprio Poirot em sua carta de despedida para o Capitão Hastings :

 “Nossos dias de caçada chegaram ao fim, Mon Ami. Mas aqueles foram bons dias… 

Hercule Poirot


O Elenco reunido.


Um comentário:

Renver disse...

“Nossos dias de caçada chegaram ao fim, Mon Ami. Mas aqueles foram bons dias…” [2]

Que frase Fod#!!!!!

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