quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Brian Michael Bendis e a Misoginia no Público de Quadrinhos

por
Corto de Malta


Em seu tumblr oficial, o autor deu uma resposta, digamos, contundente a uma pergunta preconceituosa de um fã.



Confira:

Anônimo:
Eu entendo a tentativa de fazer com que os quadrinhos sejam mais amigáveis para o público feminino, mas vocês não estão preocupados em perder seu público principal, que é o masculino? Nos X-books você deu mais foco ao gosto das leitoras, como Jean e Kitty, enquanto o foco deveria ter sido o Ciclope, que foi o protagonista dos X-Men por anos. O que garantiu a essas personagens mais destaque do que ele? Jean e Kitty são personagens secundárias. Vocês dão muito ouvidos ao mimimi das leitoras. Elas causam muito drama no cenário dos quadrinhos.

Bendis:
Uau. Você é a primeira pessoa a quem sou grato por ter feito uma pergunta anônima, porque eu não ia querer conhecer você.
Como um leitor do meu trabalho, quero que você me escute com atenção: você tem muitos problemas. Praticamente cada linha da sua pergunta cheira a uma completa incompreensão sua sobre homens e mulheres em geral.
É ok se interessar mais por alguns personagens do que por outros, claro que é. É ok gostar mais do Ciclope do que da Jean Grey, mas sugerir que personagens femininas não são interessantes para você pelo fato de você ser homem ou achar que eu estou sendo manipulado por reclamações de mulheres é realmente algo fora da realidade.
E como leitor dos X-Men, cuja filosofia é justamente sobre tolerância e compreensão… você não entendeu nada.



Brian Michael Bendis está escrevendo ao lado de outros autores a saga Battle of the Atom, em comemoração aos 50 anos dos X-Men. E vale lembrar que em todos esses anos as histórias dos Mutantes sempre tiveram uma característica interessante.

Em todas as fases de X-Men os personagens orelha - aqueles que ouvem as explicações pois tem o mesmo nível de informação da trama que o público - sempre foram jovens garotas que ingressavam no Instituto Xavier. Sabiamente a Marvel dava destaque a essas jovens que contavam com identificação imediata das novas gerações de público que passavam a acompanhar as novas fases.



Algumas delas ganharam tanto destaque que, após serem substituída como "voz narrativa", tornaram-se protagonistas. Outras ficaram de lado até serem esquecidas. Mas o que importa é que essa tradição fez com que elas ininterruptamente tivessem papel essencial em todos os momentos dos X-Men e servissem especialmente como símbolo das mudanças de uma equipe em constante metamorfose.

Foi assim com a Jean Grey (quando ainda era Garota Marvel nos X-Men originais), com a Tempestade, com a Kitty Pride, com a Vampira, com a Rachel Summers, com a Psylocke, com a Jubileu, com a Medula, com a Emma Frost (embora ela não fosse jovem nem tivesse um olhar inocente das outras isso servia pra caracterizar a fase transgressora do Grant Morrison na revista), e por aí vai.

Tanto que no primeiro longa metragem do Bryan Singer quem representa esse papel tão significativo, representando todas as outras, é a Vampira interpretada pela Anna Paquin, que é uma das protagonistas do filme.



FONTE: Danger!

Um comentário:

Anônimo disse...

SO PORQUE O LEITOR NAO CONCORDA COM ISSO O CARA TEM PROBLEMAS?

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