sexta-feira, 19 de julho de 2013

Top Max: 14,5 Melhores Tokusatsus Exibidos no Brasil - Cybercops - Os Policiais do Futuro

por
Corto de Malta

E agora vamos recordar a melhor série policial dos tokusatsus...





5 – Cybercops – Os Policiais do Futuro


Gênero: Other Hero
Ano de Produção: 1988 a 1989


Numa futuro próximo, na Tóquio de 1999 (era um futuro próximo no fim dos anos 80) a criminalidade chegou a níveis bem altos e a polícia local formou um esquadrão de alta tecnologia como resposta: o ZAC, cujos operativos atendem pelo nome de Cybercops. Sob a liderança do Capitão Oda e da Oficial Shimazu, seu braço direito, a equipe é formada pelo misterioso Takeda (Júpiter), o turrão Akira (Marte), o engraçado Ryoichi (Saturno), o ingênuo Osamu (Mercúrio) e a determinada Tomoko, a consciência do grupo (que deveria ser Vênus, mas por falta de grana ela ficou sem vestir uma unidade cyber).



Eles são auxiliados por Daisuke, cuja única função em toda série é ficar na central de operações, já que é ele quem coordena todas as ações, e a atrapalhada Miho, que cuida das comunicações, mas vive dando mancada. Juntos eles enfrentam a ameaça da DESTRAP, Os Trapaceiros da Morte, uma organização liderada pelo Fuhrer, um supercomputador com a aparência de um Sol Verde bizarro (!), que comanda o frio e cínico Barão Kageyama e os cientistas Dr. Einstein, Madame Durwin e Professor Ploid, os quais criam andróides e outras máquinas tendo como objetivo dominar o mundo… ou Tóquio, vá lá.


Cybercops se divide em 3 fases diferentes com três conflitos básicos, além de ZAC vs. DESTRAP: Júpiter e Marte, Lúcifer e Júpiter e Luna e Marte. A primeira começa com a chegada de Júpiter no episódio 1, enquanto os demais se apresentam como uma famosa banda de rock (que raio de disfarce é esse?) e a DESTRAP dá as caras pela primeira vez, quase sempre revezando os mesmos dois andróides de uma linha de montagem (um masculino comandado por Einstein ou Ploid e um feminino comandado por Durwin). Essa parte da história é marcada pelas brigas entre o desconfiado líder Akira e o imprevisível Takeda, que foi encontrado desmemoriado numa tempestade, já vestindo uma unidade cyber. 


 Júpiter, além de usar as cyber armas como seus colegas (que usam cybercards em locais disfarçados como um hidrante, por exemplo, para requisitarem-nas através de um túnel subterrâneo secreto) também tem uma espécie de "dom" especial. O mais poderoso integrante do ZAC, quando se enfurece e sua raiva atinge o limite, é capaz de invocar uma misteriosa energia chamada Cyberforça, que lhe dá uma aparência invocadona e com a qual cria um redemoinho dimensional no céu que lhe traz para o punho a Cyber Thunder Arm, com a qual liquida os inimigos utilizando o golpe Cyber Laser e mais tarde o Cyber Onda de Choque. Mas ninguém, nem ele, sabe a origem desses poderes.



Momentos memoráveis dessa primeira “temporada”: o Capitão Oda é sequestrado e Shimazu conta a Takeda que ele é uma espécie de pai de criação de Akira no episódio 6; Júpiter perdendo o controle da Cyberforça e tendo que ir resgatar Marte que fudeu sua unidade cyber e arrancou o próprio capacete na marra ao enfrentar um avião caça da força aérea controlado pelos inimigos no episódio 7 (esse tem o clássico diálogo “Júpiter, eu não vou aceitar um herói sonâmbulo.” “Então prepara um cafezinho bem forte pra me acordar.” e termina com o Barão Kageyama chamando Júpiter de amigo);


Rioychi sendo seduzido por uma ladra que rouba sua carteira (com o cybercard dentro!) no episódio 9, o Hotel Mal Assombrado (“Capitão, eu só consigo aturar um fantasminha sexy”) no episódio 10, O Menino e o Dragão no episódio 12 (uma espécie de Especial de Natal); Júpiter com sua fodástica moto Blade Liner literalmente voando pra cima do Satélite Artemis II que ia destruir Tóquio na véspera da chegada do ano 2000 e sendo dado como morto no episódio 13;


O porquê do Barão chamar o Cybercop de amigo é revelado no Episódio 14 e no Episódio 15, quando todos sofrem alucinações por culpa de um video game de Miho manipulado pela DESTRAP, mas Akira espertamente consegue se livrar, apenas para descobrir que as supostas alucinações de Takeda são na verdade lembranças do futuro da humanidade no séulo XXIII, quando as máquinas se revoltaram contra os homens para escravizá-los (totalmente Exterminador do Futuro).



Kageyama conta a Júpiter (ou Z226) que eles eram aliados das máquinas – ou siliconióides – e que o agora herói fez um ataque terrorista a Torre Babillon, foco da resistência rebelde e a explosão o mandou de volta ao passado sem memória. Resultado: Takeda surta, Akira fica mais desconfiado e contagia aos outros, mas Tomoko, sempre o elo da equipe, consegue contornar a situação. Ao menos até o episódio seguinte, o 16 (o melhor “episódio de faroeste” que eu já vi num tokusatsu) quando o misterioso Lúcifer aparece carregando um caixão a la Django, aliado a DESTRAP para matar Júpiter, mas é derrotado no primeiro confronto com o herói, mesmo ele estando momentaneamente cego.


Pra surpresa de todos, porém, o inimigo invoca o mesmo redemoinho dimensional de Júpiter para vestir uma unidade cyber. Lúcifer ressurge no episódio 17 e usa seu arsenal com direito ao Canhão Gigamax e dá uma surra em TODOS os Cybercops que tentam proteger seu amigo, menos Mercúrio (só porque ele é muito rápido pra se desviar), e quase mata Takeda. Após um momento de descontração no episódio 19, quando todos se disfarçam de mulher pra ajudar Tomoko numa academia de policiais femininas, o episódio 20 revela que Lúcifer também veio do futuro se vingar por Júpiter ter traído os humanos e matado as pessoas da Torre Babillon, mas ele hesita ao ver Marte, Saturno e Mercúrio protegendo Takeda e começa a desconfiar da história contada pelo Barão Kageyama.


(Observação: Sei de vários casos de crianças da minha época que foram proibidas de assistir Cybercops na TV Manchete porque um personagem chamado Lúcifer entrou na história. Imagina o desespero dos pais com os garotinhos falando: “Eu quero ser o Lúcifer!” HUIAHUAIHAIHAUHA!!!!!!!)



Júpiter quase enlouquece com suas memórias e, concluindo que mesmo que ele não tenha matado os rebeldes foi responsável por suas mortes ao ser incapaz de salvá-los, decide então encontrar Lúcifer sem usar a Cyberforça pra fazer com que ele o mate e ponha fim a sua angústia no episódio 21 (Júpiter é o rei dos ataques suicidas), mas Lúcifer hesita quando Tomoko conta isso pra ele.


Pela constante demora em liquidar o inimigo, o Barão Kageyama não consegue mais fazer os cientistas confiarem no aliado, fazendo com que a gigantesca Nave Cristalo (criada para reproduzir os efeitos da
Cyber força) fosse enviada e atacasse a todos. Enquanto Lúcifer mostra seu maior poder contra a nave, o Cyber Gravitador, o ataque de Cristalo faz Júpiter recobrar sua memória: na verdade o traidor que plantou a bomba na Torre Babillon foi o Barão Kageyama (ou Z901) e quando Lúcifer chegou Júpiter estava tentando desarmá-la, mas a explosão lançou os três para a nossa época, onde Kageyama manipulou Lúcifer como marionete para matar Júpiter ao invés dele.


Arrependido, Lúcifer passa a ser um aliado eventual dos Cybercops (Tomoko se refere a ele como o quinto Cybercop) contra os inimigos como quando enfrentam os falsos Cybercops no episódio 22. No episódio 23, quando Takeda arruma uma briga com o novo instrutor de artes marciais (que é ninguém menos que Junichi Haruta, o Macgaren!) e no episódio 24 quando todos invadem a base da DESTRAP para impedir um ataque de mísseis subterrâneos a Tóquio, destruindo o lugar e causando a morte do Dr. Einstein que fica soterrado, enquanto os mísseis são explodidos em local seguro por novo ataque suicida do Júpiter que MONTOU NELES!


Mas o Barão Kageyama e cia., (incluindo o Fuhrer que agora é azul!) vão pra outro esconderijo onde, no episódio 25, o vilão viajante do tempo apresenta aos cientistas Luna, A Rainha das Bestas. Ela é a irmã de Einstein que jurou vingança aos Cybercops… e graças a ela temos alguns andróides diferentes pra revezar com os outros dois na maioria das lutas. Em meio ao conflito, fica mais do que claro o amor que existe entre Takeda e Tomoko quando Luna percebe a importância dela na equipe e tenta matá-la no episódio 29, enquanto Takeda tenta em vão fazer com que a heroína abandone o ZAC para casar com um ex-namorado, momento que rende a cena mais hilária de toda a série (“Sinal de Emergência”).


Inesperadamente, no episódio 30 é Akira quem se apaixona por uma Luna disfarçada que forja sua própria morte no fim do capítulo, mas sente uma ponta de arrependimento ao ver o herói sofrer por ela. Quem assistia na TV Manchete lembra que a emissora parava de exibir aí e começavam as reprises, mesmo tendo todos os episódios dublados. Felizmente, a pedido dos fãs o dono da marca no Brasil, Sr. Sato, da extinta Sato Company, cedeu os últimos capítulos dublados pra exibição na internet.




No episódio 31 a Cyber Thunder Arm de Júpiter é roubada no plano mais bem elaborado da DESTRAP (na minha opinião) e o Capitão Oda é quase mortalmente ferido pra desespero da equipe, fazendo com que Takeda quase saia do grupo por se sentir responsável, voltando graças a Marte e aos outros. No episódio 32, repleto de flashbacks do que havia trancorrido no seriado até então, Akira reencontra Luna viva e, apaixonado, termina revelando o esconderijo do alojamento dos heróis, que é atacado apesar da interferência de Lúcifer. (Vamos combinar que a essa altura do campeonato as aparições surpresa do Lúcifer já não eram surpresa nenhuma e ele ficou meio sem função na série).



No episódio 33 vem à tona que TODOS da DESTRAP, Fuhrer, Luna, Ploid e Durwin (e obviamente Einstein), são robôs programados por Kageyama(!), enquanto Luna, também apaixonada por Marte, tenta ajudar o herói e os outros a pararem um trem expresso, alvo dos vilões. Enquanto isso, o Professor Ploid encontra seu fim lutando contra Saturno e Mercúrio e Durwin descobre a verdade, sendo morta pelo Barão.


No último capítulo, Kageyama se funde ao Fuhrer tornando-se uma criatura extremamente poderosa, embora a única mudança do seu visual seja a cor do terno. Ele é confrontado na nova base secreta por Júpiter, Marte, Lúcifer e Luna, que não consegue acreditar que suas memórias de infância com o irmão são falsas. Ela se sacrifica pra salvar Akira e morre nos braços do herói (uma das melhores cenas da história “É sangue. Sangue de uma linda cor vermelha.”).



A batalha prossegue com Kageyama querendo mandar a cidade pelos ares para que as máquinas governassem, impedindo assim que os seres humanos destruíssem a natureza como ocorreu no século XXIII (AGORA que ele vai falar isso???), mas ele é derrotado pela combinação dos poderes de Júpiter e Lúcifer com o Gigamax. Como resultado abre-se um portal dimensional para o futuro (COMO isso aconteceu? Eles não explicam!). Lúcifer chama Júpiter, e sua amada Tomoko decide ir com eles após se despedirem dos amigos. O Barão Kageyama ainda reaparece na última hora para impedi-los de voltar, mas Marte se sacrifica para detê-lo e os dois são aparentemente destruídos. Quando todos que sobraram estão lamentando, Akira reaparece vivo para seus companheiros e, ao mesmo tempo, em algum lugar, Lúcifer, Tomoko e Júpiter/Takeda observam seus amigos.


Cybercops foi uma produção da Toho que conseguiu fazer muito sucesso num Japão de Metal Heros, Kamen Riders, Ultras e Super Sentais, graças a um roteiro diferenciado, personagens carismáticos (excessão a Mercúrio, que foi mal desenvolvido no seriado) e ambíguos (até a metade da trama você não tem certeza se o herói principal é ou não é um vilão que perdeu a memória), uma narrativa cativante que tenta fugir dos clichês com cenas marcantes e uma dublagem excelente, que a produção recebeu no Brasil.


Mas não dá pra negar os problemas da série, como num episódio mostrar os personagens saltando edifícios e no outro eles não conseguindo correr atrás de um carro, os efeitos muito inferiores aos tokusatsu da Toei (o uso abusivo do chroma key volta e meia interrompia a imersão do público), a ausência de vilões à altura (exceto por Kageyama, os dois melhores, Lúcifer e Luna, se tornam heróis no final) com boa parte dos episódios repetindo os mesmos andróides chatos como adversários.


Se Cybercops tivesse tido a mesma verba que as produções da Toei ou se algumas produções da Toei não tivessem um roteiro do mesmo nível que Cybercops ele poderia ter conseguido o primeiro lugar. Ainda assim não dá pra negar que sua trama é bem mais madura que as de Jiban, Winspector e Solbrain, por exemplo, tokusatsus da Toei que também tinham policais como protagonistas. Isso porque a Toho não se contentou com uma trama policial e investiu até onde seus recursos limitados aguentaram numa história mais elaborada envolvendo viagens no tempo, inteligência artificial e personagens enigmáticos, escapando do maniqueísmo fácil.


Pena que o final parece que foi feito às pressas. Luna e Marte ficam pouco tempo juntos, tanto as motivações do Barão Kageyama quanto sua transformação final são mal trabalhadas, além de pouquíssimo ter sido explicado sobre o mundo do século XXIII, embora aquela última informação do Barão sobre o porquê dele ter se aliado as máquinas tenha sido bem instigante. Será que no futuro os humanos não eram na verdade OS VILÕES e por isso Júpiter tivesse tanta dificuldade para separar em suas lembranças quem era Bom e quem era Mau?


Curiosidades: Exceto por Yuki Yoshida, o Takeda/Júpiter, todos os outros quatro atores vestiam as unidades cyber nas cenas de combate porque também eram dublês profissionais (talvez por isso as vezes o Júpiter parecesse mais alto que o Takeda, embora Yoshida usasse a roupa em algumas cenas) e Mika Chiba, a Tomoko (que tinha 16 anos na época), também canta a música de encerramento. Uma nota triste que não pode deixar de ser dada: Shogo Shiotani, o Akira/Marte, passou anos tentando emplacar uma continuação da série Cybercops que nunca aconteceu. Após uma profunda depressão ele se matou atirando-se do alto de um prédio.



Pra terminar… Curtam aqui os bastidores das gravações:

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