Agora é a vez de falar de uma série que se tornou um grande clássico da TV japonesa e que no Brasil teve uma exibição bastante confusa.
7 – Lion Man Branco
Gênero: Lion Man
Ano de Produção: 1972 a 1973
O visual do Lion Man Branco foi inspirado na Kagami Jishi, tradicional fantasia de leão com crina branca, originária do Kabuki, o teatro japonês e a narrativa da série também sofreu bastante influencia dos westerns. Ela fez muito sucesso no Japão do comeoço dos anos 70 e rendeu uma espécie de continuação, conhecida no Brasil como Poderoso Lion Man ou Lion Man Laranja (Fuun Lion Maru), estrelada pelo MESMO ATOR que fazia o Lion Man Branco, Tetsuya Ushio, interpretando agora o espadachim Dan Shimaru.
Em meio a esta série, o Lion Man Branco fez uma participação especial dublado pelo Líbero Miguel. Depois, durante a exibição de seu próprio seriado, o Lion Man Branco começou dublado pelo Leonardo Camilo e em seguida passou a ser feito por Alexandre Reinecke. Particularmente eu tenho uma relação curiosa com os seriados.
Obviamente como todo mundo eu vi e acompanhei primeiro o Lion Man Laranja e adorava assisti-lo. Tanto que quando o Lion Man Branco começou a passar a princípio eu torci o nariz pra ele. Mas bastou ver os (poucos) capítulos disponíveis pra me sentir sentir arrebatado por aquela narrativa tão mais intensa e profunda que a da outra série. Concordo com quem disse que se você só assistiu ao Laranja e não ao Branco você não conhece a verdadeira essência de Lion Man. Agora, uma conclusão, tirada com a distância do tempo: Lion Man Branco é uma ótima série e Lion Man Laranja é bizarra!
Lion Man Branco foi criado pela P-Prodctions, a mesma produtora de Spectreman, ou seja: sinônimo de baixos recursos e muita imaginação. Mesmo com monstros que não chamavam a atenção em nada e uma máscara como única mudança visível da metamorfose do herói (mas que esteticamente era bem mais bonita que sua sucessora), a série tinha um tom sombrio e maduro, com uma violência desconcertantemente realista. Como você acha que o Joe Tiger ficou caolho?
Lembro ainda de quando era criança e fui a loucura com o capítulo onde o herói LEVA UM TIRO NA HORA EM QUE EXECUTA A TRANSFORMAÇÃO! Por que ninguém nunca pensou nisso antes? Pela primeira vez alguém imaginou mesclar dois tipos de seriados populares no Japão, mas aparentemente muito diferentes entre si: as histórias de samurai e os tokusatsu, mostrando numa mesma história soldados reais - samurais e ninjas - interagindo com guerreiros mágicos ou mesmo demônios "expelidos" por Gôsun.
Aquele clima de fantasia mesclado com o sanguinário Japão Feudal tinha um potencial incrível e uma densidade psicológica ímpar nos tokusatsus. Existe um episódio que também me marcou quando um dos heróis mata uma vila inteira de pessoas inocentes porque um ilusão o enganou e o fez pensar que eram soldados de Gôsum.
A trama cheia de reviravoltas chega de forma espetacular até o último capítulo e o combate definitivo com Gôsum, que só então revela de um modo espetacular sua verdadeira forma: um monstro gigante (e acredite, isso causou um forte impacto no público da época). O vilão e seus asseclas só são vencidos graças ao sacrifício dos heróis. O seriado só não ganha uma posição melhor no Top pelos efeitos precários. As asas do pegasus eram bem toscas, por exemplo, mas o resultado final acabava ficando bacana pra uma produção dos anos 70.
Uma tragédia infelizmente ocorreu no mundo real durante o programa. Tetsuya Ushio e Kôji Tonohiro, que interpretava Joe Tiger, estavam até tarde da noite tomando uns saquês numa hospedaria próxima ao local das gravações. Tetsuya retirou-se pra ir dormir pois ia gravar no dia seguinte, mas Kôji ficou por lá e, já embriagado, tentou alcançar o banheiro do local através de um corredor escuro. Foi quando caiu sobre a porta de vidro da banheira e sofreu um corte profundo no abdômen, morrendo devido a hemorragia. Como já estavam gravando os últimos capítulos o papel de Joe Tiger passou para o ator Tomotake Fukushima, que reviveria o personagem também na segunda série.
Enquanto que a obra original tinha uma trama envolvente e uma sofisticação maior - como nessas belas imagens acima - a continuação, o citado Lion Man Laranja, foi bem equivocada, o protagonista ficou com um visual bem mais próximo de um “bicho de pelúcia”, passou a prender a juba com um capacete e inventaram aquele maldito foguete (substituindo o pegasus) que não tinha nada a ver com a história! Essa segunda série não fez o sucesso esperado, em parte também por profundas modificações na índole do protagonista que, de um lutador implacável e honrado passou a ser um cara mais comedido e sensível, o que rendeu a famosa cena onde Joe Tiger - o personagem, não o ator - volta da morte só pra chamar o Lion Man Laranja de afeminado.
O detalhe é o Lion Man Laranja já tinha um parceiro, Jaguar, o Invencível Felino, que foi morto sem só nem piedade na trama para dar lugar ao Jônosuke. E o mais estranho: mesmo tendo o mesmo nome, a mesma transformação e sendo feito pelo mesmo ator (no caso, Tomotake Fukushima) ele afirma que era na verdade o irmão mais novo do Jônosuke/Joe Tiger que andava com o Lion Man Branco. Dá pra notar como eles ficaram perdidinhos, né?
Outra mudança visível que quem a assistiu vai lembrar é que depois da aparição do Joe Tiger o Lion Man Laranja deixa o capacete - que eles chamam de protetor - de lado, passando a surgir com a cabeleira da juba solta, exatamente como o original. A expressão da máscara também muda pra algo mais ameaçador, tudo pra ficar mais parecido com o Lion Man Branco e tentar - em vão - reconquistar o o público daquele herói. Resultado: o primeiro seriado teve 54 episódios e o segundo acabou com 25.
Em 2009 surgiu uma terceira série, Lion Man G, o que me motivou a considerar a franquia Lion Man um subgênero próprio dentro dos tokusatsu assim como os Ultras e os Kamen Riders. No novo seriado finalmente capricharam no visual, mas a trama é no mínimo inusitada. Protagonizada por um gigolô covarde (!?) que é a reencarnação do Lion Man Branco original, é repleta de cenas de putaria e dizem que tem um humor muito pesado. Basta dizer que tem uma cena o (anti-)herói se transforma em Lion Man pra transar com uma mulher!
Parece que o karma do Lion Man é esse: quanto mais mais bem produzidas são suas aventuras, piores se tornam os seus roteiros. Prova de que não há tecnologia que salve uma história ruim, e também não há efeitos precários que impeçam quem realmente se interesse de apreciar uma boa história.
7 comentários:
ótimo post cara, lembro bem do lion man laranja da época da manchete, não lembro de ter visto o Branco, mas você falou tão bem que me deu vontade de assistir, darei uma pesquisada! valeu
Excelente post! Também não conhecia a história o Lion Man Branco e vou procurar!
bom
alguem sabe dizer sem lion man branco foi dublada por completa?
Sempre fui fa dos dois independenre das diferencas. Acho que foram mal divulgados. E competir de igual com Metal Heroes da epoca era quase desleal
Leonardo, dublaram pouco mais de 10 episódios dessa série, parece. A outra, do Lion Man Laranja, foi toda dublada.
*Meus amigos, se vocês já viram a série pelos sites na web (creio eu que sim), tudo bem!! Mas, se não, aqui está o nome do canal no YouTube que tem os 54 episódios do Lion Man Branco: Daniel Moore!! Boa semana a todos e até breve!! [^J^]*
Postar um comentário
Todos os comentários e críticas são bem vindos desde que acompanhados do devido bom senso.