O assunto de hoje é aquela série nitidamente inpirada num famoso personagem de um filme hollywoodiano da década de 80, o Robocop, que por sua vez, também inspirado num antigo anime japonês, O Oitavo Homem.
10 – Jiban – O Policial de Aço
Gênero: Metal Hero
Ano de Produção: 1989 a 1990
O gênero Metal Hero nunca mais havia feito o mesmo sucesso após a trilogia dos Detetives Espaciais. Jaspion, Spielvan, Metalder e Jiraya não alcançaram no Japão o mesmo prestígio de Gaban, Sharivan e Sheider (situação quase inversa a ocorrida no Brasil, exceto por Sharivan ter feito mais sucesso que Spielvan). Dos quatro últimos, Jiraya foi o que se saiu melhor, tanto que foi o que teve mais episódios e cogitou-se fazer uma continuação na sua temporada seguinte.
Porém, devido ao grande sucesso do filme Robocop – O Policial do Futuro, foi produzida uma série totalmente inspirada no filme norte-americano, Jiban – O Policial de Aço. Para interpretar o protagonista foi escolhido Shohei Kusaka, ator que tinha dado vida ao Ninja Oruha na série anterior. Por sinal, o Manabu, irmão mais novo do Jiraya, faz uma participação especial em um capítulo de Jiban e até menciona seu irmão.
E não é que a aposta deu certo? Jiban foi um grande campeão de audiência no Japão e até hoje faz sucesso quando seus episódios são reprisados. Lembro de um amigo que morava no Japão a uns 6 anos e me disse que Jiban estava bombando na TV de lá, mas ninguém sabia quem era Jaspion. Ele também foi o responsável pelos Metal Hero seguintes continuarem focando em policiais. Definitivamente os japoneses curtem uma série policial, seja ele um detetive do espaço ou um ciborgue da Terra, que era o caso de Jiban.
A história conta as aventuras do policial Naoto Tamura que após salvar o cientista Dr. Igarashi e sua neta Ayumi da Organização Biolon fica entre a vida e a morte, mas renasce como um ser meio homem, meio máquina disposto a defender a justiça. Qualquer semelhança com Alex Murphy NÃO É mera coincidência. A “equipe Jiban” também conta com os robôs Halley e Boris para auxiliar o herói. Na Central de polícia Naoto tem que esconder sua identidade secreta de seus superiores, a valente e invocada Yoko, com quem sempre pinta um clima, e o malandro e atrapalhado Seichiro, que no fundo tem inveja dele. Hilário e inesquecível o episódio em que Seichiro surta e pensa que é o próprio Jiban disfarçado de Seichiro.
A organização Biolon era comandada pelo Dr. Jean-Marie, cientista louco “nascido” dos dejetos químicos das indústrias do Dr. Igarashi, conforme revelado no último capítulo. Além d esuas duas assistentes, Marshal e Cannon, a grande criação de Jean-Marie era a criatura Madogarbo, grande rival de Jiban, pois foi construída a partir de suas células. Se Jiban é o Robocop japonês, Madogarbo é o equivalente a um Frankenstein. Outra inimiga “nascida” da poluição surge no meio do programa para infernizar ainda mais a vida do Policial de Aço, A Rainha Cosmos, que surgiu a partir do lixo criado pela Corrida Espacial (é sério) e queria, por alguma razão, que as mulheres dominassem o mundo!
Outra coisa era o óbvio fato de que a Toei parecia que não sabia direito como tratar do tema ecologia dentro duma obra de fantasia como os tokusatus. Desde criança, tanto o Dr. Jean-Marie quanto a Rainha Cosmos, me soavam estranhos. Principalmente ela, cujos poderes pareciam mais mágicos do que cósmicos. E, pelo menos na minha memória, ela era muito mais poderosa que o Doutor e não precisaria se aliar a ele em grande parte do seriado para vencer Jiban a não ser em algum momento específico, assim como aconteceu antes com Dell-Star e Dokusai em Jiraya.
Basicamente a série era desde a abertura focada em Naoto e na pequena Ayumi, que ele tratava como irmã e a grande reviravolta da trama ocorre quando, perseguida por Biolon, Ayumi é forçada a usar um anel bomba. Qualquer semelhança com a melancólica trama da Lume, a Menina-Robô-Bomba do Metalder, também NÃO é mera coincidência.
Para não destruir o herói, Ayumi pula de uma cachoeira e desaparece por longos episódios. De uma versão da Lume ela passa a ser então uma espécie de versão bem mais tolerável da insuportável Nana dos Changeman - que aparece e desaparece conforma a série avança - e o desespero de Naoto em salvá-la se tornou a mola propulsora da produção. Começa uma árdua jornada de Jiban atrás da menina que depois descobre-se desmemoriada, até ser novamente caçada por Biolon e pela Rainha Cosmos… e ainda com o anel no dedo.
Conforme a história do sumiço de Ayumi e do anel bomba vão se resolvendo Jiban vai finalmente tendo seu confronto final com seus inimigos… e vários aliados morrem no meio do caminho. Assim, de uma mera cópia sem a mesma graça do Robocop, pouco a pouco Jiban foi se tornando uma saga épica. Conforme se aproximava do final a qualidade foi melhorando, algo que ironicamente ocorreu também com Jaspion.
Uma última curiosidade é que os dois últimos capítulos da série jamais foram exibidos pela Rede Manchete, nem sequer dublados. Mas com o lançamento do DVD de Jiban o final da série finalmente ganhou uma versão em português com o dublador Figueira Jr. (a voz do Fry do Futurama e do Andróide 17 do Dragon Ball) substituindo o falecido Carlos Laranjeira, lendário dublador de inúmeros tokusatsus, como a nova voz do herói. Pra encerrar, veja aqui uma extensa entrevista com o protagonista Shohei Kusaka e descubra porque ele decidiu se aposentar no auge do sucesso.
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