quinta-feira, 27 de junho de 2013

Climatinê: Além da Escuridão - Star Trek por Corto

por
Corto de Malta


Além da Escuridão - Star Trek não só é um grande filme, mas ele também tem muito a dizer ao público brasileiro que recentemente teve um choque de realidade na esfera política.


SPOILERS ABAIXO


Esse é o segundo filme do reboot, ou da nova realidade de Star Trek e o segundo dirigido pelo "Midas dos Nerds", J.J. Abrams.



Além da Escuridão começa do ponto onde o anterior parou: Kirk (Chris Pine) é nomeado o Capitão da Enterprise no lugar de Pike (Bruce Greenwood). Spock (Zachary Quinto) está a seu lado, mas ainda não consegue compreendê-lo, assim como também se sente inseguro sobre sua relação com Uhura (Zoe Saldana). O velho Spock (Leonard Nimoy) está ocupado em meio a reconstrução da sua civilização em Nova Vulcano.

Após um acontecimento na sequência de abertura Kirk e Spock novamente entram em conflito e isso faz com que um seja rebaixado e o outro transferido devido as suas ações. É quando surge John Harrison (Benedict Cumberbatch), que realiza um ataque terrorista contra vários membros da Federação e a seguir refugia-se num planeta dentro do setor espacial pertencente ao Império Klingon.



Kirk e Spock são então incumbidos de uma missão de guerra pelo Almirante Marcus (Peter Weller), onde serão testados como nunca enquanto desvendam os segredos de Harrison, da própria Federação e de uma tripulante misteriosa (Alice Eve).

Impressionante como J.J. Abrams consegue aparar absolutamente todas as arestas, criando um longa metragem que agrada tanto aos fãs dessa versão nova quanto aos da antiga, redimensionando personagens clássicos em situações completamente novas - tanto o vilão como os heróis - mas jamais abrindo mão de referenciar a mitologia de Jornada nas Estrelas, especialmente a série clássica e os filmes baseados nela.



Mas ele foi além e construiu uma metáfora sobre a guerra e a política suja que fica sempre à sua sombra, mostrando como pode ser fácil para alguém frio e perverso manipular as emoções alheias. Seja na vida real ou na ficção científica, na Terra ou em algum local distante do universo, as relações humanas dificilmente se resolvem com um simples conflito maniqueísta entre as forças do "Bem" e do "Mal". 

A realidade é que alguém sempre lucra com a guerra, mas de uma forma ou de outra todos perdem. Ao apontar isso, Abrams segue a tradição de Star Trek de levantar a bandeira do pacifismo e da tolerância. E como senão bastasse, o diretor também fincou definitivamente a tão propalada amizade entre Spock e Kirk neste novo universo, de um jeito que terminou surpreendendo até o mais esperto dos fãs.



O mais interessante é ver como ele descaracteriza Spock sem de fato descaracterizá-lo, pois tenho certeza que toda a construção em torno do personagem do meio vulcano/meio terráqueo desde sua infância solitária mostrada no filme anterior passando por suas relações inseguras e a reticência em entender os gestos de generosidade do Capitão da Enterprise para com ele mesmo sabendo que ele não retribuiria... culminam na cena em que Spock  finalmente deixa sua porção humana vencer a vulcana, ao perceber que perdeu algo valioso que até então ele próprio não tinha se dado conta que possuía, e resolve então reagir como humano.

E como humano transfere ao inimigo mais próximo o reflexo que precisava pra se libertar de uma agonia que o sufocava... porque no fundo estava mirando o adversário, mas a si mesmo. É sobre essa condição complexa da humanidade - onde na verdade não existe a saída fácil de optar entre o Lado do Bem ou do Lado do Mal e somos responsáveis por cada uma de nossas escolhas e suas consequências - que Abrams trata nessa obra, procurando encaminhar o público a uma reflexão.



SPOILER: O Sherlock Holmes arrebenta a cabeça do Robocop!!

5 comentários:

Renver disse...

Me tira uma dúvida.

Pra quê a tripulação/família/colegas do Khan estavam presos em mísseis? Se a federação os considerava tão perigosos porque não os eliminou antes em vez de colocá-los em mísses e dizer que eram misseis "overpower nucleares"?

Renver disse...

Achei o primeiro filmemais redondinho

Corto de Malta disse...

SPOILER

O Marcus mandava na Federação e ele os usou como reféns pra chantagear o Khan a fazer o que ele queria até gerar uma guerra com os Klingon. Se os matasse ele não teria com quê barganhar.

Por isso o Khan precisava de verdade da ajuda da Enterprise pra libertá-los e fala para o Kirk que faria qualquer coisa por eles porque ele sabia que o Kirk também se sacrificaria pela sua tripulação, como de fato o faz.

Anônimo disse...

Não é reboot Corto. Apesar de pratica ser.

Anônimo disse...

*Apesar de na prática ser.

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