Quando pensamos num filme de Martin Scorsese o que primeiro vem a cabeça? Os Bons Companheiros? Gangues de Nova York? A Época da Inocência? Taxi Driver? Cabo do Medo? Cassino? Os infiltrados? Esqueça! De agora em diante Martin será lembrado ( na minha pretensiosa opinião) por A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011) Em sua primeira imersão pela tecnologia 3D, Scorsese mostra porque é considerado "o maior diretor vivo". Uma história leve, inspiradora e acima de tudo um ode ao cinema de fantasia na figura do brilhante George Mélies, fabuloso diretor, produtor, escritor,ilusionista e pai dos efeitos especiais.
Baseado (muito bem por sinal) no livro homônimo de Brian Selznick, Hugo, narra a jornada de um pequeno orfão (o simpático Asa Butterfield), morador da estação de trem de Gare Montparnasse, na Paris dos anos 30, em busca de uma possível mensagem que seu pai (Jude Law, numa participação curta, porém sensível) teria deixado num autômato, uma espécie de robô. Para isso, ele passa os dias roubando pequenas peças de relógios de uma relojoaria dentro da própria estação.
Perseguido pelo "Inspector" Gustav (Sacha Baron Cohen, impagável) ele mal sabe onde suas traquinagens o levarão. Com a ajuda da intrépida e sonhadora Isabelle (Chloë Moretz, linda, linda), o garoto descobre que roubava de ninguém menos que George Mélies (Ben Kingsley,saído do turpor que se encontrava e voltando a atuar em grande nível) esquecido por todos e por suas próprias mágoas dentro dessa lojinha na estação - ideia apropriada já que o Georges "real", foi ultrapassado - olha o trem- pelo "tempo" e por cineastas mais revolucionários que ele ( alguém disse Charles Chaplin?).
A odisséia de ambos é contada numa verdadeira homenagem ao cinema, tal qual O Artista, não sem justiça, também indicado ao Oscar desse ano. Desde as referências literárias, até as cinematográticas, está tudo lá. Martin Scorsese não esqueceu de nada. A Chegada do Trem na Estação (L'arrivée d'un train à La Ciotat, 1896), dos irmãos Lumière, tem sua cena( que levou platéias à loucura) quase que recriada em pelo menos dois momentos do filme. Fazendo bom uso do 3D, não de maneira gratuita como usualmente é utilizado hoje em dia, Scorsese nos premia com uma obra para sempre. E tem a exata noção disso.
Hugo é tal qual o livro, uma obra ruminante. Ou seja, precisa que o público conheça um nadinha de cinema para que a paixão aflore. Ao recriar cenas de Viagem à Lua (Le Voyage Dans La Lune, 1902), por exemplo, Scorsese dialoga com a plateia quase que de maneira visceral. Evidentemente que aqueles que não tiveram a oportunidade de acompanhar esse mais que antigo filme (disponível completo no youtube) também se sentirão tocados. Mas o sentimento de nostalgia que o diretor quer suscitar na plateia, parece mais definitivo de acordo com o grau de conhecimento prévio de cada um. Hugo obteve 11 indicações ao Oscar desse ano, dentre as quais Melhor Filme, Roteiro Adaptado, Diretor e Trilha.
Curiosamente nenhum de seus atores foi lembrado. Uma injustiça com Ben Kingsley, que encarna com segurança e responsabilidade o papel de Mélies, relembrando o ator fantástico de outra época. Naquela que deve ser a mais nostálgica cerimônia do Oscar dos últimos anos, Hugo deve perder para O Artista a estatueta de melhor filme. Fica a torcida para que Scorsese ao menos abocanhe o ( merecido) Melhor Diretor.
Curiosamente nenhum de seus atores foi lembrado. Uma injustiça com Ben Kingsley, que encarna com segurança e responsabilidade o papel de Mélies, relembrando o ator fantástico de outra época. Naquela que deve ser a mais nostálgica cerimônia do Oscar dos últimos anos, Hugo deve perder para O Artista a estatueta de melhor filme. Fica a torcida para que Scorsese ao menos abocanhe o ( merecido) Melhor Diretor.
Em tempo: Havia muito que um diretor não mostrava tanto respeito por uma obra literária quanto Scorsese pela obra homônima de Hugo. Mais aplausos para o Mestre.
Um comentário:
Boa resenha e crítica rapaz!!!
E realmente é difícil lembrar desse diretor sem lembrar de mafiosos, psicopatas e pertubados em geral!!!
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