quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cartas de Um Navegante: O Belo Cinema Maldito de Alejandro Jodorowski

por
Corto de Malta
 

Um dos mais inventivos diretores de todos os tempos, o cineasta, poeta, escritor, roteirista de HQ, psicólogo (e mago?) Alejandro Jodorowski é responsável por alguns dos filmes experimentais mais bizarros da história da Sétima Arte. Vamos falar de dois filmes clássicos desse multifacetado artista chileno, El Topo e A Montanha Sagrada.



EL TOPO





 Em 1970 lançou o que pra muitos é sua obra-prima, o filme El Topo. O faroeste (se é que se pode chamar esse filme de faroeste) conta a história de El Topo, vivido pelo próprio Jodorowski, um cavaleiro todo vestido de preto que cavalga pelo deserto com seu filho, o pequeno Brontis. Após um amadurecimento do menino em uma série de cenas simbólicas, bíblicas e oníricas o filme segue em três partes, mais simbólicas, bíblicas e oníricas ainda.

Na primeira El Topo enfrenta os bandidos do cruel Coronel e, após castrar este último, levando-o ao suicídio, torna-se uma espécie de Deus superpoderoso. Então ele deixa o guri com monges franciscanos, e vai com a mulher do coronel, Mara, desafiar os Quatro Mestres da Pistola, o que será sua perdição por vencê-los sem merecer por influência de Mara, que também ganha poderes após El Topo estuprá-la.

Ela, a seguir, o trai com uma mulher vestida de preto exatamente como ele e ambas o ferem como a Cristo. Resgatado por um grupo de mendigos aleijados e deformados, ele é levado a uma caverna passando a agir como guia espiritual e com um visual completamente diferente. Após isso e recuperado, ele parte numa última missão, conseguir dinheiro na vila local para libertar seus amigos na caverna. Só que os habitantes da vila são, de certa forma, piores que os da caverna.






A MONTANHA SAGRADA


 Tudo isso aí virou um cult que ganhou a admiração de, entre outros fãs, John Lennon e Yoko Onno. O casal não só foi o grandes responsável pela distribuição de El Topo como ainda financiou o projeto de seguinte de Jodorowski, A Montanha Sagrada.

Neste filme, que disputa com El Topo pra ver quem tem mais signos espirituais e psicológicos a cada sequência, um homem que é a cara de Jesus Cristo é reanimado por um grupo de anões, escapa e vaga por uma metrópole atemporal até chegar na torre onde vive um mago misterioso, que o conduz numa jornada, mas cujo verdadeiro objetivo é reunir um grupo de pessoas para subjugar os governantes do mundo que vivem no topo de uma Montanha Sagrada.

Algo que distingue Jodorowski de grande parte dos cineastas independentes e marginais é que ele parece menos interessado em chocar por temas e imagens para só então levar a reflexão, e mais interessado em atrair através da construção de lindos quadros a cada cena (um ponto comum entre suas HQs e seus filmes que parecem mesmo HQs) utilizando uma multiplicidade de significados em um mundo surreal para desconstruir a realidade. Ainda assim os filmes dele são muito loucos!

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