quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Especial: Cadernos do Festival do Rio 2011 - Parte 3

por
Corto de Malta


Na terceira parte do Especial eu perdi muitos filmes, mas conheci uma lenda do Cinema pessoalmente: Dario Argento.

Perdi vários filmes no segundo fim de semana do Festival do Rio por estarem concorridíssimos e por muita gente já ter comprado ingressos pela internet. Filmes como Drive, O Caçador de Troll, Um Método Perigoso, O Palhaço, Sleping Beauty e até mesmo o clássico Suspiria da Mostra Dario Argento infelizmente ficaram de fora da listinha devido a esses problemas, além de conflitos de horários.

Em compensação, aconteceu a melhor coisa que pdoeria ter acontecido. Tive a satisfação de conhecer pessoalmente e apertar a mão do diretor italiano Dario Argento, um dos grandes homenageados do Festival, quando ele esteve no CCBB no domingo, 16 de outubro para a apresentar asua  Trilogia dos Animais que seria exibida a seguir.

Ele aproveitou também  o tempo respondendo a perguntas do curador da Mostra, Mario Abade, e de algumas pessoas da platéia.  E eu tive a felicidade de ter sido o primeiro a perguntar e ver Argento, um cara que quem sou fã, falando de como conheceu e admirava alguém de quem ambos éramos fãs: Alfred Hitchcock.:



Após isso ele também falou um pouco sobre seu novo projeto, o Drácula 3D, sobre as diferenças e semelhanças entre suspense e terror e a seguir foram apresentados os filmes. Vamos lá:



DOMINGO 16/10

O Pássaro das Plumas de Cristal (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB


Em seu primeiro filme no ofício, Argento conta a história do escritor norte-americano Sam Dalmas (Tony Musante) que vive em Roma com a namorada quando numa noite avista da rua uma estranha cena numa galeria de arte envolvendo uma bela mulher e uma figura encapuzada que apunhala a moça e foge. Sam tenta ajudá-la em vão, pois fica preso numa passagem de vidro entre a entrada da galeria e a rua. Após a chegada  da polícia que socorre a jovem, descobre-se que o encapuzado era um misterioso assassino de mulheres. Visto como suspeito pela polícia e como ameaça pelo criminoso, o escritor mergulha de cabeça no caso tornando-se obcecado em tentar recordar algo que teria visto na noite do crime.
Um dos melhores trabalhos do diretor, O Pássaro das Plumas de Cristal apresenta tudo que marcaria sua obra: o ambiente onírico (o filme é baseado num sonho), as luvas negras, a faca afiada, a referência a Hitchcock (sobretudo na cena final), uma reflexão sobre o papel da mulher e principalmente a memória.



O Gato de Nove Caudas (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB


O ex-jornalista cego Franco Amo (Karl Maden), ao passear com sua filha adotiva, ouve uma suspeita conversa entre dois homens num carro na  frente de um centro de pesquisas. Na mesma noite um segurança é assassinado durante uma invasão ao local de onde teria sido roubado algo que é escondido da imprensa. Quando um dos cientistas que trabalham lá é empurrado na linha do trem, Franco pede ajuda ao repórter Carlo (James Franciscus) pra investigar os pesquisadores e a família dona do centro, o que faz com que (óbvio) os dois entrem na mira do assassino.
Um filme muito bom, exceto pela explicação ridícula do título e pela revelação final sem pé nem cabeça. Mas é um belo exercício de como contar uma história clássica de suspense com um festival de pistas falsas, uma trama intrigante, um personagem interessantíssimo (o cego) e 2 sequências fantásticas (a do cemitério e a brigaiada no telhado). Faltou desenvolver melhor o motivo dos assassinatos. Tinha mais potencial.


Quatro Moscas no Veludo Cinza (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB


O baterista Roberto Tobias é perseguido durante dias por um estranho homem. Uma noite ele vai tirar satisfações e o encurrala num teatro. Após ser ameaçado com uma faca, o músico aparentemente mata o homem, sem saber que está sendo fotografado por uma figura mascarada do balcão. Ele então passa a viver um inferno sendo ameaçado por esse psicopata que busca atormentá-lo e hostilizá-lo em toda parte sem nunca dizer o que quer. A única pista do msitério é a visão de um morto: 4 Moscas num Veludo Cinza.
Esse filme parece muito com a fase moderna do Argento, o que não é bom. O ritmo é morno demais até a reviravolta na metade quando o tom do filme muda e mortes começam a cercar o baterista. A tentativa de criar um protagonista de caráter ambíguo (ele nunca quer ir a polícia por medo de ser preso e trai a esposa com a prima) só o torna antipático aos olhos do público, ressaltando o valor dos coadjuvantes, como o detetive gay, o carteiro trapalhão e o amigo heróico vivido por ninguém menos que Bud Spencer.



SEGUNDA 17/10


Wuthering Heights/O Morro dos Ventos Uivantes (Panorama Mundial)
Local: São Luiz


No século XIX, o jovem e pobre Heathcliff (Solomon Glave e James Howson) é levado para viver na fazenda do Sr. Earnshaw em Yorkshire, Inglaterra. Lá ele é desprezado pelo filho do dono, Hindley, mas desenvolve um forte sentimento de afeto pela irmã dele Catherine (Shannon Beer e Kaya Scodelario), que marcará a vida de ambos para sempre. Mas quando Earnshaw morre, Hindley rebaixa seu irmão de criação a uma situação de quase escravidão e Cat se envolve com o filho do fazendeiro vizinho. Heathcliff decide partir, mas voltará movido por esse sentimento, misto de obsessão e vingança com amor e paixão.
 Depois de A Chave de Sarah foi um desprazer ver mais um grande livro adaptado equivocadamente. A diretora Andrea Arnold partiu de uma idéia promissora, um Heathcliff negro, pra fazer um filme fraco. Ela mudou o foco narrativo da governanta pro protagonista, o que tornou bizarras as passagens em que ele fica fora da trama, trocou o tom urgente de folhetim por um naturalista chato e cortou o final de horror gótico.



QUARTA 19/10

A Mansão do Inferno (Mostra Dario Argento)

Local: CCBB



A jovem Rose Elliot (Irene Miracle) descobre através de um livro antigo que o prédio onde mora em Nova York foi projetado a séculos pelo arquiteto Kazanian (Sacha Pitoeff) como uma das três moradas malditas que servem de abrigo para Três Bruxas terríveis que controlam o mundo: A Mãe dos Suspiros, em Friburgo, a Mãe das Trevas, em Nova York, e a Mãe das Lágrimas, em Roma. Rose escreve pedindo ajuda a seu irmão Mark Elliot (Leigh MacCloskey), que vive em Roma, desencadeando uma série de assassinatos brutais envolvendo uma conspiração, que não fica clara tendo somente esse filme como base.

Continuação da obra-prima Suspiria, A Mansão do Inferno é inferior a seu antecessor, sofrendo muito por ser a segunda parte de uma trilogia (ao menos é melhor que o terceiro filme feito décadas depois) e pela falta de um roteiro mais contundente que ao menos desenvolvesse melhor enredo e personagens. No saldo o longa-metragem salva-se como um belo exercício de estilo de Argento ainda no auge da criatividade.



SEXTA 21/10

Um Vulto na Escuridão/O Fantasma da Ópera  (Mostra Dario Argento)
Local: CCBB

No fim, do século XIX uma mãe abandona seu filho (Julian Sands) no esgoto e ele é salvo e criado por ratos, crescendo com poderosas habilidades físicas e telepatia (???) nas catacumbas da Ópera de Paris. Ele passa a ser uma espécie de lenda entre todos aqueles que trabalham na Ópera até que um dia se apaixona pela soprano Christine Daaé (Asia Argento) e se mostra capaz de matar para levá-la ao estrelato.
Cheguei a uma conclusão: existe um filme na cabeça do Dario Argento e outro que a gente assiste, o que explica seus filmes atuais cheios de desencontros. A concepção do Fantasma é um equívoco, ele lembra mais o Drácula ou o Nosferatu (e, diferente de um cartaz do longa, não usa máscara) e a Christine parece que é bipolar. Numa hora ama o Fantasma, noutra o Barão, depois o Fantasma de novo. O diretor procura a princípio ser fiel a obra de Gaston Leurox, mas vai se perdendo pelo caminho. Quando ele se encontra de novo, a gente não está mais interessado no enredo. Desejamos ao Maestro melhor sorte em Drácula 3D.



Bom, galera, me despeço aqui do Especial Cadernos do Festival do Rio 2011. Mas nosso amigo Monitor dará continuidade falando de mais filmes que ele teve a oportunidade de assistir (alguns que me deram inveja!) e de sua experiência no Festival.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lilian

O Morro dos Ventos Uivantes, é um dos melhores livros da minha vida, mistura ciúme com vingança e orgulho de maneira magistral...

Como curiosidade no Brasil tivemos a novela “O Morro dos Ventos Uivantes” de Lauro César Muniz, transmitida pela TV Excelsior em 1967, também baseada no romance homônimo da escritora.

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