Esse texto foi escrito especialmente pela nossa amiga Bat-Cristina da CDZ Comics, falando sobre a forma tão peculiar como Hollywood enxerga o Brasil. Confiram:
Leia a nota abaixo:
“O policial Batman – O Cavaleiro das Trevas não será lançado oficialmente na China. Um funcionário da Warner Bros. informou que a decisão foi tomada com base na “sensibilidade à alguns elementos da produção”. No longa, Batman viaja à Hong Kong para capturar um criminoso chinês. Outro fator que pode ter incentivado a medida foi a breve aparição do ator e cantor Edison Chen. No começo deste ano, ele foi visto em fotos em que aparecia ao lado de diversas mulheres em posições sexuais. A fonte, de acordo com jornal The New Zealand Herald, declarou que a Warner nem enviou cópia do filme para aprovação dos censores da China”.
Ela foi retirada do site Cinema em Cena, em dezembro de 2008. Agora, pensa comigo. Criminoso tem em todo lugar do mundo, certo? Um criminoso não define o país, certo? A imagem da China de nada ficou manchada pelo fato de um personagem ser um contador corrupto que foge pra terra natal. Pelo menos, não em minha opinião...
Afinal, em Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, EUA, 2008) – direção de Christopher Nolan - tem bandido para todos os gostos e nacionalidades. A policial Ramirez, por exemplo, é corrupta e citada como tal logo no início do filme. Não vi ninguém achar nada de mal nisso. Quer dizer que com os “Ramirez” pode, com os “Lau” não? Sim, pro mundo do cinema um público vale mais que o outro. Deixaram de lado um mercado de mais de um bilhão de pessoas para não irritar a China. Razões políticas? Quem sabe?
Isso me inspirou a montar uma lista dos que considero os maiores absurdos já ditos e mostrados sobre o Brasil em filmes estrangeiros. Infelizmente, todos eles foram lançados aqui:
- Feitiço do Rio (Blame It on Rio, EUA, 1984) - direção de Stanley Donen
Demi Moore e Michael Caine protagonizam esse filme que mostra uma
pessoa, tranqüilamente, passeando com o chimpanzé de estimação! Talvez
o estereótipo que Feitiço do Rio reproduz possa ser melhor
representado por seu pôster. Se não bastar, veja a ficha do filme no
imdb e tente não rir com a identificação de duas personagens: “macumba
lady #1” e “macumba lady #2”.
- Bem-Vindo à Selva (The Rundown, EUA, 2003) – de Peter Berg
Na Amazônia brasileira do filme tem de tudo, até tribo de asiáticos e
babuínos. Já ouviu falar de pigmeus e babuínos por lá? Nem eu. Dizem
que a produção do filme foi roubada aqui e eles tiveram que transferir
as filmagens pra outro país. É, isso pega mal pro Brasil, mas também
não precisava zuar o país assim, não é mesmo? O filme tem também
Rosario Dawson fazendo papel de uma brasileira. Uma atriz brasileira
não seria mais convincente?
- Aliás, esse é o mesmo caso de “Sabor da Paixão” (Woman on Top, EUA,
2000) – direção de Fina Torres.
Penélope Cruz é uma espanhola, interpretando uma brasileira,
que mora nos Estados Unidos e é apaixonada por um brasileiro,
esse sim, brasileiro, o Murilo Benício, que teve que dublar a si
mesmo quando o filme foi exibido na Globo. O resultado ficou
esquisitíssimo.
- 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, Inglaterra/ França, 1979)
– direção de Lewis Gilbert
Como vimos, na Amazônia brasileira tem de tudo, mas Roger Moore
conseguiu achar um templo Inca! De todas as façanhas de 007, sem
dúvida, a número 1 é sair de lancha pelo Rio Amazonas e ir parar nas
Cataratas do Iguaçu. Wow! Caramba!
- Orquídea Selvagem (Wild Orchid, EUA, 1989) – de Zalman King
- Feitiço do Rio (Blame It on Rio, EUA, 1984) - direção de Stanley Donen
Demi Moore e Michael Caine protagonizam esse filme que mostra uma
pessoa, tranqüilamente, passeando com o chimpanzé de estimação! Talvez
o estereótipo que Feitiço do Rio reproduz possa ser melhor
representado por seu pôster. Se não bastar, veja a ficha do filme no
imdb e tente não rir com a identificação de duas personagens: “macumba
lady #1” e “macumba lady #2”.
- Bem-Vindo à Selva (The Rundown, EUA, 2003) – de Peter Berg
Na Amazônia brasileira do filme tem de tudo, até tribo de asiáticos e
babuínos. Já ouviu falar de pigmeus e babuínos por lá? Nem eu. Dizem
que a produção do filme foi roubada aqui e eles tiveram que transferir
as filmagens pra outro país. É, isso pega mal pro Brasil, mas também
não precisava zuar o país assim, não é mesmo? O filme tem também
Rosario Dawson fazendo papel de uma brasileira. Uma atriz brasileira
não seria mais convincente?
- Aliás, esse é o mesmo caso de “Sabor da Paixão” (Woman on Top, EUA,
2000) – direção de Fina Torres.
Penélope Cruz é uma espanhola, interpretando uma brasileira,
que mora nos Estados Unidos e é apaixonada por um brasileiro,
esse sim, brasileiro, o Murilo Benício, que teve que dublar a si
mesmo quando o filme foi exibido na Globo. O resultado ficou
esquisitíssimo.
- 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, Inglaterra/ França, 1979)
– direção de Lewis Gilbert
Como vimos, na Amazônia brasileira tem de tudo, mas Roger Moore
conseguiu achar um templo Inca! De todas as façanhas de 007, sem
dúvida, a número 1 é sair de lancha pelo Rio Amazonas e ir parar nas
Cataratas do Iguaçu. Wow! Caramba!
- Orquídea Selvagem (Wild Orchid, EUA, 1989) – de Zalman King
Confesso que esse eu não vi, mas também não vou dar uma de Zeca
Camargo e colocar ele no topo da lista. O motivo de ele estar aqui,
sem eu ter visto, é porque ele tem uma cena famosa, que muita gente
conhece, mesmo que não tenha visto o filme. Aliás, vi parte da tal
cena num documentário num canal estatal, não lembro se era a NBR ou TV
Senado.
Mas, fica de aviso, se você estiver de bobeira passeando pelos canais da TV e passar por "Olhar Estrangeiro” (Brasil, 2006) – direção de Lucia Murat – fique no canal.
Vale muito a pena ver os diretores e atores destes e de outros filmes sendo confrontados com a realidade que não está nas suas produções.
Aliás, aí vai um trailer do documentário:
Sobre a tal cena de Orquídea Selvagem, é um casal transando em local público. O homem
arranca o vestido da mulher e eles fazem sexo ali mesmo. No trailer do
documentário acima, essa cena passa rapidinho.
- Garota do Rio (Girl From Rio, Espanha / Reino Unido, 2001) – de
Christopher Monger.
Hugh Laurie (Sim! O Dr House!) assalta um banco e vem para o Brasil.
Destino? Rio de Janeiro, claro. Ele não viria pra Buenos Aires, nossa
capital. Na terra do carnaval e do futebol ele se envolve com um
bicheiro, enfrenta muitas confusões com um motorista de taxi sinistro
e ainda sobra tempo para altos romances com uma dançarina, nessa
aventura que vai agitar a turminha da Sessão da Tarde. Esse filme me
fez pensar que espanhóis e ingleses não devem gostar da quantidade de
títulos conquistados pelo país nas Copas do Mundo. O personagem de
Laurie fica um bom tempo do filme com uma camisa do Brasil com 3
estrelas e na época já éramos tetracampeões há anos. Nota: esse filme
tem uma música do Terra Samba na trilha. “Nada mal, curtir o Terra
Samba não é nada mal...”
- Com a Bola Toda (Mad About Mambo, Reino Unido/Irlanda, 2000) –
direção de John Forte
Vou resumir. Um jogador de futebol quer aperfeiçoar sua técnica
dançando. Onde entra o Brasil nessa história? Bom, você leu o “mambo”
do título original? Pois é... O fato é que aqui no Brasil traduziram o
mambo como samba, porém no filme eles devem dançar mambo mesmo. Samba
que não é! Não termina por aí, lá pelas tantas do filme, o jogador–dançarino-conquistador
encontra seu ídolo: um famoso jogador de
futebol brasileiro. Para a surpresa geral da nação, o “player”
confessa que odeia jogar futebol! Vai ver que só estrangeiros
dançarinos de mambo gostam. Já reparam como samba que toca em filmes
estrangeiros não é samba e como a dança parece qualquer coisa sem o
‘ziriguidum’ típico daqui? Poxa, será que custa ver cinco minutos de
um desfile de escola de samba?
- Lambada – A Dança Proibida (The Forbidden Dance, EUA, 1990) – de Greydon Clark
Sem dúvida uma besteira divertida. Afinal de contas, entrar num
concurso de dança da TV pra salvar a floresta amazônica é, ou não é,
divertido? E ainda tem aquela música que dancei muito quando criança:
“Chorando se foi, quem um dia já me fez chorar...”.
- Kickboxer 3 – A Arte da Guerra (Kickboxer 3: The Art of War, EUA,
1992) – direção de Rick King
filmes da série Kickboxer, mas parece que Milton Gonçalves e Gracindo
Jr. não pensam assim. Eles estrelam esta produção que conta com um garoto
de rua que é fluente em inglês e que tem um cartaz não muito simpático
(principalmente se considerar onde o filme foi rodado). Você acha que
o Gracindo Jr. tem cara de bandido? Imagina, então, o que acontece com
o personagem dele no final?
- Desafio Mortal (The Quest, EUA, 1996) – dirigido por Jean-Claude Van Damme
Antes de protagonizar aquela cena traumática, ao ficar visivelmente
excitado com a Gretchen no palco do Domingo Legal, Van Damme se juntou
a Roger Moore (que junto com a Demi Moore deve ter algo contra as
terras verdes e amarelas) para descaracterizar a bandeira brasileira.
Aquela coisa horrível exibida no filme em nada se parece com a
bandeira nacional que, sem nacionalismos, é linda.
Pra fechar com chave de ouro...
- Turistas (EUA, 2006) – de John Stockwell
Não basta o Brasil se resumir ao Rio, São Paulo, Bahia e Amazônia. Não
basta os personagens brasileiros falarem espanhol e se chamarem
“Juan”, “José” ou “Miguelito”. Não basta o samba ser mambo. Não basta
que aqui seja visto a terra de futebol, carnaval e sexo fácil. Não
basta todo tipo de bicho assassino sair daqui e ir matar gringos em
suas casas. Não basta que o Brasil só tenha duas músicas: “Garota de
Ipanema” e “Aquarela do Brasil”. Não basta os roteiristas e produtores
não pegarem um livro sequer de geografia nas mãos. Não, não basta!
Eu sei que você está cansado de ler ‘’não basta’’, mas não basta.
Em 2006, foi lançado “Turistas”. O início do filme parece um “Férias
Frustradas” gore, só que com protagonistas mais idiotas e
desorientados. Afinal, quem é que não conhece um “Boa noite
Cinderela”? Essa droga não existe somente por aqui.
O filme segue com violência e mais violência. Brasil é um país com violência e isso não
se pode negar. Mas os criminosos daqui costumam ser mais espertos.
Por que eles iriam roubar órgãos de estrangeiros? Para ter polícia
internacional na cola deles? Esse filme foi lançado quando o turismo
no Brasil estava em alta. Baixa do dólar, situação favorável. Bem
nesse momento, surgiu ‘’Turistas’’.
Isso remete ao início do texto.
Batman – O Cavaleiro das Trevas não foi lançado na China em 2008 porque
ele tem um criminoso que foge pra lá e o Homem-Morcego vai atrás dele.
Não há estereótipos sobre o país e a população (pelo menos eu não
notei), não há erros geográficos, culturais ou coisa que valha, mas o
filme não foi exibido por lá. Lembrando que a China tem um público
imenso, que não se pode dar ao luxo de jogar fora. Daí surge a
pergunta inevitável: por que esses filmes foram todos lançados no
Brasil e Batman não pode ser lançado por lá? O erro está conosco ou
com eles?
BICHOLETOS
Já reparam que o nosso país é um excelente ninho de bichos assassinos? Talvez o filme mais famoso do tipo seja Anaconda (EUA, 1997), de Luis Llosa. Arrisco dizer que o filme é sobre uma anaconda (e não uma sucuri, por exemplo), por que não existem outros lugares no Brasil que não sejam a Amazônia, Rio, Salvador e, claro, Buenos Aires. Mas, se em Anaconda tratava-se de um gringo que veio aqui brincar com uma cobra gigante, em outras produções nossos bichinhos vão até os “isteites”.
No mesmo ano, os norte-americanos lançaram A Relíquia (The Relic, EUA), direção de Peter Hyams, onde um bicho muito feio aterroriza a mocinha loira, inteligente e valente do filme. O fato é que cada vez o Brasil exporta mais. Isso traz uma balança comercial favorável e faz bem para a nossa economia.
Infelizmente, a última remessa de aranhas gigantes não agradou ao pessoal de Aracnofobia (Arachnophobia, EUA, 1990), dirigido por Frank Marshall. O personagem de Jeff Daniels, por exemplo, detestou. Até agora os animais eram grandes, mas eles também podem ser pequenos e andar em bandos.
Em Abelhas - Ataque Mortal (Flying Virus, EUA, 2001), dirigido por Jeff Hare, não basta voar com a turminha e ter uma picada extremamente dolorosa, os insetos ainda carregam um vírus mortal. E o pior, elas estão dentro de um avião! Abelhas a bordo e com vírus mortal! Deus me livre!
Lembrou de algum filme em que a criatura é brazuca e, obviamente, gosta de futebol e carnaval? Cita aí nos comentários.
Por
Bat-Cristina
10 comentários:
Ah, mas em Turistas o nosso serial killer tem consciência social, arranca os órgãos dos mauricinhos e patricinhas gringos pra socorrer o povo carente, não é isso? Ahahahahah, imagina se algum serial killer americano tem essa consciência toda?
Ah, vá! Turistas é mó legal, desde que não veja dublado e não encare com um terror! É tão difícil entender que aquele não é o Brasil e, sim, uma parte do mesmo?
Da mesma forma, digo que o nosso país não se resume a favela e sertão mostrado nos longas nacionais e mesmo assim não deixam de ser coerentes.
Eu nunca entendi o seguinte: se eu me lembro desse filme, os caras são sequestrados e torturados lá pras bandas do nordeste não?
Então por que cargas d'água o tal cientista louco queria doar os órgãos tirados deles prum hospital no Rio de Janeiro? huahuahahaha!!!
Ah, Anaconda fez o maior sucesso nas rodinhas do colégio quando passou a primeira vez na TV.
faltou a abertura de Stigmata, passada na cidade Belo Quinto, interior de São Paulo.... onde todo mundo fala castelhano (!) hahaha.
boa matéria.
Simples, Corto: eles estavam no Rio de Janeiro. Interior, se não me falha a memória. Aliás, tem um comercial de turismo que sempre aparece uma famosa cachoeira mostrado no filme.
Enfim, não lembro se era exatamente nordeste, mas eles se mostram tão ignorantes em relação nossa geografia que pegam uma rota completamente avessa de onde queriam chegar.
Aliás, ainda sobre Turistas, lembro de achar muito maneiro o modo como o busão é retratado, com desenhos de caneca Bic nos bancos e tudo, além da trilha sonora ter Marcelo D2.
E sim, Anaconda fez muito sucesso. Tem uma prima minha fissurada por essas lendas que assistiu todas as continuações, inclusive.
Falando n trilha de Turistas, no fim do filme não toca aquela canção do "Buchecha sem Claudinho"?
Bom post Cris, e realmente tudo indica que Turistas foi mais uma jogada política do que um entretenimento.
Pelo que me lembre, toca a música sim, Corto. Como filme Turista pode ter muitos defeitos, mas em termos de pesquisa acho que foi um dos mais coerente.
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