Dois dias atrás faleceu Sergio Bonelli, o responsável pela Bonelli Editore e o Clímax não podia deixar passar a ocasião sem prestar uma humilde homenagem a alguém que tanto representou para a Nona Arte e todos os seus fãs.
O italiano Sergio Bonelli iniciou a carreira seguindo os passos do pai Gian Luigi Bonelli, criador do famoso caubói Tex, e da mãe, Tea Bonelli, responsável pela Editora Redazione Audace, que mudaria de nome trocentas vezes ao longo dos anos até culminar no definitivo Bonelli Editore.
Além de ter assumido a editora da família desde 1957 (cargo que só deixaria em 2007 por problemas de saúde), Bonelli também era um consagrado roteirista, tendo sido um dos grandes colaboradores de seu pai no sucesso do Tex, criador do Zagor, Mister No (cujas primeiras aventuras eram baseadas numa passagem de Bonelli pelo Brasil), entre outros sucessos.
Mas talvez a marca mais indelével de Bonelli para as HQs foi seu primoroso trabalho como editor. Ele abriu espaço para grandes talentos exercerem sua criatividade como Hugo Pratt, Giancarlo Berardi, Ivo Milazzo, Milo Manara, Guido Crepax, Gianfranco Manfredi, Tiziano Sclavi etc. e foi responsável pela publicação de séries hoje considerados clássicos dos quadrinhos como Ken Parker, Mágico Vento, Dylan Dog, Martin Mystère, Mágico Vento, Júlia Kendall, Akim, Dampyr, Blueberry e muitos outros.
Diferente dos Comics norte-americanos e Mangás japoneses, cheio de inconstâncias e irregularidades, os Fumettis italianos sempre se distinguiram pela qualidade apresentada e grande parte disso se deve ao fantástico trabalho que Bonelli desenvolveu com escritores e desenhistas ao longo de décadas.
Aproveite e pegue uma HQ qualquer da Bonelli Editore presente (e geralmente esquecida) nas bancas brasileiras. Muito dificilmente você não verá uma história bem desenha, com um roteiro bem amarrado e um entretenimento agradável.
Durante uma entrevista cedida ao site Universo HQ, o autor Giancarlo Berardi, criador de Ken Parker e Julia, contou uma história sintomática sobre o editor:
"Quando apresentei Júlia ao Sergio (Bonelli), disse que queria fazer uma história noir. Ele me escutou por meia hora, depois falou: 'Não entendo nada do que está me falando, mas confio em você'. Isso, para mim, é uma grande responsabilidade."Veja abaixo uma ilustração feita pelo brasileiro Mauricio de Sousa em homenagem ao colega italiano. Sinceramente, se Sergio Bonelli não foi o maior editor da História das histórias em quadrinhos, eu não sei quem foi.
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