sexta-feira, 6 de maio de 2011

Super-Homem Abandona a Cidadania Norte-Americana!

por
Corto de Malta

Pelo menos nos quadrinhos...



Na já clássica edição 900 da revista Action Comics, o Super-Homen, após defender manifestações pela paz no Irã contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad, é alvo de críticas da política dos EUA. Desiludido,  o Homem de Aço toma uma drástica decisão: Ele renuncia a sua cidadania norte-americana!

“Pretendo falar com as Nações Unidas amanhã e informá-los que estou renunciando de minha cidadania norte-americana. Estou cansado de ter minhas ações usadas como instrumento da política dos Estados Unidos”

A história de David Goyer está causando uma polêmica gigantesca nos EUA e no mundo. O escritor chileno Ariel Dorfman (autor do infame livro Para Ler o Pato Donald) chegou a vincular a execução de Osama Bin Laden como uma estratégia do presidente estadunidense Barack Obama para recuperar popularidade as vésperas de tentar ser reeleito após  o Partido Republicano, seus rivais, estarem se preparando para acusá-lo de "perder o Super-Homem". Aliás, o próprio Obama recentemente teve sua cidadania questionada por seus adversários e teve que mostrar sua certidão de nascimento para provar que nascera em território norte-americano.

Os Republicanos aliás, tradicionais conservadores, do meio político estadunidense, são os mais ferrenhos críticos da trama de Goyer. Possível concorrente de Obama na disputa presidencial, Mike Huckabee, declarou que "É uma história em quadrinhos, mas você sabe que é muito preocupante que o Super-Homem, que sempre foi um ícone americano, esteja dizendo agora: 'Eu não vou ser um cidadão americano' ".  Já o apresentador Bill O'Reilly, conhecido por sua postura conservadora, foi mais duro. Classificou a história como "incrivelmente estúpida".  Enquanto o blog teaparty.org, botou mesmo tudo na conta do atual governante do país: "Super-Homem agora diz que condena a sua cidadania americana e é apenas um cidadão do mundo. É muito socialista da parte do Super-Homem querer um mundo socialista com pessoas como Obama à frente deste movimento".

Mas sem sombra de dúvida as reações mais inusitadas foram de pessoas que enviaram críticas indignadas pelo ocorrido a Steven Whacker... editor da Marvel Comics. Lembrando que a dona do Super é a DC Comics!

O Publisher e ex-Editor-Chefe da DC, Dan Didio, procurou colocar panos quentes na situação, em entrevista ao New York Post: "O Super-Homem é um visitante de um planeta distante que há muito abraçou os valores dos EUA. Como personagem e como ícone, ele incorpora o melhor do Modo de Vida Americano. Em uma história curta na revista Action Comics 900, ele renuncia à sua cidadania para dar um foco global à sua batalha que nunca termina. Mas ele permanece, como sempre, comprometido com seu lar adotivo e suas raízes, como um garoto fazendeiro do Kansas vindo de Smallville".


Nesse ponto Didio está corretíssimo. É importante frisar que a identidade de Clark Kent permanece secreta nos quadrinhos. Quem cortou seus laços com um país para abraçar o mundo todo foi o Super-Homem e, aliás, nunca antes pareceu tão adequado chamá-lo de Super-Homem ao invés de Superman. Como leitor de HQs, tenho testemunhado nos últimos anos o salto de qualidade que ocorreu com as histórias do Homem de Aço. Nomes como Geoff Johnns, Mark Millar, James Robinson, Kurt Busiek e Grant Morrison revitalizaram um mito, mas nenhum teve a ousadia de ir tão longe fazer o que David Goyer fez.

Por sinal, Goyer é o co-roteirista (ao lado dos Irmãos Nolan) de Batman Begins e Batman - O Cavaleiro das Trevas, sendo que esse último filme sofre algumas críticas (mais especificamente aqui no Brasil) de defender uma postura conservadora e americanóide, críticas essas das quais sempre discordei. E se tem uma boa base pra se pensar assim é essa atitude corajosa do roteirista quando a frente de outro ícônico personagem, este bem mais ligado ao sentido de patriotismo que o Batman.

Por mais que pareça estranho ver um ícone dos EUA abdicando da cidadania daquele país para ajudar o mundo, nunca me pareceu fazer muito sentido um herói, ou mesmo uma pessoa como o Super-Homem, ter de prestar contas ao governo de um único país já que, pelo menos teoricamente, ele sem se dispôs a ajudar quem quer que precisasse, independente de cor, credo, opção sexual ou nacionalidade. Acho que esse foi um passo notável e espero muito mesmo que a DC não amarele e volte a trás por pressão da opinião pública local.

PARA O ALTO E AVANTE!


FONTES: IG Jovem, Omelete, Terra.

4 comentários:

ZED IS NERD disse...

Foda demais essa decisão!! E MUITO coerente com toda a própria "filosofia" do personagem...

Vale lembrar TAMBÉM que David S Goyer é o ROTEIRISTA de "Superman - Man of Steel", o novo filme do Homem de Aço nas telas, que será comandado por Zack Nyder e tem o argumento e produção de ninguém menos que o poderoso Nolan.

Resta saber se esse é um passo planejado para iniciar alguma "engrenagem" no próprio filme!

ZED IS NERD disse...

*Zack Snyder

Renver disse...

"Super-Homem agora diz que condena a sua cidadania americana e é apenas um cidadão do mundo. É muito socialista da parte do Super-Homem querer um mundo socialista com pessoas como Obama à frente deste movimento".

Não acredito que em pleno século 21 alguém de um pais ocidental "avançado" ainda tenha essa linha de pensamento:

- Socialistas maus
- democratas/republicanos/conservadores bons

Deu nojo ver os americanos comemorarem a morte de Osama Bin Laden.

Ok o cara provavelmente foi o responsável pelo 11 de setembro, mas uma nação inteira celebrar um assassinato de alguém desarmado sem direito a julgamento, não faz dessas pessoas (a nação americana) pessoas melhores do que o prórpio Osama Bin Laden.

Housyemberg Amorim disse...

Renver,

Nova Roma (o tal país ocidental avançado que vc menciona) está em plena queda. Estamos assistindo uma mudança de tempos bem clara. Paulatinamente, os EUA estão perdendo poder em várias instâncias, mas não há ninguém para tomar o seu lugar, o que torna tudo muito mais interessante.

Agora, quanto ao Superman - é uma decisão coerente depois de passear pelos EUA e ver como andam as coisas por lá, não?

Abraços a todos.

Postar um comentário

Todos os comentários e críticas são bem vindos desde que acompanhados do devido bom senso.