Existem coisas que não há (falta de) bom senso que explique.
Quem acompanha o Blog sabe o quanto admiramos a atriz Christina Hendricks, uma mulher de verdade, com um corpo que foge completamente do padrão estupidamente estabelecido pela mídia pra uma sociedade estúpida vivendo afogada em preconceitos estúpidos. Por isso mesmo, ela foi eleita a mais sexy do mundo, provando assim que a mulher não precisa ser escrava da magreza pra ter beleza. Em entrevista a revista Health, Christina disse:
"De repente, as pessoas estão celebrando meu tipo de silhueta. Acho que minha mãe me criou da forma certa; ela sempre celebrou seu corpo. Eu nunca a ouvi dizer ‘estou gorda’. Quando eu era modelo e tomava vários cappuccinos na Itália engordei sete quilos e me senti maravilhosa. Eu tirava a roupa em frente ao espelho e dizia ‘ok, me sinto como uma mulher’ e me sentia bela. Nunca tentei perdê-los, por que os amo."
Uma mulher bonita e bem resolvida. Como todas deveriam ser. Mas parece que algumas pessoas não acham isso certo. A Mattel decidiu aproveitar a recente popularidade da atriz e ano passado lançou uma Barbie da Christina Hendricks. Sabe, Barbie... aquela boneca loira, branca, magra e de alto poder aquisitivo (só assim pra explicar todas as suas casas e carros) que toda menina é DOUTRINADA a idolatrar e tomar como modelo ideal desde a infância.
Se você pensou que essa seria a oportunidade da Mattel quebrar barreiras e adequar seu padrão impossível de estética (que todos os anos leva várias mulheres a morte por anorexia ou bulimia), a uma beleza saudável, baseada no manequim 48 de Hendricks, pense de novo:
Sim, ela é exatamente igual a Barbie anoréxica de sempre, só que com o cabelo pintado de vermelho. O argumento da Mattel é que a boneca é baseada na personagem de Hendricks na série Mad Men, Joan Halloway e, de fato, eles criaram uma linha de bonecos com todos os personagens da série. Mas quem interpreta Joan na série é a Christina!
Pra mim isso é muito mais grave do que simplesmente dizer que a Mattel perdeu uma oportunidade de romper um preconceito. Veja bem, o preconceito já foi quebrado quando o mundo reconheceu Christina Hendricks como uma mulher bonita e a Mattel parece querer tentar "consertar" isso. Porque o problema real não é a Barbie (quem não curtiu ela em Toy Story 3 por exemplo?) e sim essa necessidade de patológica, ou mercadológica, detodosacharem que só ela é bela, transformando a boneca quase na Madrasta má da Branca de Neve.
Ou seja, uma das maiores fabricantes de brinquedos do mundo faturou horrores por longos anos criando como modelo ideal uma boneca com uma magreza tão fria e insípida quanto sua beleza irreal, fazendo com que milhões de meninas crescessem querendo não só TER a Barbie, mas SER a Barbie. E pior ainda, conseguiram até mesmo que milhões de meninos crescessem tomando nela o padrão de beleza determinante pra uma mulher. Mesmo sem a intenção, criaram o Complexo de Barbie, e o que ganharam em troca? Milhões de dólares nas suas carteiras.
Então, surge uma mulher como Christina Hendricks e prova que eles estavam errados, que essas meninas podiam ter uma visão mais humana e mais feminina e que os homens podiam desejar uma mulher que não fosse necessariamente 80/60/90. Então, o que eles fazem?
Em vez de se adaptarem a essa realidade natural, eles tentam deformar a imagem dela para adaptá-la a sua própria visão de realidade distorcida. Se era pra fazer assim, por que fizeram a boneca? Pra ostentar seu poder de persuasão e mostrar como o mundo deve ser? Que eles não queiram mudar o seu produto pra arriscar perder seu "ganha pão" tudo bem, é aceitável. Mas destruir uma esperança que surge num dos poucos bons exemplos que a mídia não ignora só pode ser classificado com uma palavra: maldade.
E se isso acontece com um simples brinquedo, coisas muito piores rolam por baixo do esgoto do mundo da moda. 8 em cada 10 garotas que conheci queriam ser modelos. 10 em cada 10 modelos tem que ser magras, mas muito magras mesmo. Grande parte delas vai acabar se perdendo na anorexia ou na bulimia pra tentar em vão alcançar um padrão de beleza que não é bonito porra nenhuma!
Isso quer dizer que mulher cheinha é bonita e magra é feia? NÃO, CACETE!
Esse é um preconceito igualmente estúpido! Muitas mulheres são magras e lindas naturalmente e não são anoréxicas, assim como muitas mulheres são mais corpulentas e nem por isso são obesas. Anorexia e obesidade são doenças e devem ser combatidas. Não é uma mera questão de aparência. É uma questão de saúde pública.
A mídia, as linhas de bonecas, o mundo da moda e a sociedade em geral estão envenando a mente das meninas com isso. E esse veneno na mente pode acabar matando o corpo, como aconteceu com Ana Carolina Reston, Isabelle Caro e milhares de outras ao redor do planeta. O que o mundo pode ganhar com isso?
3 comentários:
Isso ta mudando. A nova moda agora é ser 'bombada', ter pernão, bundão, peitão. Agora a ditadura da beleza já nos faz morrer de outras doenças. kkkk
Tu já ouviu falar de imaginario coletivo...tu afirmações são sem pé nem cabeça meu caro padawan.
coitada da mossa que corpo orivel
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