Um Pixel de Prosa: Hank Pym – Cientista Supremo do Universo 616?!

Confesso que minha leitura de HQ é atrasada. Normalmente, leio cerca de um ano inteiro de publicações direto. Isso me permite, muitas vezes, analisar decisões editoriais importantes (como na época da Saga do Clone ou da Queda do Morcego), como também pensar na quantidade de álcool necessária para que uma equipe “criativa” faça com que um personagem se torne praticamente uma aberração de seu modelo.

O arco de histórias contido na edição 43 de Avante Vingadores mostra como um roteirista pode demonstrar que não entende absolutamente nada sobre o universo ao qual ele se propõe a escrever. Dan Slott e Christos Gage assinam o argumento. Em outros sites, já vi críticas favoráveis ao Dan Slott, mas não sei porque achava todas descabidas. Essa edição de Avante Vingadores prova como o sr. Slott é perdido com relação ao Universo Marvel.

Desde os anos 1980 pra cá, especificamente com Guerras Secretas, a Marvel Comics tenta fundamentar seu universo tendo como base a cronologia, seu próprio passado, para tornar o universo mais coeso e integrado. Mesmo assim, algumas ideias da Casa das Ideias são, no mínimo, burras.

Na edição de Avante Vingadores somos apresentados à saga “O Inominável” que tem como principal tema um rei Inumano que caíra pois tomara uma decisão errada: negou o direito dos Inumanos em usar o Motor Escravo – um dispositivo que seria uma vantagem numa futura guerra contra a humanidade. Devido a isso, o Inominável é deposto e Raio Negro se torna o novo Rei de Atillan.

Deposto e banido, o Inominável refugia-se na República Popular da China e começa a recriar o Motor Escravo. Os Vingadores de Hank Pym – Agente Americano e Mercúrio – são enviados à China para investigar a recente aparição de um Inumano nos limites do país. Ao ver que se trata do Inominável, Mercúrio mostra o que ele sempre foi: um covarde.

Enquanto isso, o ex-Gigante mostra aos demais Vingadores a nova Mansão Infinita dos Vingadores. Trata-se de uma mansão que desdobra o conceito de espaço para que todos os Vingadores possam ter onde morar. Administrado por Jocasta, a Mansão é auto-limpante para o alívio de Jarvis e se trata de mais uma demonstração da genialidade do Vespa (novo alter ego de Pym, para homenagear a esposa morta na Invasão Secreta).

Obviamente, um ser como o Inominável atrairia a atenção dos superhumanos chineses e eles partem para enfrentar o Inominável perdendo rapidamente. De volta à mansão, o ex-Jaqueta Amarela libera os outros para uma folguinha, pois não recebera o aviso mandado pelo Maximoff rapidinho… Estatura, então, arma um plano para pegar a Feiticeira Escarlate-Loki de surpresa, trazendo os Jovens Vingadores e mais um convidado – Ronin.

E agora vem o ponto em questão: Pym se retira para uma área isolada e inicia seu plano de exploração de outros universos. Ao mesmo tempo em que o Inominável, na China, inicia a liberação das Névoas Xerógenas (ô ideia de jerico) – um cristal que produz uma fumacinha que transforma humanos e mutantes em Alfas-Primitivos –, o ex-Homem-Formiga começa a crescer e passa o Macroverso, o Sobrespaço, chegando ao Nada Absoluto (já citado numa antiga história do Dr. Estranho, publicada em Heróis da TV). Espantado com o local, Pym se encontra com Eternidade, uma das várias figuras cósmicas da Marvel que fazem as vezes de Deus.

Enquanto a porrada come na China, Eternidade/Deus revela que Hank Pym é o seu Cientista Supremo. Olha como o ser cósmico manda essa ideia…

VESPA: Desculpe, mas não tem a menor chance de eu ser o "Cientista Supremo da Terra". Não quando Reed Richards...

ETERNIDADE: Ele é mais inteligente do que você. Não nego isso. Richards é o explorador. Para ele, a ciência consiste na pura descoberta. Mais do que qualquer um dos meus outros aspectos, ele tem a capacidade de aprender, compreender e aplicar tudo o que há para saber. Quanto ao seu outro ponto de referência, Anthony Stark, ele é o engenheiro. Para ele, a ciência é uma ferramenta que pode usar para moldar seu mundo e seu destino. Mas você, Hank Pym... você é o mago. Para você, a ciência consiste em tornar possível o impossível. Você é aquele que leva a ciência ao ponto da magia... E o único motivo que você tem para fazê-lo é porque pode. Nunca se esqueça, Hank Pym. Você é meu campeão. Você é meu vingador! Mais do que um antigo Vingador fundador, você é o fundador dos Vingadores que ainda virão. Uma nova era heróica se aproxima... mais do que em qualquer outro ser, deposito minha confiança em você. A você, confio mais do que eu mesmo. A você, confio o futuro. Mas, por enquanto, eis o que deve fazer...

Cuma? É isso mesmo? Ele é o cientista supremo porque pode? Essa é a explicação de Deus para que ele seja o MAGO?!?!?!?! É claro que, depois disso, o Inominável é derrotado após o retorno do Vespa para a Terra. Afinal ele é o Cientista Supremo porque pode… 

Vamos analisar a coisa direito, ok? [Vicodin] O Inominável é mais poderoso do que o Raio Negro, mas ele é praticamente um emo. De outro lado, o Inominável poderia render uma grande saga, pois, se o poder dele é se adaptar constantemente (que é também uma constante do próprio Pym no Universo 616), ele poderia se estapear com o Sentinela (o Superman com o poder de 1 bilhão de sóis acesos) sem problemas. Isso sem dizer da capacidade intelectual do personagem que simplesmente cultiva por anos os tais cristais xenógenos. Isso tudo é ignorado pela dupla nos roteiros. Além disso, que história é essa do Pym se equivaler – às avessas – ao Mago Supremo da Terra. Concordo que Reed e Tony não seriam boas escolhas, mas no próprio grupelho do Pym está a resposta Amadeus Cho. Em três edições, escritas pelo próprio Slott, o Cho praticamente humilha o ex-Golias.

Mesmo assim, Pym se torna o primeiro herói da Era Heróica. Nessa história, há a primeira indicação de que tudo mudará com a importante participação do ex-esbofeteador de esposas. Será que eles se lembraram disso no início da Era Heróica nos EUA? Só daqui a um ano saberemos…