Climatinê : Demônio Por L

  

O nome de Shyamalan começa a dar mais medo nas pessoas do que este filme. Uma pena...

História

Três homens e duas mulheres se vêem presos no elevador de um moderno prédio. O problema começa quando certas evidências indicam que na verdade eles tão presos com o próprio diabo e que este seria um deles. Enquanto isso, um policial luta contra o tempo para tentar salva-los e descobrindo que na verdade todos possuem algo em comum.

Ben, Sarah, Tony, Vince e Jane, os "sorteados"

Crítica: (Spoilers)

Desta vez, Shyamalan se arrisca apenas na produção e no roteiro. Os fãs do diretor deveriam ficar aliviados, afinal sem o peso da direção, Shyamalan poderia se dedicar mais a um roteiro do nível de "O sexto sentido". Certo? Errado! Não que Shyamalan seja tão ruim... Mas também não é tão bom. O irritante são seus seguidores fanáticos que defendem tudo que ele faz. Mas chega de falar do indiano.

O filme já começa errando: um homem (ou mulher? Incrivelmente fiquei na dúvida) se suicida, jogando-se de um prédio. Porém a van em que cai começa a andar e vai parar em outro canto. Pra quê? Para mostrar a capacidade dedutiva do policial? Capacidade, aliás, que não será mais usada em nenhum ponto do filme. Preciso dizer que este policial é atormentado pela perda da família?

Dentro do prédio, os personagens que nos interessam já vão logo para o elevador. E cada um mais chato que o outro. Temos os clichês do mala falastrão, o que sofre de claustrofobia (claustrofobia bem instável, diga-se de passagem), o bad-ass, a velhinha reclamona...

Temos também os seguranças que olham tudo o que está acontecendo. A estes, acrescente o típico esteriótipo do latino vindo de uma cultura que sabe tudo sobre os demônios e que vive passando “vergonha alheia”, já que para ele, quando batemos o carro ou o pãozinho com geléia cai para voltada para baixo, é obra do cramunhão (pena que ele não conhece a lei de Murphy). Sua única função é ficar contando essas historinhas até que o policial se convença de que algo sobrenatural está acontecendo (ou o finja, para ele parar de encher o saco).

Todos botando muita fé nas teorias do hispânico

Voltando ao elevador, vemos que na verdade todos tem algo em comum: todos tem caráter duvidoso. Um é um golpista nato, outro batedor de carteiras, outro preso por agressões... Uau... A nata da escória da humanidade. Jigsaw teria feito a festa.

Mas afinal de contas, se o Diabo é mal, por que iria querer matar quem também faz sacanagens? Contraditório né? Vai ver é a política de incentivo do inferno: seja muito mal mesmo, de assassino pra cima. Se for batedor de carteira, vai sujar o nome da empresa e teremos de eliminá-lo. Quem faz um bom trabalho continua vivo.

O diabo em si parece mais uma múmia (não é spoiler, é só ver no trailer). Para alguém que tinha feito um extra-terrestre até convincente em “Sinais”, aqui há uma regressão. Aliás, o demo em si aparece no máximo 2 vezes. Esse é o problema. É preciso se decidir: vai mostrar ou não vai? Então mostre vários flashes, mostre de pé, de corpo inteiro, deitado, fungando no cangote... Afinal, o nome do filme é “Demônio” ou “O Elevador Assassino”?

Em vez de tentar prender a atenção do espectador com algo inteligente, como diálogos, o filme resume-se a apagar a luz e colocar alguns efeitos sonoros. No final, o que vemos é apenas um grupo de pessoas presas, uma revelação final e poucas respostas.

E para finalizar, a sessão “Perguntas jamais respondidas, porque o telespectador não consegue sequer se lembrar do que aconteceu 1 hora atrás”. Afinal, qual era o significado do carinha que caiu do prédio no começo? Era outro latino supersticioso? Por quê tanto medo de Vince ser revistado?

Positivos:

 - a produção é bem cuidada

 - a chamada “revelação surpresa”

 - pode causar desconforto em claustrofóbicos

 - a premissa é ótima (5 estranhos e o diabo entre eles)

Negativos:

 - personagens sem carisma

 - falta de sustos

 - exagero na escuridão

 - pontas soltas sem explicação

 - se a premissa é boa, a execução é péssima

O que eu mudaria?

As atuações são bem ruins. Para se ter uma base, acho que a atuação de Jennifer Carpenter em “Quarentena” conseguiu passar bastante desespero (aliás, quem sabe o filme fosse em estilo reality não seria melhor? Difícil seria explicar uma câmera no elevador).Se o filme quer se basear nos sons, queremos então gente gritando de desespero mesmo.  

Como dito anteriormente, o povão quer ver o diabo, e não uma cópia mal-feita do Blackheart de "Motoqueiro Fanstasma". Mas, Diablo 3 vem aí, então esperemos.

Nota: 1,5 – a ideia é até boa, mas infelizmente nada do filme se salva: não assusta, não diverte, não faz pensar... Tem um bom nome por trás, mas não é melhor que nenhum filminho de terror adolescente por aí. No final, “Demônio” nada mais é do que uma fusão de “Jogos Mortais” com o lixo astronômico “Quarto 1408”.

Trailer